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Aluguel de caçamba despenca após cobrança de taxa para descarte de entulho

Situação pode obrigar empresas a fecharem as portas e demitir funcionários.

15 Mai 2013 - 14h09
Eduardo Araújo, empresário (caçambeiro). (Foto: Tiago da Mata / SCA) - Eduardo Araújo, empresário (caçambeiro). (Foto: Tiago da Mata / SCA) -

Após o início da cobrança da taxa pelo descarte de resíduos de construção civil, ocorrido no final de abril, o ramo de aluguel de caçambas sofreu um recuo. Em algumas empresas a queda na demanda passa dos 60%. Empresários afirmam que se o mercado não se recuperar, serão obrigados a fazer demissões para manter as empresas em funcionamento.

O empresário Eduardo Araújo conversou com a nossa reportagem e explicou que após a cobrança da taxa de descarte o aluguel de caçambas caiu mais de 50%. "Estou com 50% das caçambas paradas, depois que subiu o valor quase não estou alugando caçambas no varejo. Antes alugava cercar de 20 caçambas por dia, agora estou alugando cerca de 5. Hoje por exemplo, são 11h30 e eu não aluguei nenhuma", comentou.

Eduardo explicou ainda que sua empresa atende construtoras e que estas, por produzir muito entulho, não pararam de alugar as caçambas, porém as pequenas construções estão encontrando outras formas de descarte já que os alugueis de caçambas diminuíram.

"O cara (sic) ia fazer uma reforma em casa, uma obra e preferia alugar uma caçamba, que o preço era viável, hoje ele já não contrata mais caçamba, ele paga para carroceiros ou joga na traseira de uma caminhonete e joga em algum lugar. O cara não vai parar uma obra ou deixar o entulho jogado em frente de casa por causa de uma caçamba", afirmou ele.

Com a queda na demanda o empresário crê que em breve demissões serão feitas para manter as empresas em funcionamento. "Tenho amigos meus, que tem empresas menores, que estão parando. Eu, por exemplo, tenho três caminhões, e um eu estou vendendo porque está parado, creio que se continuar dessa forma em mais ou menos um mês vou ser obrigado a dispensar um motorista", lamentou Eduardo.

Aluguel de caçamba cai após cobrança de taxa de descarte. (Foto: Tiago da Mata / SCA)Na empresa de Thiago, outro empresário do ramo, os alugueis caíram mais de 60% após o início da cobrança. "Antes eu alugava entorno de dez a doze caçambas por dia, hoje alugo quatro ou cinco, tem dia que aluga mais e tem dia que não aluga nenhuma", informou.

O caçambeiro explica que antes da cobrança o valor do aluguel de uma caçamba de 3m³ era em média de R$ 80 e para as caçambas de 5m³ entre R$ 90 e R$ 100. Hoje em sua empresa o aluguel de uma caçamba de 3m³ é de R$ 150 e de 5m³ é de R$ 190, para resíduos de classes A e B (entulho e madeira), já da classe C (gesso e amianto) o valor pode passar de R$ 600 a caçamba.

Thiago explicou ainda que com a diminuição dos alugueis algumas empresas podem fechar as portas e procurar alternativas de trabalho. "Acho que com isso tudo, não vai ter mercado para todos, hoje temos cerca de 16 empresas de caçambas em São Carlos e algumas já estão buscando outras alternativas de trabalho. Antes a pessoa que tinha entulho em casa achava que pagar R$ 80 em um caçamba era viável, agora eles preferem pagar R$ 20 pra um carroceiro jogar em qualquer lugar, nas estradas, em terrenos abandonados, tudo irregular", explicou ele.

(Foto: Tiago da Mata / SCA)Entenda o caso

No dia 19 de abril, os caçambeiros foram informados pelo secretario de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia, José Galizia e o diretor da secretaria de Serviços Públicos, Carlos Talarico, que o descarte das caçambas não poderiam mais ser feitos na entulheira do Cidade Aracy, pois a CETESB havia fechado o local.

Foi informado ainda que o único lugar licenciado para receber o descarte era uma área particular da empresa AMX Ambiental. Portanto o descarte que era feito de forma gratuita no terreno da Prefeitura passou a ser cobrado pela empresa. Os custos variam de R$ 20 a R$ R$ 100 o m³ de resíduo.

No dia 23 de março o empresários se encontraram com o prefeito Paulo Altomani para discutir os novos rumos do descarte de resíduos de construção civil na cidade. Como não há outro terreno licenciado pela CETESB para descartes de entulho, o prefeito estimulou os caçambeiros a criarem uma cooperativa de reciclagem de resíduos de construção civil, o que pode ajudar a diminuir o descarte. Além disso, Altomani informou que estaria buscando licenciar uma área para o descarte dos resíduos produzidos pela própria Prefeitura.

Com a cobrança da AMX, a partir do dia 24 de março os empresários passaram a alugar as caçambas já com o valor cobrado pelo descarte, o que fez diminuir a demanda.

Preços cobrados pela AMX Ambiental para descarte:

- Resíduo tipo A (entulho, alvenaria, areia, cerâmica): R$ 20,00 por metro cúbico.
- Resíduo tipo B (madeira, papel, ferro, vidro, metal): R$ 20,00 por metro cúbico.
- Resíduo tipo C (gesso, telha fibracimento/amianto): R$ 100,00 por metro cúbico.
- Material volumoso (placas de concreto de grande porte): R$ 30,00 por metro cúbico.
- Massa verde (poda de árvores, galhos, grama): R$ 80,00 por metro cúbico.

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