Crédito: Kenny Eliason/UnsplashNão é fácil entender como funcionam os salários do UFC. A estrutura financeira que define quanto cada atleta ganha é complexa e varia conforme experiência, posição no card e capacidade de atrair público. Antes mesmo de entrarem no octógono, os lutadores recebem o chamado show money — valor fixo previsto em contrato — e podem dobrar esse montante caso vençam, recebendo o tradicional win bonus.
A dinâmica envolve ainda as famosas premiações da noite e as porcentagens de pay-per-view, criando um ecossistema no qual lutadores premiados atraem atenção nas casas de apostas, já que o bom desempenho costuma se refletir tanto em bônus financeiros quanto no interesse do público. Jogue com responsabilidade.
Desde a reformulação de 2014, o UFC trabalha com o modelo unificado de ‘Performance da Noite’, que substituiu os antigos prêmios de ‘Nocaute da Noite’ e ‘Finalização da Noite’. Essas bonificações são entregues individualmente, sem depender da forma da vitória — basta impressionar a equipe de Dana White, como o caso do brasileiro Xicão Teixeira.
Estrutura de pagamento: show, win e posição no card
Cada lutador no UFC assina um contrato com valores que variam conforme experiência, cartel, mercado e posição no card. A estrutura segue a lógica:
Show Money
Valor fixo pago independentemente do resultado.
Win Bonus
Muitas vezes dobra o show money, embora alguns contratos de topo dispensem o bônus por vitória, recebendo valor fixo.
Posição no card
- Early prelims: menores salários do evento.
- Prelims: faixas intermediárias.
- Main card: aumento significativo.
- Co-main e main event: recebem as maiores bolsas.
Lutadores mais estabelecidos — mesmo fora do ranking — podem renegociar contratos após boas sequências. Campeões, ex-campeões e estrelas com forte apelo público recebem os maiores valores fixos.
Bônus da noite: critérios e como são definidos
O UFC concede normalmente duas premiações de “Performance da Noite”, no valor padrão de US$ 50 mil, embora eventos especiais possam ampliar esse montante. De acordo com sites como O Antagonista, Dana White e sua equipe escolhem os premiados analisando:
Critérios principais
- impacto técnico e emocional da vitória
- criatividade das ações
- agressividade ofensiva
grau de dificuldade da luta
momentos de superação ou reviravoltas
Em cards menores, como os realizados no UFC Apex, o padrão costuma ser mantido. Em PPVs, já houve eventos com quatro ou mais vencedores.
Há também um bônus separado de “Luta da Noite”, entregue aos dois lutadores que entregam o combate mais empolgante, independentemente do resultado.
PPV points: quem tem direito e por quê
O pay-per-view é o principal multiplicador de ganhos no UFC. Apenas campeões, desafiantes imediatos e headliners de forte apelo popular recebem os chamados PPV points — um percentual sobre cada compra do evento.
Um atleta com participação no PPV pode transformar um salário inicial de US$ 500 mil, por exemplo, em valores multimilionários, dependendo do sucesso comercial do card.
Esses pontos são um privilégio extremamente raro e quase sempre associado a grande poder de venda — casos como McGregor, Adesanya, Jon Jones e Masvidal ilustram o impacto financeiro desse mecanismo.
Outras receitas: Venum, patrocínios e aparições
O UFC paga aos atletas o chamado Venum Outfitting Pay, valor variável conforme o número de lutas na organização — desde cerca de US$ 4 mil para estreantes até US$ 40 mil para veteranos. Além disso, lutadores podem:
- assinar patrocínios pessoais (fora da semana de luta)
- cobrar por seminários, eventos e aparições
- monetizar redes sociais
- vender produtos próprios
Embora limitado pela política de uniformização dos patrocinadores desde 2015, o mercado de influência ainda é relevante, sobretudo para atletas de grande visibilidade digital.
Os mais bem pagos: faixas e fatores de ganho
O topo salarial do UFC é formado por atletas que combinam performance, vendas de PPV, carisma e histórico de títulos. Entre eles, destacam-se nomes ainda em atividade e lendas já aposentadas.
O campeão peso-pesado Jon Jones lidera a lista como o atleta mais bem pago da atualidade, tendo recebido cerca de R$ 25 milhões em uma única luta, reflexo direto de sua enorme capacidade de atrair público.
Logo abaixo aparece Conor McGregor, afastado desde 2021, mas ainda dono de um dos maiores salários do esporte, estimado em R$ 19 milhões por luta, impulsionado por seus recordes de PPV.
O brasileiro Alex ‘Poatan’ Pereira, ex-campeão dos meio-pesados, figura como o único representante nacional entre os maiores rendimentos da história, com cerca de R$ 19 milhões acumulados.
Entre as lendas aposentadas, Ronda Rousey revolucionou o MMA feminino e encerrou a carreira com aproximadamente R$ 16 milhões, enquanto Brock Lesnar, ícone do peso-pesado, soma cerca de R$ 13,5 milhões ganhos no UFC.
Custos do atleta: impostos, equipe e camp
O valor anunciado na noite da luta não é, necessariamente, o dinheiro que o lutador leva para casa. Entre descontos obrigatórios e estrutura de treinamento, o atleta paga:
- impostos estaduais e federais (nos EUA, variam por estado)
- 20% a 30% para manager, técnico, equipe e sparrings
- custos de camp: viagens, fisioterapia, nutrição, preparação física
- taxas de comissão atlética
No fim, muitos atletas de card preliminar ficam com menos da metade do valor divulgado.
Debate atual: transparência, bônus e acordos recentes
A discussão sobre maior transparência salarial ganhou força após declarações de executivos do UFC a respeito de possíveis revisões na política de bônus.
As notícias recentes indicam que, embora o sistema continue centrado em decisões de Dana White, existe abertura para ampliar premiações em cards maiores ou reestruturar contratos de atletas com alto potencial comercial.
Enquanto isso, lutadores seguem competindo por espaço em cards de destaque e, claro, pelos bônus que podem alterar suas carreiras. Afinal, no UFC moderno, desempenho é dinheiro, e dinheiro abre portas para oportunidades tanto dentro quanto fora do octógono.





