Agente foi atacado por detento quando ele abria a cela (Foto: F.L. Piton / A Cidade) - Familiares de presos reclamam do racionamento de água no Centro de Detenção Provisória de Serra Azul. O local abriga 1.160 detentos, mas tem capacidade para 768.
"Eles não têm como tomar banho depois dos exercícios e não bebem água quando querem, por causa do racionamento. Com este calor está sendo um sofrimento", diz a esposa de um dos detentos.
Diariamente, os presos têm acesso a água durante dez horas.
Funcionários consultados pela reportagem afirmam que o problema se agravou há um mês, quando a região foi assolada por uma onda de calor e baixa umidade do ar. Nesse período, um reservatório de 300 litros parou de funcionar.
Com isso, todas as pessoas que trabalham e esperam sua condenação na unidade prisional sofrem com o problema.
O CDP tem oito pavilhões com oito celas e conta com torneiras nos pátios e nas celas e dois poços artesianos, um deles sem funcionar.
"No domingo ocorreram muitas reclamações. Era dia de visita e não havia água para ninguém beber", conta a mulher de um preso.
OAB
A Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) regional de Ribeirão Preto tem recebido várias denúncias sobre irregularidades no sistema prisional da região.
"São denúncias que vão desde falhas de segurança e falta de investimentos que demonstram a falência do sistema carcerário", diz Anderson Polverel, coordenador da Comissão.
Para ele, o agente público deveria agir antes de o problema acontecer, para não prejudicar o det o e os funcionários que trabalham na unidade.
"O Estado tem se omitido em cumprir o seu papel. O preso está lá para cumprir a pena, mas não pode ser martirizado ou ter sua integridade física atingida por ineficiência do Estado".
Estado confirma que controla uso da água na prisão
A assessoria de imprensa da Secretaria de Administração Penitenciária confirmou a adoção de um sistema de racionamento de água em horários determinados, em Serra Azul, porque de acordo com parecer técnico, um dos dois poços artesianos que abastecem a unidade está irreversivelmente inativo.
Uma nota de imprensa informa que será feita uma licitação para contratar uma empresa que vai perfurar um novo poço.
No entanto, segundo a nota, os presos estão sendo atendidos conforme norma da Organização Mundial de Saúde (OMS), que estabelece o consumo mínimo de água, per capita, de 100 litros diários. Isso seria suficiente, por exemplo, para uma pessoa saciar a sede, ter higiene adequada e preparar alimentos, o que não se aplica.
A assessoria informa também que a falta de água ocorre por consumo desmedido e desperdício por parte dos detentos.
