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sexta, 05 de dezembro de 2025
Demografia

Economista são-carlense afirma que redução de crianças deve afetar mercado

(Sub) Em 1960, as crianças representavam 27,4% da população paulista, ou seja, mais de um quarto dos habitantes. Duas décadas depois, essa proporção caiu para 23,6% e, em 2024, atingiu 11,5%

17 Out 2025 - 10h07Por Da redação
Crianças: Pesquisa mostra como a redução de nascimentos e o envelhecimento populacional transformaram o perfil etário do Estado - Crédito: Agência Brasil Crianças: Pesquisa mostra como a redução de nascimentos e o envelhecimento populacional transformaram o perfil etário do Estado - Crédito: Agência Brasil

A redução de 15% no número de crianças no Estado de São Paulo nos últimos 64 anos deve refletir diretamente não só nas ações do poder público, mas também no mercado. “O resultado da pesquisa, além de orientar políticas públicas, também deve direcionar investimentos do setor privado, como o planejamento de empresas e empreendimentos voltados para o público infantil. Menos crianças significam mais concorrência para vender a elas entretenimento, escolas, brinquedos e toda uma série de produtos e serviços que demandam ou são estimuladas a consumir”, afirma o economista são-carlense Sérgio Perussi.

Segundo ele, o olhar analítico deve também considerar o estilo de vida dessas crianças, fortemente impactadas pela tecnologia, ou seja, os aspectos qualitativos desse mercado.

Perussi explica que o Estado de São Paulo perdeu 15% de crianças — aquelas com até 10 anos — de 1960 para 2024. Isso reflete as transformações da sociedade paulista. “Além das questões econômicas, em que os custos de manutenção de uma família no ambiente urbano se elevaram em relação à vida de então, marcada por significativa densidade rural, o fato de uma grande quantidade de mulheres estar trabalhando fora de casa, aliado à educação e ao acesso a métodos contraceptivos, provocou a diminuição no tamanho das famílias”, destaca.

Interessante, segundo ele, é que a pesquisa mostra que o sul do Estado ainda mantém o nível mais elevado de nascimentos, talvez refletindo as condições econômicas mais difíceis dessa região, conhecida como a mais pobre do território paulista.

EXPLOSÃO E QUEDA – De acordo com estudo da Fundação Seade, o Estado passou de uma explosão de nascimentos entre 1950 e 1980 — quando a população com até 10 anos cresceu de forma acelerada — para uma inversão no crescimento, com as novas gerações diminuindo cada vez mais de tamanho. Em 1991, por exemplo, a população nessa faixa etária atingiu 6,43 milhões. Já em 2024, esse número reduziu para 5 milhões de crianças.

“Esses dados são importantes, pois orientam políticas públicas essenciais, como campanhas de vacinação, planejamento de vagas em creches e escolas e ações voltadas à infância”, afirma Bernadete Waldvogel, pesquisadora da Fundação Seade.

Em 1960, as crianças representavam 27,4% da população paulista, ou seja, mais de um quarto dos habitantes. Duas décadas depois, essa proporção caiu para 23,6% e, em 2024, atingiu 11,5%, o equivalente à metade do que se observava em 1980. A tendência reflete o envelhecimento populacional: nascem menos crianças e há mais pessoas vivendo por mais tempo, resultado da queda na fecundidade e do aumento da expectativa de vida.

As transformações também se expressam nas diferenças regionais. No início dos anos 2000, municípios como Bom Sucesso de Itararé, Ribeirão Branco e Nova Campina concentravam as maiores proporções de crianças, acima de 25%. Hoje, nenhum município paulista supera 16%. Em 2024, os maiores percentuais foram registrados em Bom Sucesso de Itararé (15,07%), Narandiba (15,1%) e Mombuca (15,8%). Já as menores participações ocorreram em Balbinos (3,8%), Lavínia (4,9%) e Pracinha (6,0%), com indicadores impactados pela instalação de presídios.

Apesar da redução geral, o mapa demográfico mostra que o sul do Estado, assim como ocorria em 2000, continua abrigando as maiores proporções de crianças, ainda que em níveis mais baixos do que há duas décadas.

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