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sexta, 28 de março de 2025
Desenvolvimento

Produção industrial fica estável em janeiro; em São Carlos setor gerou 283 vagas

No ano passado o setor contratou 9.732 trabalhadores e demitiu outros 8.020, com saldo positivo de 1.712 empregos, ou seja, mais de 50% do total de postos de trabalho abertos

12 Mar 2025 - 13h28Por Redação
Linha de produção da Tecumseh - Crédito: DivulgaçãoLinha de produção da Tecumseh - Crédito: Divulgação

Após três meses de baixa, a produção da indústria brasileira apresentou variação nula na passagem de dezembro para janeiro, ou seja, não teve crescimento nem queda. O dado faz parte da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o setor teve alta de 1,4%, a oitava expansão seguida nesse tipo de comparação. No acumulado de 12 meses, houve expansão de 2,9%.
O resultado de janeiro deixa a indústria brasileira 1,3% acima do patamar pré-pandemia de covid-19, de fevereiro de 2020. No entanto, a produção do parque industrial brasileiro está 15,6% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em maio de 2011.
O índice de difusão mostra que 68,9% dos 789 produtos pesquisados apresentaram alta na produção na passagem de dezembro para janeiro.
A variação nula de janeiro interrompeu três meses de queda, quando a produção encolheu 1,2%, conforme os dados abaixo:

Outubro: -0,2%
Novembro: - 0,7%
Dezembro: -0,3%
Janeiro: 0%
A última vez em que a produção da indústria nacional ficou quatro meses sem crescimento foi em 2015, de setembro a dezembro, acumulando 5,6% de recuo.

ESPALHAMENTO - Apesar da variação nula, o gerente da pesquisa, André Macedo, ressalta como positiva a interrupção do movimento de queda e o maior espalhamento dos resultados positivos.
Macedo se refere ao fato de que três das quatro grandes categorias econômicas mostraram avanço na produção:
Bens de capital (máquinas e equipamentos): 1,5%
Bens intermediários (utilizados para fabricar outros bens ou serviços): -1,4%
Bens de consumo duráveis: 4,4%
Bens de consumo semiduráveis e não duráveis: 3,1%
Além disso, 18 dos 25 ramos pesquisados ficaram no terreno de expansão. Entre os destaques, as principais contribuições positivas foram:
Máquinas e equipamentos (6,9%)
Veículos automotores, reboques e carrocerias (3%)
Produtos de borracha e de material plástico (3,7%)
Artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (9,3%)
Farmoquímicos e farmacêuticos (4,8%)
Produtos diversos (10%)
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (4,3%)
Móveis (6,8%)
Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (5%)
Alimentícios (0,4%)
De acordo com André Macedo, essas atividades vêm de comportamento negativo no final de 2024, influenciadas, em grande medida, por férias coletivas neste período.
“Há um movimento de maior dinamismo para a produção de janeiro de 2025 por causa da volta à produção e que elimina a perda registrada em dezembro de 2024”, explica.

INDÚSTRIAS EXTRATIVAS - Seis segmentos industriais apresentaram queda na produção. Nesse universo, se destaca a atividade de indústrias extrativas (-2,4%), que exerceu o principal impacto em janeiro e interrompeu dois meses seguidos de crescimento na produção.
O gerente do IBGE aponta que a atividade de indústrias extrativas foi influenciada pelo comportamento de seus dois principais itens: petróleo e minérios de ferro.
“Outro ponto importante, que deve ser considerado para explicarmos a queda deste mês, é o fato desse ramo industrial ter mostrado crescimento nos dois últimos meses de 2024. Na atividade de petróleo e gás, observa-se algumas paralisações em plataformas por conta de paradas programadas ou não”, afirma.

NÚMEROS POSITIVOS EM SÃO CARLOS - Em São Carlos, 2024 interrompeu uma série de dois anos com números negativos na geração de empregos CLT, segundo o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho e Emprego. 
No ano passado o setor contratou 9.732 trabalhadores e  demitiu outros 8.020, com saldo positivo de 1.712 empregos, ou seja, mais de 50% do total de postos de trabalhos abertos, que chegou a 2.889. O ano de 2024 fechou com um estoque de empregos formais de 23.299 na área industrial. 
O segmento abriu 1.017 novos contratos em janeiro e cancelou outros 734, com saldo positivo de 283 vagas, 70% do total de 354 vagas geradas no total. A indústria de São Carlos acumulou, no primeiro mês deste ano um estoque de 88.279 empregos formais.
EXPECTATIVA POSITIVA -  O presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo ligados à CUT (FEM-CUT), o são-carlense Erick Silva, observa que houve um crescimento na produção industrial em 2024 como não havia há muito tempo. O setor fabril foi um destaque no crescimento De 3,6% do PIB no ano passado. No mês de janeiro, que geralmente é um mês de baixa, a indústria se manteve estável. No ano passado houve um grande crescimento do setor industrial. Temos que comemorar o fantástico crescimento da indústria em 2024, pois há muito tempo o segmento não crescia”, diz ele.   

É PRECISO SUPERAR OBSTÁCULOS - O diretor regional do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Carlos, o empresário Marcos Henrique dos Santos, destaca que para entender os números da pesquisa do IBGE, é importante lembrar que eles representam uma média geral, considerando todos os segmentos industriais.
“Os dados de janeiro de 2025 mostram que alguns setores tiveram um impacto negativo, como Produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,1%), Celulose, papel e produtos de papel (-3,2%) e Confecção de vestuário e acessórios (-4,7%) Por outro lado, outros segmentos apresentaram crescimento, incluindo Máquinas e equipamentos (+6,9%), Veículos automotores (+3,0%), Produtos de borracha e plástico (+3,7%), Artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (+9,3%) e  Produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+4,8%)”, relata ele. 
Santos comenta que apesar desses resultados, a previsão para 2025 indica um desempenho mais fraco da indústria. Ele explica que isso se deve, principalmente, à alta taxa de juros estabelecida pelo Banco Central e ao cenário econômico global desafiador, com incertezas ligadas à política econômica dos Estados Unidos.
“A indústria local seguirá essa mesma tendência e, em maior ou menor grau, sentirá os efeitos dessas condições macroeconômicas. Diante desse cenário, o CIESP reforça a necessidade urgente de solucionar o problema do déficit público. Essa medida é essencial para reduzir a taxa Selic e garantir a continuidade das políticas de estímulo à neoindustrialização, como os programas Nova Indústria Brasil (NIB) e Depreciação Acelerada.  Além disso, é fundamental avançar na redução do Custo Brasil ao longo de 2025”, conclui ele. 

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