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domingo, 03 de novembro de 2024
Artigo Rui Sintra

Sentimento de segurança em Portugal já não é o que era antes

11 Nov 2022 - 07h00Por (*) Rui Sintra
Sentimento de segurança em Portugal já não é o que era antes -

Portugal, país que vinha liderando até há bem pouco tempo o lote de países mais seguros da Europa e do mundo, poderá perder esse “status” devido ao aumento exponencial da criminalidade urbana protagonizada pelas designadas 2ª e 3ª gerações de gangues juvenis. Em uma análise bastante sóbria e interessante, publicada recentemente em uma das edições do jornal português “Diário de Notícias”, Nelson Lourenço, sociólogo catedrático da Universidade Nova de Lisboa e Presidente do Grupo de Reflexão sobre Estratégia e Segurança, comenta que o sentimento de insegurança em Portugal cresceu não só devido a esse fator, como também por conta da crise econômica. Uma de suas afirmações é que nenhuma pessoa é livre se não puder sair na rua, se tiver que ter cuidados quando sai de casa, sublinhando que “(...) o exercício pleno da democracia, a nível  individual, assenta em dois pilares fundamentais - a liberdade e a segurança (...)”. Embora admita que o aumento da insegurança urbana não seja algo exclusivo de Portugal, mas de grande parte da Europa, cujos índices aumentaram ao longo dos últimos quatro ou cinco anos, Nelson Lourenço, aponta que os epicentros dessa insegurança nasceram e prosperaram principalmente nos bairros periféricos das cidades, onde a integração social simplesmente não acompanhou o crescimento dessas urbes. A construção de bairros sem qualquer infraestrutura social, como comércio, postos de saúde, delegacias de polícia, transportes públicos e centros de assistência social nos seus mais diversos níveis, contribui para que esses aglomerados populacionais se transformem em guetos e, com isso, o aparecimento de gangues que sobrevivem e prosperam através do tráfico de drogas, entre outros ilícitos. E é nesse contexto que o papel do Estado deverá ser salvar os jovens que são nitidamente propensos à delinquência e, por isso, serem facilmente absorvidos pelas gangues. Dando o exemplo de Lisboa, a capital portuguesa registrou um aumento nos índices de insegurança com a criminalidade juvenil através de métodos violentos, a maioria deles perpetrados com facas e navalhas, e cujos delinquentes provêm dos bairros periféricos. Defendendo uma profunda reforma do Sistema de Segurança Interna e de uma política urbana de segurança, algo em que o Estado Português já está trabalhando, Nelson Lourenço afirma que Portugal não precisa construir mais delegacias, necessitando, sim, de mais policiais nas ruas visando uma mobilidade e resposta rápidas e eficientes, em articulação com os restantes atores que integram a segurança pública. E, caro leitor, se não forem tomadas essas e outras medidas, o lema “Portugal - País Seguro” poderá eclipsar-se.

O autor é jornalista profissional / correspondente para a Europa pela GNS Press Association  / EUCJ - European Chamber of Journalists / European News Agency) - MTB 66181/SP.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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