terça, 23 de abril de 2024
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Subnotificação dos casos de abuso e exploração sexual infantojuvenil ainda é grande

Campanha “NÃO PODE” convoca população para combater esse tipo de violência

13 Jun 2018 - 19h26
Subnotificação dos casos de abuso e exploração sexual infantojuvenil ainda é grande -

Setenta e três por cento dos casos de abusos e violência sexual atendidos pela Secretaria de Cidadania e Assistência Social são contra crianças com idade entre 0 e 12 anos. Segundo especialistas, o número pode ser ainda maior já que a subnotificação ainda é grande.

“Os casos estão subnotificados, nós sabemos disso há bastante tempo. Os números de violência sexual são muito maiores do que os registrados nos equipamentos. Uma campanha é importante, ela realmente traz a tona o problema. As pessoas denunciam, os casos aparecem e são notificados”, explicou Raquel Brino, psicóloga, docente da UFSCar, especialista em prevenção de maus-tratos contra crianças e violência intrafamiliar e integrante do LAPREV (Laboratório de Análise e Prevenção da Violência).

A violência sexual é a violação dos direitos sexuais, no sentido de abusar ou explorar o corpo e a sexualidade de crianças e adolescentes. O abuso sexual é caracterizado pela utilização da sexualidade de uma criança ou adolescente para prática de qualquer ato de natureza sexual. Portanto, estão previstos em lei e são considerados como abuso toque, beijos, carícia e aliciamento, além da penetração forçada.

A criança não entende que está sofrendo um tipo de violência e não sabe como agir. Mas segundo a psicóloga do LAPREV,Sabrina Mazo D’Affonseca, alguns comportamentos podem indicar que o abuso está acontecendo. “Mudanças repentinas de humor ou comportamento, isolamento, agressividade, raiva muito grande, ansiedade na presença de algumas pessoas, problemas com alimentação e sono, uso excessivo de roupas podem ser sinais que essa criança ou adolescente está sofrendo algum tipo de violência sexual”, explicou.

Na cidade, 67% dos casos registrados em 2018 foram praticados por parentes da criança ou do adolescente. Os encaminhamentos são feitos ao CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social). “Nosso papel é muito importante. É um desafio diário trabalhar as famílias para a superação das situações violadoras, tendo em vista que, a figura do agressor sexual, em muitos casos, está dentro da família e como isso precisa ser articulado dentro de uma rede do município”, contou a terapêutica ocupacional do CREAS, Flávia de Jesus Motta Rodrigues de Paula – terapeuta ocupacional do CREAS.

O assunto é complexo e precisa da articulação de diversos setores. E esse é o papel da Campanha “NÃO PODE”. Além de sensibilizar a população para o enfrentamento do abuso e da violência sexual contra crianças e adolescentes, a Campanha está reunindo a rede. “É uma questão que envolve diversos setores, instituições e profissionais. Nós precisamos trabalhar numa rede articulada para que quando alguém identifique um caso ele já saiba para onde encaminhar”, disse Raquel Brino.

O abuso e a violência sexual são crimes e os casos devem ser denunciados. Em caso de suspeita ou confirmação, a denúncia pode ser feita de forma anônima através do Disque 100, Conselho Tutelar pelo telefone 3371-3930 de segunda a sexta, das 8h às 18h, nos demais horários, pelo telefone da Guarda Municipal – 0800-7710043 ou Plantão Policial, 3361-1357, a partir das 18h, e Delegacia de Defesa da Mulher – 3374-1345.

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