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sexta, 12 de dezembro de 2025
Planejamento

Revitalização do centro histórico impõe desafios ao Plano Diretor

Em algumas ruas da Baixada do Mercado, dezenas de lojas estão fechadas há anos após as devastadoras enchentes e a pandemia

06 Set 2025 - 08h34Por Da redação
Lojas fechadas na Comendador Alfredo Maffei: região central precisa de novas diretrizes e pode receber novos empreendimentos para acabar com vazios urbanos - Crédito: SCALojas fechadas na Comendador Alfredo Maffei: região central precisa de novas diretrizes e pode receber novos empreendimentos para acabar com vazios urbanos - Crédito: SCA

A revisão do Plano Diretor está em andamento e a revitalização da Região Central de São Carlos — o chamado centro histórico, mas que também pode ser denominado centro comercial e financeiro do município — impõe imensos desafios ao governo municipal, às empresas do varejo e à sociedade civil organizada em geral.

Na Rua Comendador Alfredo Maffei, existe um conjunto de mais de 10 lojas fechadas após as grandes enchentes dos últimos anos, que geraram prejuízos incalculáveis, somados aos problemas causados pela pandemia da Covid-19 e pelo lockdown promovido pelo então governador João Doria, que impôs o fechamento das lojas durante meses.

Diante de tal situação, um dos responsáveis pela revisão do Plano Diretor de São Carlos, o assessor especial do prefeito Netto Donato (PP) para planejamento e desenvolvimento, João Muller, explica:

“Percebemos que no centro e na Vila Prado está havendo um esvaziamento populacional, ou seja, muitos imóveis que eram ocupados pela classe média e classe média alta estão desocupados porque existe uma nova cultura de se buscar maior segurança, com as famílias vivendo em condomínios fechados. A ideia é discutir com a sociedade a alteração dos índices urbanísticos, os índices de aproveitamento da área na região central e na Vila Prado. Hoje, o coeficiente de aproveitamento não permite a construção de prédios maiores, que justifiquem um investimento dos empreendedores. O que os urbanistas sempre defenderam? Que primeiro é necessário preencher os vazios urbanos para depois expandir a cidade. A lógica disso é que, no vazio urbano, já existe toda a infraestrutura, como água, esgoto, guia, sarjeta, asfalto, iluminação. Isso acaba barateando o produto. Quando se leva um empreendimento imobiliário para as franjas da cidade, é preciso levar também a infraestrutura, o que encarece o produto.”

O assessor especial acredita que, se a sociedade concordar durante a revisão do Plano Diretor, novos empreendimentos imobiliários poderão repovoar a região central e lhe dar uma nova vida. “A ideia não é impor nada, mas colocar em discussão. Quem vai mudar é a sociedade. Mas nossos técnicos vão defender que é necessário rever os índices urbanísticos de ocupação do centro e da Vila Prado, para que possamos ocupar essas regiões com o programa Faixa 2 do Minha Casa Minha Vida do Governo Federal. Estamos levando o Faixa 2 para o final do Embaré e do Jockey Clube, quando poderíamos ter empreendimentos como esses na região central. Se não fizermos nada, o centro da cidade vai se degradando, abrindo espaço para invasões, depredação e falta de conservação. Se nada fizermos, teremos um centro horrível e desestimulante, inclusive para investimentos. A sociedade de São Carlos precisa discutir o que quer para o centro e também para a Vila Prado”, conclui.

Parcerias para estimular negócios no centro

Com relação à revisão do Plano Diretor e a projetos para a revitalização do centro histórico-comercial de São Carlos, a presidente da ACISC (Associação Comercial e Industrial de São Carlos), Ivone Zanchin, assegura que a entidade acompanha de perto o processo, levando as demandas do comércio e defendendo medidas que estimulem o desenvolvimento econômico da cidade. “Nossos representantes têm participado das reuniões públicas, apresentando propostas ligadas à mobilidade, ao ordenamento urbano e à valorização das áreas comerciais”, afirma.

No que se refere ao centro histórico, a entidade reconhece a importância desse espaço para a economia local e para a preservação da memória da cidade. “Por isso, apoia iniciativas de revitalização que envolvam melhoria da infraestrutura, incentivo à instalação de novos negócios e ações de segurança e mobilidade, de forma a tornar a região mais atrativa tanto para os comerciantes quanto para os consumidores”, destaca Ivone.

Com relação ao grande número de lojas fechadas após as enchentes e a pandemia, a presidente da ACISC concorda que o comércio de São Carlos foi duramente impactado. “Muitos empresários enfrentaram perdas significativas de estoque, prejuízos estruturais e queda acentuada no faturamento, o que levou inevitavelmente ao fechamento de estabelecimentos”, lamenta.

A ACISC, segundo ela, tem atuado como parceira nesse processo de recuperação, oferecendo suporte aos empreendedores, fortalecendo campanhas de incentivo às compras no comércio local e buscando, junto ao poder público, soluções estruturais para evitar novos episódios de enchentes. “Nosso compromisso é continuar apoiando os comerciantes e defendendo políticas que favoreçam a retomada da atividade econômica, gerando emprego, renda e desenvolvimento para São Carlos”, conclui a líder empresarial.

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