Chu: “É uma alegria enorme, um reconhecimento dos pares a toda família, a quem faço questão de dedicar esse prêmio” - Crédito: DivulgaçãoEle frequentava a indústria da família, ao lado dos primos, desde que tinha 5 anos. As faíscas do esmeril resplandeciam em seus olhos, que nunca mais deixaram de brilhar ao se deparar com uma possibilidade de utilizar a tecnologia na indústria para inovar. “Inovação é o caminho para o crescimento”, diz Emerson Chu, industrial do ano eleito pelos pares no Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) São Carlos.
Engenheiro de Produção Mecânica de formação, Chu renunciou a um emprego na Goodyear, no fim da década de 1990, para trabalhar na empresa da família, em São Carlos. Criada em 1977, a indústria de usinagem Pechuant revelava em seu nome a união da família: Pedro, Chu e Antonio, respectivamente tio, pai e primo da mãe de Emerson Chu. “A família sempre foi muito unida, e não era só no trabalho. Meus tios sempre moraram perto uns dos outros, eram vizinhos”, conta Chu.
A empresa nasceu para atender a uma demanda da Sicom (adquirida mais tarde pela Tecumseh), que precisava nacionalizar o pino de pistão compressor, um item crítico, que requer tecnologias complexas até então não desenvolvidas no Brasil. A Sicom era a única cliente da Pechuant na época.
Paralelamente, surgiu a Incopebras, uma das primeiras indústrias em São Carlos de máquinas e peças para sorvete. “Quando nasceu esse novo ‘filho’ da família, passei a ajudá-los mesmo antes de concluir a faculdade. Viajava para várias regiões nas férias para entregar e instalar máquinas de sorvete”, relembra Chu.
Quando concluiu a graduação na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e voltou para São Carlos, a indústria de usinagem da família, que passou a se chamar Brainco, era uma forte fornecedora da Tecumseh. Sua primeira atuação como engenheiro foi a implantação da ISO 9000 na empresa, que até então contava apenas com controles simples de qualidade.
Em determinado momento, o tratamento térmico passou a ser um ponto crucial, realizado apenas externamente por um concorrente, que estava ganhando o mercado. Assim nasceu mais um filho da família: a IBP - Indústria Brasileira de Peças, com a missão de desenvolver o tratamento térmico.
“Começamos a montar tudo do zero. E na época dos primeiros testes do tratamento térmico, passei um ano vidrado na frente do forno, meu pai trazia as refeições para mim, porque eu não desgrudava. Foram processos longos de produção. E era uma tecnologia que não estava disponível para compra, precisávamos desenvolver e acompanhar cada detalhe. Essa experiência deixou minha raiz ainda mais forte na indústria”, relata Chu.
O nascimento da Agricorte
A inovação parecia circular pelas veias de Emerson Chu, que depois do tratamento térmico, montou a empresa SES (Surface Engineering Services), em sociedade com um ex-professor da USP, a fim de desenvolver revestimentos.
Assim, IBP e SES criaram a marca Agricorte e entraram no mercado com as tecnologias antidesgaste para o setor agrícola. Quando deixou a SES, Chu e sua família assumiram a marca Agricorte, que desde então vem desenvolvendo tecnologias de revestimento antidesgaste para as mais diversas aplicações, como abrasão, atrito, erosão, corrosão, entre outros, com o objetivo de torná-las mais duráveis e resistentes.
“Se não tivéssemos entrado no ramo de revestimentos, quando deixamos de trabalhar com a Tecumseh não teríamos sobrevivido. O mercado tem imposto desafios que nos impulsionam a buscar novas tecnologias, inovar. Com isso, deixamos de ter apenas um único cliente para atender mais de 1.000 no setor agrícola”, destaca Chu.
Segundo ele, até hoje o foco se mantém na inovação. “O desenvolvimento de novas peças voltadas para revestimentos antidesgaste é constante, o que tem nos permitido ampliar a atuação. Do agronegócio estamos entrando também na linha pet”, afirma.
HOMENAGEM
Apesar dessa intensa trajetória na indústria, Chu acredita que a conquista do título de Industrial do Ano se deva, sobretudo, à sua atuação como diretor titular do CIESP São Carlos na última gestão.
“Foi um período muito intenso, em que vivenciamos a chegada da pandemia, fomos buscar meios de auxiliar as indústrias, desenvolvemos os protocolos de segurança com o auxílio do Sasso [Antonio Sasso Garcia Filho], então presidente do grupo de RH Alfa 2030, que buscou protocolos internacionais para nos basear, ou seja, procuramos ter respostas rápidas para cada descoberta”, analisa.
“Além disso, conseguimos promover uma boa aproximação da Santa Casa, do Poder Público e da Câmara Municipal, o que também foi crucial para outros passos do setor industrial, como a pavimentação do Parque São José”, complementa Chu.
A comemoração do Industrial do Ano será realizada no próximo sábado, 11, às 19h30, no Espaço Volentieri. “É uma alegria enorme, um reconhecimento dos pares a toda família, a quem faço questão de dedicar esse prêmio, porque eles têm grande participação nessas atuações. Na empresa, estivemos lado a lado, trabalhando juntos. E em casa, tive a ponderação necessária e o apoio integral em todas as decisões. Só posso agradecer a todos”, finaliza Chu.





