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sexta, 12 de dezembro de 2025
Tarifaço do Trump

CIESP se reúne com Prefeitura de São Carlos para discutir crise

Segundo a entidade empresarial, a aplicação de tarifas de 50% sobre itens brasileiros representa uma ameaça concreta à competitividade dos produtos fabricados em São Carlos

19 Ago 2025 - 17h28Por Marco Rogério
Depois das 50 demissões promovidas pela Engemasa e das férias coletivas anunciadas pela Tecumseh do Brasil, o diretor regional do CIESP São Carlos, Marcos Henrique dos Santos, reúne-se nesta quarta-feira, 20 de julho, com a secretária de Desenvolvimento E - Crédito: divulgaçãoDepois das 50 demissões promovidas pela Engemasa e das férias coletivas anunciadas pela Tecumseh do Brasil, o diretor regional do CIESP São Carlos, Marcos Henrique dos Santos, reúne-se nesta quarta-feira, 20 de julho, com a secretária de Desenvolvimento E - Crédito: divulgação

Depois das 50 demissões promovidas pela Engemasa e das férias coletivas anunciadas pela Tecumseh do Brasil, o diretor regional do CIESP São Carlos, Marcos Henrique dos Santos, reúne-se nesta quarta-feira, 20 de julho, com a secretária de Desenvolvimento Econômico, Paula Knoff, com o diretor Antonio Sasso Garcia Filho e com outros diretores da Pasta. O objetivo é discutir alguns temas locais, mas também debater medidas para mitigar os efeitos do tarifaço promovido pelo presidente dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros.

“Não tem muito o que eles, da Prefeitura, ajudarem. O ISS em geral não é recolhido pela indústria, somente incide sobre serviços. O IPTU é ridículo em relação ao faturamento de uma empresa média. Para ter uma ideia, um barracão de 1.000 metros paga em torno de R$ 9.000 de IPTU por ano. Esse dinheiro nem faz diferença no caixa de uma indústria que exporta R$ 1 milhão. A pauta da reunião de amanhã é sobre a liberação dos terrenos do Ceat e a Feira São Carlos Summit de setembro. São temas locais. Devemos falar do problema da exportação, mas tem pouca coisa de concreto que a Prefeitura pode ajudar”, comenta Santos.

Um dos objetivos é dialogar sobre o acesso ao Desenvolve São Paulo, do governo estadual, e ao Brasil Soberano, do governo federal. O município poderia fazer a articulação entre as empresas e os programas de apoio.

“A aplicação de tarifas de 50% sobre itens brasileiros representa uma ameaça concreta à competitividade dos produtos fabricados em São Carlos. A grande maioria desses produtos não foi incluída na lista de exceções anunciada pelos EUA, o que pode comprometer contratos, reduzir o ritmo de produção e afetar negativamente a geração de empregos na região”, destaca Santos.

Na Engemasa, as demissões foram diretamente causadas pela guerra comercial promovida por Trump. Cerca de 80% das receitas da Engemasa são provenientes das exportações e metade disso vem dos Estados Unidos. Os cortes foram divulgados na última sexta-feira, 15 de agosto. Segundo informações de fontes empresariais, o diretor da Engemasa, João Baroni, teria o objetivo de firmar novos contratos com a Petrobras para manter sua produção atual.

O maior obstáculo da empresa é que os equipamentos que fabrica são feitos sob encomenda e demoram de seis meses a um ano para serem produzidos. Os problemas começaram em abril deste ano, quando Trump começou a falar em tarifar diferentes países. Diante das incertezas, as encomendas foram ficando cada vez menores.

Na Tecumseh, o próprio Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté chegou a divulgar que os compressores para refrigeração ficaram fora do tarifaço de Trump e que a empresa poderia estar usando a medida como uma estratégia para conceder um reajuste menor nas negociações do acordo coletivo deste ano. As partes estão negociando as cláusulas econômicas e sociais do acordo.

Porém, o diretor de assuntos institucionais da Tecumseh, Homero Busnello, confirmou que os compressores estão sim na lista do tarifaço de 50%. “Esta é a razão das férias coletivas. A confusão surge porque o item compressores apareceu na lista das isenções, mas, se observar com atenção, a isenção — identificada com * — se aplica apenas aos produtos destinados à aeronáutica civil. Não é o nosso caso”, explica ele.

36,87% PARA OS ESTADOS UNIDOS

Entre janeiro e junho de 2025, as exportações da cidade de São Carlos totalizaram US$ 296,99 milhões, sendo que US$ 109,49 milhões — o equivalente a 36,87% — tiveram como destino os Estados Unidos, principal parceiro comercial da indústria local. Diante da recente imposição de tarifas de 50% sobre diversos produtos brasileiros por parte do governo norte-americano, acende-se um alerta para os impactos diretos na economia da cidade.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, os principais destinos das exportações de São Carlos no primeiro semestre de 2025 foram:

  • Estados Unidos: 36,87%

  • México: 18,52%

  • Argentina: 14,06%

  • Colômbia: 4,31%

  • Peru: 3,74%

Entre os produtos exportados aos EUA, destacam-se:

  • Lápis e similares: 32,45%

  • Fornos industriais: 12,10%

  • Turborreatores: 9,57%

  • Bombas e compressores: 8,85%

  • Motores de pistão: 7,34%

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