O comportamento do empresário diante do fantasma das "FINANÇAS" vem de uma natural aversão ao próprio tema. É fato que desde a nossa infância deveríamos ter uma orientação mais ativa sobre o assunto. Se somos bagunçados com nossas próprias contas pessoais, imagina na empresa?
Acontece que os tempos são outros, o comportamento do consumidor mudou, os meios de pagamentos se multiplicaram, e a rotina multitarefas de nossos verdadeiros "superempreendedores" resultam no famoso "deixa para amanhã". Porém, o amanhã custa caro. O nosso cenário muitas vezes turbulento, quase sempre convivendo com inflação, juros altos, guerra de preços, dificuldade de crédito, entre outros, não dá mais chance para a cegueira de nossos resultados. E o que eu (microempresário) tenho com isso?
Esse tipo de pergunta é natural para o empreendedor em um momento como este. Vale reforçar que neste contexto convivemos com uma redução do poder de compra das pessoas, e é de extrema importância redobrar os cuidados. E para que possamos enfrentar esta situação é imprescindível uma boa gestão e acompanhamento dos controles financeiros.
Poxa... Se não anoto se quer as entradas e saídas de minha empresa, como vou me planejar para crescer? É o mesmo que ir para academia e não subir na balança para ver quantas gramas perdemos. E, diariamente, a pergunta que ecoa em nossas cabeças é: aonde estou errando? Ou até mesmo a justificativa da falta de tempo que me traz um sentimento de consciência tranquila.
E nesses anos de atendimentos e consultorias vemos muitos empresários que se dedicam ao operacional, e não sobra tempo para a gestão. "Mas olha, meu negócio era pequeno, apenas eu e a esposa, nunca precisamos de sistema, planilha, controles e fomos crescendo, chegamos até aqui dessa forma, e agora não consigo administrar. "
O problema é que, muitas vezes, confundimos as coisas. Não tem ninguém olhando para a gestão e a empresa acaba sendo refúgio para pagamentos de contas pessoais. Um exemplo recorrente que pode ser fator determinante para um problema ainda maior. Quando o empresário não separa a conta física da jurídica, ele perde o controle financeiro do negócio. Não sabe o quanto tem para pagar aos fornecedores, funcionários e demais despesas ou quanto poderia reinvestir no negócio. Pior: ele não consegue fazer a leitura correta de custos e receitas, o que pode levá-lo a determinar um preço de venda fora da realidade.
Pois bem, se quisermos ver nossa empresa saudável, não titubear e ter um crescimento sólido, é óbvio que precisamos cuidar dela. E para darmos o remédio correto ou a vitamina necessária, temos que medir, auferir, contabilizar, enxergar, compreender, extrair. Resumindo: precisamos de informações sobre ela. Muito falamos em conhecimento, mas o que é conhecer?
Em um mundo em que as informações transbordam - via TV, tablet, celular, computador, jornal, revista, rádio, podcast, youtube... ufa! - eu me privo de conhecer minha própria empresa?! "Ah, mas eu não sei como faz!" Então vamos aprender!
Temos várias formas para isso. Uma simples ferramenta de fluxo de caixa, por exemplo, pode ajudar você a controlar as entradas e saídas, maximizar os resultados, controlar necessidade de capital de giro, tomar decisões e melhorar a competitividade. A palavra-chave é DISCIPLINA, adicionado a uma colher de força de vontade. Se eu "mais ou menos" sei o quanto estou ganhando, se eu "mais ou menos" sei o quanto estou recebendo, não posso reclamar se a minha empresa for sempre "mais ou menos". Precisamos dar um basta! Chegou a hora de assumirmos o leme do barco, de saber para onde estamos indo, e de que forma vamos chegar lá. A receita neste momento é cautela. Cuide da gestão de sua empresa! Se você não estiver pensando nela, quem vai pensar? É hora de rever e replanejar os seus custos. Não dá para ganhar mais? Então, gaste menos.
Mas tenha sempre em mente que a gestão financeira não é um bicho de sete cabeças. Qualquer empresário consegue fazer e toda empresa precisa de uma. E, mesmo na crise, todos podem crescer. Basta querer.
(*) O autor é economista graduado pelo Centro Universitário de Araraquara e Especialista em Gestão Financeira pela mesma Escola. Trabalha há 10 anos na área financeira e há quatro anos atua no Sebrae-SP, onde hoje é consultor de finanças.
