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quarta, 11 de dezembro de 2024
Artigo Rui Sintra

As pessoas com deficiência e o esporte adaptado - Uma conversa com Mey de Abreu van Munster

31 Mar 2023 - 08h24Por (*) Rui Sintra
As pessoas com deficiência e o esporte adaptado - Uma conversa com Mey de Abreu van Munster -

Tive o enorme privilégio de conversar com a docente e pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos, Profª Dra. Mey de Abreu van Munster, sobre um tema sempre atual, mas que nem sempre é abordado na nossa comunicação social - As pessoas com deficiência e o esporte adaptado. Com um vastíssimo currículo acadêmico e científico e uma larga experiência além-fronteiras, a Profª Mey é uma autêntica sumidade quando o assunto é a educação física e o esporte adaptado a pessoas com deficiência, pelo que uma conversa com ela é sempre algo prazeroso, enriquecedor. Mey van Munster sempre se identificou como professora, já que todo seu processo de formação foi no sentido de trabalhar com educação e a opção pela educação física surgiu de forma natural, seguindo os passos profissionais de sua mãe. Desde cedo se interessou em trabalhar com pessoas com deficiência, motivo que a levou a entrar na UNICAMP, uma universidade que é muito forte quando o tema é a deficiência. “A UNICAMP foi a primeira universidade a incorporar em sua estrutura curricular disciplinas na área da atividade física adaptada. A partir daí, tive a oportunidade de participar em projetos de extensão voltados para essa área específica e comecei a conviver com pessoas com deficiência, me apaixonei completamente por esse tema e nunca mais saí dele”, relata a docente.

Hoje, segundo a docente, a atividade física adaptada compreende tanto a parte de educação física escolar, como a dos esportes adaptados. “Embora o esporte tenha bastantes incentivos - financeiros e legislativos - o certo é que a educação física escolar acabou sendo deixada de lado e isso me levou a me credenciar no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial e aos estudos da educação física e inclusão de estudantes com deficiência. Para isso, precisava sair um pouco do Brasil para buscar esse “norte” com os autores norte-americanos que sempre constituíram uma referência para os meus estudos. Foi assim que decidi ir para Nova Iorque (EUA) e foi aí que eu tive a oportunidade de ver acontecer a verdadeira inclusão de estudantes com deficiência”, sublinha a Profª Mey, acrescentando que desde esse momento tem tentado estudar algumas possibilidades inspiradas nessa experiência internacional, porém, muito baseadas na realidade do Brasil, algo que, para ela, tem sido muito gratificante.

Quanto às oportunidades de acesso ao esporte por pessoas com deficiência, Mey van Munster confessa que ainda há muito para fazer. “Aqui, em São Carlos, temos a participação de Mitcho Bianchi, técnico que trabalha com natação, na parte de rendimento, e temos um ex-aluno meu (Maradona) que trabalha na área do atletismo, mas isto é muito pouco, faltam outras iniciativas. Por isso, nosso projeto de extensão na UFSCar (PROAFA) acaba tendo muita repercussão, fato que tem contribuído para a chegada de atletas de Descalvado, Ibaté, Itirapina até nós, porque na região não existem atividades semelhantes. Faltam oportunidades”, pontua a docente, argumentando, por exemplo, que em alguns municípios, como Jundiaí (SP), existem projetos lançados pelas secretarias municipais de esporte e que são referência internacional.

Caso pretenda desenvolver alguma modalidade esportiva, a docente acha que o primeiro passo que uma pessoa com deficiência deverá dar é verificar se no município onde mora existe alguma iniciativa do poder público municipal em relação ao apoio que deverá ser dado para esse fim. “Aqui, em São Carlos, temos um grande parceiro -  SESC São Carlos - , que desenvolve muitas atividades pensando na acessibilidade de pessoas com deficiência. Por outro lado, nem sempre as pessoas com deficiência necessitam se vincular a programas específicos para elas. No caso do SESC, as portas estão abertas e as atividades são abertas para todas as pessoas e, por isso, cabe às pessoas com deficiência ocuparem esses espaços, reivindicando-os”, sublinha a professora.

A Profª Mey van Munster é autora do livro intitulado “Educação Física e Esportes Adaptados”, uma publicação que é fruto de um trabalho que foi feito com muitas pessoas que colaboraram, principalmente muitos estudantes do PPGEE-UFSCar, e que tiveram a oportunidade de desenvolver pesquisas muito atuais, inéditas, partilhando essas experiências.

O livro pode ser adquirido através da Amazon, ou no site da Editora Manole, sendo que em breve também estará disponível em versão online.

O autor é jornalista profissional / correspondente para a Europa pela GNS Press Association  / EUCJ - European Chamber of Journalists / European News Agency) - MTB 66181/SP.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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