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quinta, 25 de dezembro de 2025
Saúde

Calor pode aumentar risco de casos de AVC, alerta médico da Santa Casa

A exposição ao calor intenso está associada ao aumento do risco de AVC isquêmico; o risco é maior nos primeiros dias de uma onda de calor, explica o cardiologista.

25 Dez 2025 - 08h17Por Agência Brasil
Imagem Ilustrativa - Crédito:  Tomaz Silva/Agência BrasilImagem Ilustrativa - Crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil

Casos de acidente vascular cerebral (AVC) tendem a aumentar no verão, disse ao SÃO CARLOS AGORA o médico cardiologista da Santa Casa de São Carlos, Vicente Matinata.

Segundo o médico, uma série de fatores predispõe o ser humano, nessa época do ano, ao AVC. Um dos principais é o próprio calor, que gera uma desidratação natural das células, o que, por sua vez, causa um aumento da possibilidade de coagulação do sangue.

“O calor pode aumentar o número de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) devido a múltiplos mecanismos. A exposição ao calor intenso está associada ao aumento do risco de AVC isquêmico. O risco é maior nos primeiros dias de uma onda de calor”, explica ele.

Segundo Matinata, os principais mecanismos incluem desidratação, que leva à hemoconcentração e ao aumento da viscosidade sanguínea, favorecendo a trombose; ativação plaquetária e aumento da agregação, que promovem eventos trombóticos cerebrais. O calor também pode causar redução da pressão arterial, reduzindo a perfusão cerebral, especialmente em indivíduos vulneráveis. “Uso de álcool e diarreia podem agravar a desidratação e a perda de eletrólitos, podendo acarretar arritmia e levar a um AVC.”

Ele também reforça que populações de risco incluem idosos e pessoas com doenças cardiovasculares prévias. “Portanto, o aumento da temperatura ambiental pode atuar como fator precipitante de AVC, principalmente isquêmico, por mecanismos que envolvem desidratação, hipercoagulabilidade e instabilidade hemodinâmica”.

O cardiologista explica que os sintomas iniciais mais comuns do AVC em ambientes de altas temperaturas incluem alteração súbita do estado mental (como confusão, desorientação ou diminuição do nível de consciência), fraqueza ou perda de força em um lado do corpo, dificuldade para falar ou compreender a fala, perda de coordenação motora, tontura, cefaleia intensa e visão turva ou perda visual súbita.

DOIS TIPOS DE AVC – Existem dois tipos de AVC. Um é o AVC hemorrágico, que é o rompimento de um vaso cerebral e representa a minoria dos casos, em torno de 20%. O outro tipo, que domina o número de casos, é o AVC isquêmico, causado pela formação de um coágulo e entupimento de um vaso. Orlando Maia explicou que, como o sangue fica mais espesso, mais concentrado devido à desidratação, isso favorece a trombose, que é a formação de um coágulo e, por isso, há maior predisposição ao AVC.

PRESSÃO ARTERIAL – Há outras causas relacionadas à pressão arterial. “A nossa pressão arterial no verão tem uma tendência, pelo calor, a diminuir por conta da vasodilatação. Ou seja, nossos vasos, para poder compensar o calor, se dilatam. E essa dilatação causa uma diminuição da pressão, o que favorece também a formação de coágulo e de outra situação cardiológica, chamada arritmia. É o coração batendo fora do ritmo”, explica o médico.

Quando isso acontece, favorece também no coração a formação de um coágulo que, entrando na circulação sanguínea, tem grande predisposição de ir ao cérebro, porque 30% de todo o sangue que sai do coração vai para o cérebro.

Outra causa do AVC, também comum no verão, é que as pessoas se cuidam menos por conta das férias, o que promove um aumento do consumo de bebida alcoólica, que, por sua vez, amplia a desidratação.

DOENÇAS TÍPICAS – A isso se somam as doenças típicas de verão, como gastroenterite relacionada ao calor, que causa diarreia, insolação e esforço físico.
O estilo de vida moderno, aliado ao tabagismo e a doenças crônicas não controladas, faz com que cada vez mais pessoas com menos de 45 anos desenvolvam a doença.

MORTES – O AVC é uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Quando não mata, deixa a pessoa incapaz. Além da mortalidade, é uma doença extremamente desabilitadora. A pessoa fica sem andar direito, sem falar direito, sem condições de se alimentar sozinha. É uma doença extremamente crítica.

Quando se vê uma pessoa andando com dificuldade, geralmente é porque ela já teve uma sequela ou consequência de um AVC. Ficou paralisada de um lado ou sem conseguir falar direito, sem enxergar, se a área afetada for a visão, porque o cérebro é um grande computador e tudo depende da área atingida pelo problema.

No passado, como não havia tratamento, quando a pessoa chegava com AVC não havia o que fazer, a não ser controlar a pressão. Hoje, há duas formas de tratamento e, quanto mais rápido a pessoa chegar a um hospital, mais eficaz será o atendimento. O primeiro é a infusão de um remédio.

Os sintomas que indicam que uma pessoa está tendo ou pode ter um AVC incluem paralisia súbita de um membro ou dos dois membros de um lado do corpo, fala enrolada, perda da visão de um dos lados ou tontura extrema. (Com informações da Agência Brasil).

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