Marcos foi morto sem ter qualquer relação com o furto do celular, segundo o delegado - Crédito: arquivo pessoalMarcos Roberto Sassati e Cesar Estelino de Souza, acusados de envolvimento na morte de Marcos Roberto Campanhone, 50, no final de 2020 no Jardim Paulista, em São Carlos, serão julgados na próxima quinta-feira (28), no Fórum Criminal de São Carlos.
O crime foi desvendado pela DIG, cujo delegado responsável na época era Gilberto de Aquino.
O caso
De acordo com o delegado Gilberto de Aquino, o caso exigiu uma minuciosa investigação por parte da sua equipe. Tudo começou quando uma mulher identificada como Gabriela teve o celular furtado e desconfiou de duas pessoas que teriam adentrado dentro da residência dela para coletar material reciclável e levar para o ferro velho. Ela contou sobre o furto aos familiares, entre eles, dois filhos e vizinhos.
"Os familiares dela foram atrás dos dois que seriam os catadores de recicláveis e fizeram ameaças para que devolvessem o celular", contou o delegado.
Os dois homens negaram o furto, entretanto, os familiares da mulher insistiram dizendo que eles teriam subtraído o aparelho celular e ameaçaram um tal de baixinho. "Eles foram três vezes na casa e ameaçaram não só o baixinho, mas a esposa dele, os enteados, crianças...enfim, aterrorizaram os familiares do suspeito do furto".
Entre os que fizeram ameaça contra baixinho, estava Marcos Sassati, conhecido como Marcão, que é amigo do filho da mulher que teve o celular furtado. Ele teria esmurrado a janela da casa e proferido ameaças.
O delegado contou que durante uma busca na casa, a enteada de baixinho encontrou um aparelho celular dentro do imóvel, sobre a cama, ao lado da janela que tinha sido esmurrada por Marcão.
Percebendo que o celular poderia ser o furtado, baixinho pediu ajuda ao irmão, Marcos Roberto Campanhone. "Ele ligou para o Marcos e contou que estava sendo acusado e que o celular havia aparecido dentro de sua casa. O que eu faço?, perguntou ao irmão", narrou o delegado.
Marcos Roberto Campanhone que era motorista de aplicativo pegou o celular e entregou no Plantão Policial. No momento da entrega apareceu a dona do aparelho e viu Marcos, mas não sabia que ele era irmão de baixinho.
Na ocasião, Gabriela não pôde reaver o aparelho, pois não havia apresentado nota fiscal, então retornou para casa.
No dia seguinte ela foi até uma agência bancária realizar o saque do auxílio emergencial e percebeu que já haviam retirado o dinheiro através do aplicativo que estava instalado no aparelho celular que havia sido furtado.
De novo a mulher contou o ocorrido aos familiares que foram atrás de Marcos Roberto Campanhone, que havia devolvido o celular na delegacia. Eles estavam com o boletim de ocorrência da entrega do aparelho e por isso tinham o endereço de Marcos.
Cinco pessoas foram ao encontro de Marcos Roberto Campanhone, que ao ser encontrado recebeu 18 golpes de facão. Ele conseguiu correr e entrou em uma casa, onde pediu ajuda. Foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros, mas morreu no dia seguinte.
Durantes as investigações, os policiais da DIG descobriram que quem furtou o celular foi Marcos Sassati, amigo do filho de Gabriela. Foi ele também quem realizou os saques do auxílio emergencial. Ele também jogou o aparelho sobre a cama, na casa de Baixinho, para incriminá-lo.
"Para que não caísse sobre ele a culpa do furto, ele acabou induzindo os familiares que os autores seriam os dois que foram buscar os recicláveis na casa. Infelizmente é essa a gravidade do fato", relatou Aquino.
"Eles agiram com extrema violência, mataram um inocente que não tinha nada a ver com a situação. O Marcos foi apenas ajudar o irmão", disse o delegado na época.
Local onde Marcos foi golpeado várias vezes. Foto Maycon MaximinoCelular do esfaqueado foi furtado
O delegado Gilberto de Aquino contou que no local onde Marcos Roberto foi atingido pelos golpes de facão, houve outro crime. O celular da vítima foi furtado pelo filho de Gabriela. Durante as agressões, o aparelho caiu e ele pegou. Em seguida deu para o filho de 8 anos.
O delegado alerta sobre fazer Justiça com as próprias mãos. Ele diz que em qualquer situação de crime a Polícia deve ser procurada, para que a verdadeira Justiça seja feito.
Após as investigações, César Estelino de Souza, filho de Gabriela, foi indiciado pelo crime de furto do celular de Marcos Roberto e também por envolvimento no homicídio.
Marcos Roberto Sassati, vulgão Marcão, foi indiciado pelo crime de furto do celular de Gabriela, pelos saques da conta dela e também pelo homicídio.




