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Suicídio: Uma epidemia a ser enfrentada

28 Jan 2019 - 06h50Por (*) Bianca Gianlorenço
Suicídio: Uma epidemia a ser enfrentada -

Em apenas vinte e dois dias 3 fatos consumados e 2 tentativas de suicídio foram registradas em nossa cidade.

Uma epidemia de extensão global que precisa ser urgentemente combatida!

Noventa por cento dos casos estão associados a patologias de ordem mental, passíveis de serem diagnosticados e tratados. Portanto o suicídio pode ser prevenido.

Entre as causas mais incidentes estão a depressão, dependência de álcool e drogas, esquizofrenia e transtornos de personalidades.

Precisamos quebrar o tabu em relação as doenças mentais, as pessoas precisam se conscientizar e procurar ajuda de profissionais especializados, as doenças mentais são tratáveis, assim como as doenças de ordem fisiológica.

É necessário, quebrar o tabu que existe, não é fácil, mas é preciso esclarecer, conscientizar e estimular a prevenção para reverter situações críticas como as que estamos vivendo. O problema de saúde pública é causado principalmente pelo desconhecimento das pessoas sobre as causas e os tratamentos para evitar que ele aconteça. Muitas vezes familiares, amigos e a própria vítima não reconhecem os sinais. Por isso, é preciso falar sobre suicídio e discutir abertamente.

De acordo com estudos, 9 em cada 10 casos de suicídio podem ser prevenidos se a pessoa buscar ajuda e se tiver a atenção de quem está à sua volta.

Tristeza, angustia, irritabilidade, dificuldade de concentração, alteração do sono e apetite, persistência de pensamentos negativos, são sintomas compatíveis com o quadro de depressão, considerada a principal causa de suicídio no mundo.

Depressão não é tristeza, não é frescura, não é falta do que fazer, não é falta de Deus, é uma doença gravíssima, é a maior causa de incapacitação no mundo.

Depressão tem cura sim! A partir do momento que é reconhecida como doença é passível de tratamento!

Dia desses vi um panfleto que tinha os seguintes dizeres:

“Venha tratar a depressão em 3 minutos”,

 Gente, depressão não se cura em 3 minutos, é por esse e outros motivos que essa doença não é vista como doença. As pessoas ainda acreditam que depressão se dissolve num passe de mágica, por esse motivo também que essa taxa de suicídio vem aumentando consideravelmente. E se essa mentalidade da população não mudar, volto a repetir, haverá muito derramamento de sangue!

Precisamos urgente desenvolver uma cultura de cuidado com a Saúde Mental!!!

O suicídio não escolhe idade, cor, raça, religião, classe social, status, qualquer pessoa está sujeita, então por favor, vamos nos atentar!

Segundo a Organização Mundial de Saúde, 90% das mortes podem ser evitadas se os sinais de alerta forem percebidos. Antes de tirar a própria vida, muitos suicidas passam por diversas fases onde idealizam a morte. Fazem planos, cometem autoagressões, passam para as tentativas até chegar ao êxito. Por se tratar de um processo, nele há brechas em que os familiares ou amigos próximos possam perceber algo, a Organização Mundial da Saúde estima que 90% dos casos poderia ter outro desfecho.

Como combatemos uma epidemia? Conhecendo a causa e propondo tratamento. Precisamos conscientizar a população, chamá-la para o cuidado com a saúde mental.

O Brasil possui uma extensa rede de Centros de Atenção Psicossociais, especificamente para atuar na identificação e tratamento precoce dos distúrbios psíquicos e mentais. Está em condições de fazer um grande trabalho nessa área, necessitando, no entanto, monitorar a real performance dessas instituições

Em São Carlos contamos com três unidades do CAPS, os atendimentos são gratuitos e de uso da população, então pessoal, busquem ajuda, parem de olhar o suicídio como algo impossível de se combater, entendam que procurar ajuda psicológica, psiquiátrica não é “coisa de louco”.

Vamos desmistificar esse assunto!

Sem Saúde Mental não há saúde, não há vida, podemos perceber isso durante esses vinte e dois dias, ou ainda resta dúvidas?

(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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