A fábrica da CBT: empresa foi a grande empregadora de São Carlos na segunda metade do Século XX e não resistiu às crises - Crédito: divulgaçãoNo dia 1º de setembro de 1959, entrava em operação, em Ibaté, a Companhia Brasileira de Tratores (CBT), a primeira empresa brasileira a fabricar motores e tratores na história do país. Concebida inicialmente para produzir motores de caminhões, ampliou sua atuação ao entrar no mercado de motores e peças de tratores, atividade pela qual ficou mais conhecida. Também chegou a produzir um utilitário 4x4 denominado Javali.
A empresa, comandada pelo empresário Mário Pereira Lopes, iniciou as atividades em 1959, no município de Ibaté, fabricando motores e peças, representando e montando os tratores da marca Oliver e, posteriormente, Oliver-CBT.
Em 1960, inaugurou sua nova fábrica no distrito de Água Vermelha, em São Carlos, para montar os tratores com a marca CBT. Totalmente falida, a empresa encerrou suas atividades em 1995, deixando cerca de 1.800 trabalhadores sem o pagamento de seus direitos trabalhistas.
A CBT foi um dos maiores fabricantes de tratores da América Latina e exportadora do produto no Brasil, com atuação destacada nos Estados Unidos, Austrália, Japão, México e Argentina, além da América Central e do Caribe, Argélia, Marrocos, Nigéria, Senegal e África do Sul.
A partir de 1982, a empresa passou a desenvolver o projeto de uma aeronave denominada RPV, que não foi concluído devido ao fim do apoio governamental.
De 1990 a 1994, fabricou o jipe Javali, o segundo carro totalmente criado e desenvolvido no Brasil. Por ser um projeto próprio da fábrica, acabou tendo um custo elevado para a CBT. O Javali tinha mecânica derivada dos tratores da empresa e, por isso, apresentava alguns defeitos, como barulho e excesso de fumaça, mas também qualidades, como motor turbo diesel próprio, que facilitava a condução em trilhas mais pesadas.
A empresa faliu em 1995, em meio ao processo de abertura econômica iniciado pelo governo Collor, que extinguiu todos os mecanismos de proteção à indústria automobilística nacional.
As antigas instalações da CBT foram adquiridas pela TAM, que instalou a LATAM MRO e o Museu TAM, junto ao Aeroporto de São Carlos, construído pela própria CBT no início dos anos 70, totalmente remodelado pelo governo do Estado de São Paulo e reinaugurado em 2004. Hoje, o Aeroporto Mário Pereira Lopes é internacional e utilizado pela LATAM, que realiza em suas oficinas reparos em aeronaves nacionais e também vindas do exterior.
O Jipe Javali com o empresário Mario Pereira Lopes: empresa entrou em parafuso quando o presidente Fernando Collor de Mello abriu o mercado automobilístico e cortou todo apoio à empresa industrial nacionalJIPE JAVALI
O Javali, um veículo utilitário, foi o único projeto automobilístico da CBT a ganhar mercado. De características rústicas, tinha o objetivo de explorar o nicho deixado pelo Jeep Willys, que deixou de ser produzido no Brasil em 1983.
A CBT possuía uma filosofia fabril de verticalização da produção, o que, em parte, reduzia os custos dos produtos. Em grande medida, o projeto do Javali fazia parte de um plano de expansão da empresa. Como a CBT já produzia motores, o novo veículo introduziu no mercado o CBT DM 301, um motor turbo-diesel de três cilindros e 80 cavalos, inteiramente projetado e produzido pela empresa.
O projeto do Javali foi designado inicialmente como "Veículo de Apoio Rural" (VAR), o que já indicava o público-alvo: os produtores rurais. Com o desenvolvimento, a CBT também cogitou fornecer o utilitário às Forças Armadas.
Pensado desde o início para ser simples e rústico, o Javali praticamente não possuía acabamento. O projeto priorizava linhas retas, o que barateava o produto final e facilitava eventuais reparos de funilaria. O volante adotado era o mesmo dos tratores CBT.
PROJETO AERONÁUTICO
Em 1982, a CBT apresentou o BQM-1BR, veículo aéreo não tripulado (uma espécie de drone da época), que não passou da fase de protótipo. Foi desenvolvido em cooperação com o CTA para ser usado como alvo aéreo em exercícios de tiro, sendo impulsionado por um motor a reação.
A empresa também cogitou derivar do projeto inicial um VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) para vigilância do espaço aéreo. O BQM-1BR possuía cerca de 3,89 metros de comprimento, envergadura de 3,18 metros, peso vazio de 61 kg e peso máximo de 90 kg. Sua velocidade projetada era de 560 km/h, propulsionado por um motor Tietê, de 30 kg de empuxo.
Produtos
Jeep Javali da CBT
CBT Javali 4x2 - ano 1989
CBT Javali 4x4 - ano 1989
CBT Javali 4x4 (turbo) - ano 1991 a 1994[16][17]
Tratores
Trator CBT 2600 motor Mercedes Benz (1982)
OLIVER 950 – ano 1961
OLIVER - CBT - ano 1962
CBT-1020 - ano 1962 a 1968 (1.º 100% nacional)
CBT 1090 4x2 - ano 1968 (Perkins)
CBT 1090–A/TM - ano 1971 (Perkins)
CBT-1000 - ano 1970 (Perkins)
CBT 1105 – ano 1972 (Mercedes-Benz)
CBT 1065 – ano 1973 (Mercedes-Benz)
CBT 2400 – ano 1976 (Detroit)
CBT 2070 – ano 1978 (Perkins)
CBT 2080 (Mercedes-Benz)
CBT 2100 – ano 1979 (Perkins)
CBT 2105 4x2 - ano 1982 (Mercedes-Benz)
CBT 2105 Búfalo - (Mercedes OM 352 Turbo Garrett)
CBT 2500 (Perkins)
CBT 2600 (Mercedes-Benz)
CBT 3000 – 1980 A 1982 (Dodge V8 álcool - Volkswagen)
CBT 3500 – 1982 (Dodge V8 álcool - Volkswagen)
CBT 8060 4x4 - ano 1990 a 1993 (Mercedes-Benz)
CBT 8240 4x2 - ano 1984 a 1988 (Perkins)
CBT 8260 4x4 - ano 1990 a 1993 (Perkins)
CBT 8440 4x2 - ano 1987 e 1988 (MWM)
CBT 8840 4x4 - ano 1987 e 1988 (CBT)
CBT 8450 4x4 - ano 1988 a 1995 (MWM)
CBT 9270 4x4 - transmissão 12x4 (MWM)
CBT 9450 4x4 - Turbo (MWM)
Implementos
Scraper SS 650 – ano 1975 (raspadora niveladora)
Scraper SS 700 – ano 1977 (raspadora niveladora)





