Robson Bonídia e o professor André de Carvalho, orientador da tese, durante cerimônia de reconhecimento do 14º Prêmio Tese Destaque USP, em junho de 2025 (Crédito da - O valor de uma pesquisa não se mede por prêmios, mas pelo impacto social e pelo avanço do conhecimento que ela proporciona. Ainda assim, é preciso prestigiar quando um trabalho reúne esses dois valores de forma tão intrínseca e resultado da dedicação de um pesquisador em democratizar o uso da inteligência artificial (IA). É o caso de Robson Parmezan Bonidia , cuja tese de doutorado BioAutoML: Democratizando Aprendizado de Máquina nas Ciências da Vida venceu o V Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos da Unicamp e do Instituto Vladimir Herzog (PRADH).
O trabalho, orientado pelo professor André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho , do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, também recebeu menção honrosa no Prêmio Capes de Tese 2025. Antes disso, a pesquisa havia conquistado o 14º Prêmio Tese Destaque USP .
Atualmente professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) , Robson afirma que, ao contrário da maioria das ferramentas de IA que são criadas para serem usadas apenas por especialistas que dominam a tecnologia, sua proposta buscou abrir caminho para que profissionais de diferentes áreas pudessem se apropriar dessas tecnologias. “Para mim e para o professor André, IA para todos significa que qualquer pessoa possa ter acesso a essa tecnologia, mesmo que tenha poucos recursos, pouco conhecimento ou não saiba programar”, relata.
Esse olhar ganha ainda mais relevância quando aplicado à saúde. “Permitir que profissionais da biologia possam usar esse conhecimento significa contribuir diretamente para a sociedade, seja na descoberta de doenças, no desenvolvimento de vacinas ou em análises complexas”, comenta.
Robson também ressalta o papel social da universidade e sua responsabilidade em compartilhar conhecimento com a sociedade. "Eu fui bolsista durante quatro anos na USP, sei que a população pagava meus estudos com impostos. Então, vejo como obrigações levar esse conhecimento para além dos muros da universidade, impactando quem mais precisa de forma ética, justa e responsável", destaca.
Como funciona a seleção dos trabalhos — O PRADH visa fortalecer o compromisso entre a universidade e a sociedade na defesa dos direitos humanos. Na sua quinta edição, o prêmio selecionou 13 pesquisas defendidas em 2024, distribuídas em cinco áreas: educação; ciências biológicas e da saúde; ciências humanas, sociais e econômicas; artes, comunicação e linguagem; ciências exatas, engenharia e tecnologia, na qual a tese do ICMC foi contemplada.
A seleção foi realizada por uma comissão formada pela Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp, do Instituto Vladimir Herzog, da Pró-reitoria de Pesquisa da Unicamp cinco, acadêmicos das áreas contempladas, entre outros representantes. Na avaliação foram considerados critérios de qualidade da pesquisa e resultados práticos, alinhamento com os propósitos do edital e potencial impacto social. A entrega do diploma de reconhecimento acadêmico está prevista para ocorrer no dia 15 de setembro.
Já o Prêmio Capes de Tese seleciona anualmente as melhores teses de doutorado defendidas no Brasil em cada uma das cinquenta áreas de avaliação reconhecidas pela autarquia. As comissões de avaliação consideram critérios como originalidade do trabalho, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação, além do impacto na área. Robson, o professor André e o programa em que o trabalho foi defendido certificados de menção honrosa em inauguração marcada para o dia 11 de dezembro.
Sobre o texto — Em sua tese, Robson desenvolveu a plataforma BioAutoML , um sistema que automatiza etapas complexas do processo de aprendizado de máquina, como a transformação de sequências biológicas em dados numéricos, a escolha dos algoritmos mais adequados e o ajuste de parâmetros.
Na prática, a proposta permite que profissionais que não dominam programação ou técnicas avançadas de computação possam aplicar métodos de IA em suas pesquisas. O sistema já apresentou resultados consistentes em diferentes aplicações, incluindo estudos sobre o vírus causador da Covid-19, além de identificação e classificação de pequenas moléculas (peptídeos) com potencial terapêutico no combate ao câncer.





