Mega-Sena - Crédito: Marcello Casal JrAgência BrasilGanhar R$ 1 bilhão e se “autoaposentar”. Esse sonho, embalado por boa parte dos brasileiros, é, segundo o economista Sérgio Perussi, apenas “uma doce ilusão”. Afinal, quem ganha uma bolada dessas não vai querer abrir mão dela, ou seja, será tentado a investir no mercado financeiro, na aquisição de empresas ou mesmo na filantropia. Mas, de qualquer forma, terá que trabalhar muito mais do que antes para administrar um patrimônio bilionário.
“O brasileiro — e uma grande parte da população mundial — gosta de jogar nas loterias. Em todo lugar do mundo tem. Para uns, é um passatempo ou a oportunidade de projetar uma vida dos sonhos, mesmo sabendo que a probabilidade de ganhar é muitíssimo remota. Para outros, é o sonho de sair da pobreza financeira, das agruras da vida dura que a grande maioria da população mundial vive”, explica o economista Sérgio Perussi.
Segundo ele, para outros ainda, o sonho de uma noite de verão se tornar bilionário é também um motivo de socialização, de “jogar conversa fora”, contando sobre as vezes em que “bateu na trave”, quase se tornando milionário ou bilionário. Mas, para muitos, isso também significa alimentar um vício, muitas vezes bastante danoso e motivo de conflitos em casa, quando se gasta o suado dinheiro tentando a sorte grande, que depois fará falta para alimentar a família.
Para o governo, detentor de uma grande fatia das loterias no Brasil, observa Perussi, trata-se de uma oportunidade de reunir recursos para projetos esportivos e sociais, muitos com reflexos positivos para a população. Sem dúvida também, para alimentar parte da máquina administrativa do processo, repleta de indicados por partidos políticos, o que geralmente é fonte de corrupção.
“Mas vamos falar do prêmio em si. Ganhar um bilhão não é brincadeira. Mas também pode ser. O que fazer, então, para se divertir com essa grana? Cada um tem seus planos, mas muitos dirão, de primeira voz: parar de trabalhar. Eis uma grande ilusão, pois cuidar de um bilhão de reais será muito mais penoso do que o trabalho hoje realizado por qualquer um, a não ser que o felizardo decida não cuidar nem monitorar a própria riqueza. Mas, de todo modo, cada um sente de forma diferente o peso de seu trabalho atual. Então, no fim das contas, pode ser realmente uma boa opção, a primeira”, destaca.
Perussi faz uma reflexão: “Vamos imaginar que o ganhador tenha hoje 20 anos e que viverá por mais 100 anos, que é o tempo de vida hoje projetado para quem tem essa idade. Isso significaria viver toda a vida com R$ 10 milhões por ano. Vamos imaginar que não exista inflação e que os juros sejam muito baixos, próximos de zero. Assim, apenas com a grana do prêmio, poderia viver cada ano com um salário mensal próximo de R$ 1 milhão por cem anos. É uma boa quantia, não? E, se não consumir tudo no mês, o valor vai sobrando para, quem sabe, viver mais algumas boas décadas”.

O economista dá dicas de como utilizar o dinheiro e viver momentos inesquecíveis, principalmente praticando turismo.
“Bom, o que fazer com esse dinheirinho? Por exemplo, viajar pelo mundo: conhecer Roma, Veneza e a Toscana, para os descendentes de italianos; Madri, Barcelona e Granada, para os de espanhóis; Paris, Champagne e Saint-Tropez, para os de franceses; conhecer os lindos países africanos, como Etiópia, Tunísia, Nigéria, Angola e Congo, para os descendentes de escravizados; conhecer os esquimós ou os maoris dos polos norte e sul. Ah, daria também para conhecer o deserto do Saara ou os desertos árabes. Ir para Dubai. Voar de balão na Capadócia ou ir a Marrakesh conhecer os berberes do deserto. Conhecer a ‘terrinha’, para os descendentes de portugueses; o Líbano, a Síria e Istambul, para os descendentes dos ‘turcos’, como costumamos dizer. Dá também para curtir todo o litoral brasileiro do Atlântico, o mais bonito do mundo. Sim, daria para conhecer tudo isso e muito mais”.
Os laços familiares não escaparam das considerações de Perussi. “Ah, sem dúvida, ajudar a família também seria possível, desde que a oferta não fosse exagerada. E quanto renderia esse bilhão de reais hoje no mercado financeiro? Considerando um juro real de 5% ao ano, o felizardo teria para gastar, mantendo o patrimônio (com inflação zero), cerca de R$ 4.150.000,00 por mês para ‘torrar’, sem trabalhar — valor aproximado. Uma quantia interessante, não? Se gastar muito, ainda sobrará bastante para ajudar instituições de apoio à sociedade, amenizando o sofrimento de muitos”, afirma.
Perussi ainda dá dicas ao hipotético bilionário, caso seja são-carlense, para investir no parque tecnológico do município. “É muito dinheiro — ou números que valem dinheiro —, pois o famoso dinheirinho, o papel, está ficando cada vez mais escasso. Assim, também poderá sobrar um pouco para investir em uma ou mais empresas de tecnologia, se o sortudo for de São Carlos, tornando-se um capitalista. Mas aí também haverá trabalho, pois o risco é inerente ao processo capitalista”.
E, para curtir o bilhão, viajar, investir no mercado e nas empresas, haverá trabalho. Nada se faz sem trabalho — ou melhor, sem energia —, a exemplo de tudo na vida. Brincar também dá trabalho. Gastar o bilhão com os prazeres da vida também dará trabalho.
“Então, ao fim, a primeira opção, que era deixar de trabalhar, será pura ilusão. Mais trabalho virá, por certo. Talvez menos penoso para alguns, já que o ditado diz que com dinheiro a vida fica mais fácil — mas será que com muito dinheiro também? Cada um tem seu projeto se ganhar essa grana. Uns irão gastar e se refestelar; outros terão o pé no chão; e muitos provavelmente farão um pouco das duas coisas. Mas e você, o que faria com um bilhão?”, indaga o economista em sua conclusão.
RETA FINAL – Interessados em participar do sorteio da Mega da Virada têm até as 20h (horário de Brasília) da próxima quarta-feira (31) para realizar suas apostas, de forma física ou on-line. O prêmio estimado para o sorteio deste fim de ano é de R$ 1 bilhão, o maior da história.
O concurso especial ocorre anualmente na última noite do ano. As apostas podem ser feitas em mais de 13 mil lotéricas de todo o país, pelo portal da Caixa e pelo aplicativo Loterias Caixa. Clientes do banco também podem utilizar o internet banking.
O sorteio será realizado às 22h, com transmissão pelo perfil das Loterias Caixa no Facebook e pelo canal da Caixa no YouTube. Para fazer uma aposta simples, de seis números, é preciso desembolsar R$ 6.
O prêmio da Mega da Virada não acumula. Se não houver ganhadores na faixa principal, com acerto de seis números, o prêmio será dividido entre os acertadores da segunda faixa, com acerto de cinco números, e assim por diante.
Desde a primeira edição, em 2009, a Mega da Virada já premiou 130 apostas que acertaram as seis dezenas.
ALERTA – Na última semana, a Caixa alertou para o surgimento de diversos sites falsos que simulam o portal Loterias Online, único site oficial para o recebimento de apostas, inclusive da Mega da Virada.
“Além de não registrarem as apostas, os falsários podem furtar os dados pessoais das vítimas e ficar com o dinheiro delas”, destacou a Caixa em comunicado.





