A Escola Álvaro Guião: colégio é responsável pela formação de várias gerações de são-carlenses - Crédito: DivulgaçãoNesta quinta-feira, 31 de agosto, completam-se 34 anos da reinauguração do edifício da Escola Estadual "Dr. Álvaro Guião", ex-Escola Normal Secundária e Instituto de Educação de São Carlos. O colégio foi inaugurado em 1916 e, desde 1985, é declarado patrimônio cultural do Estado de São Paulo.
A restauração do prédio durou um ano e oito meses e recuperou o aspecto original do imóvel. O serviço de restauro foi realizado pela empresa Torello Dinucci, de Araraquara, que também construiu o prédio em 1916. Mas a reforma não foi uma obra espontânea do governo paulista. Ela nasceu da campanha “SOS Álvaro Guião”, lançada em 1988 por pessoas que denunciaram o mau estado de conservação do edifício, tombado pelo Condephaat quatro anos antes.
A implantação da Escola Normal tem ligação direta com a força econômica do café e com a influência política dos cafeicultores são-carlenses no início do século XX. A escola, criada pelo Decreto nº 1.998 de 4 de fevereiro de 1911, teve sua aula inaugural no dia 22 de março daquele ano (no atual prédio da Escola Eugênio Franco), enquanto era construído um novo prédio em área cedida pela Mitra Diocesana, em permuta com a Municipalidade.
A pedra fundamental foi lançada em 1913, e a inauguração aconteceu em 18 de novembro de 1916. A primeira turma de normalistas já havia se formado em 1914, quando o prédio ainda estava inacabado. Em 1939, a Escola Normal de São Carlos foi rebatizada e passou a se chamar Instituto de Educação Doutor Álvaro Guião, em homenagem ao secretário da Educação e Saúde do Estado, morto naquele ano em um desastre aéreo.
Localizado no quarteirão entre a Avenida São Carlos e as ruas Padre Teixeira, São Sebastião e Dona Alexandrina, o monumental edifício foi projetado pelo arquiteto alemão Carlos Rosencrantz e construído pelo engenheiro Raul Porto e pelo mestre de obras Torello Dinucci.
A obra, com pisos de cerâmica francesa, lustres de cristal de Baccarat, mármore italiano e mobiliário inglês e austríaco, esbanja riqueza de detalhes dos estilos art nouveau e neoclássico. Um lugar repleto de simbologia e, sem dúvida, solo no qual germinou a vocação de São Carlos para a ciência e o conhecimento – esteios do progresso da cidade.
Em 2012, em votação realizada pela internet, o edifício recebeu 11 mil votos e foi eleito uma das "Maravilhas de São Carlos". A seleta lista incluiu a Fazenda Pinhal, a Araucária, a Catedral Diocesana, o Parque Ecológico, o Bonde da Vila Nery e a Praça Coronel Salles.
O colégio é uma meca da educação e formou milhares de estudantes. Reuniu grandes mestres que levaram o conhecimento a diversas gerações de são-carlenses. Para se ter uma ideia da importância da instalação da Escola Normal para a cultura e a intelectualidade regional, basta dizer que, logo após a inauguração do prédio, foi implantada dentro da Escola Normal uma "Sociedade de Estudos e Conferências", com caráter educativo, disseminando a cultura científica, literária e artística.
Segundo seus idealizadores, o progresso de São Carlos não podia deixar de lado a espiritualização da vida humana nas mais nobres e desinteressadas manifestações: a ciência e a arte.
Muito antes de São Carlos se tornar um centro universitário e tecnológico importante no Estado de São Paulo, a Escola Normal antecipava o futuro e apontava caminhos para a construção do perfil da cidade.
A fase áurea de irradiação cultural da Escola Normal ocorreu entre as décadas de 1920 a 1940. Ao longo do tempo, o ensino se transformou, e o edifício passou por uma grande restauração, sendo hoje um dos prédios históricos mais bem conservados de São Carlos.
Icônica pela beleza do prédio que abriga, mas sobretudo por seu aspecto cultural, a escola foi homenageada pela professora Maria Christina Girão Pirolla no livro Memórias do Instituto, que inclui trecho de um discurso que ela proferiu no dia 22 de março de 1980.










