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domingo, 14 de dezembro de 2025
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MEMÓRIA SÃO-CARLENSE: Cinemas em São Carlos

04 Ago 2017 - 04h53Por (*) Cirilo Braga
Foto: Arquivo Pessoal - Foto: Arquivo Pessoal -

A relação entre a comunidade são-carlense e o cinema está completando 120 anos. Em 1897 a cidade recebeu a excursão da trupe de Faure Nicolay, da Companhia Francesa de Variedades, que aqui apresentou o "Cinematógrafo Lumière", no então Teatro Ypiranga, que se transformaria no Cine São Carlos, na Praça Coronel Salles. Era só o começo de uma história em que salas de cinema foram surgindo, se transformando e desaparecendo ao longo de décadas.

A lista inclui o Theatro Colombo, Polytheama, Cine São Paulo e depois Cine Progresso (na rua Major José Inácio), o Theatro São José na rua Nove de Julho (no Largo de São Benedito onde hoje há uma loja), o Cine Teatro Avenida (1959-1983), o Cine Joia e o Paratodos, na Vila Prado, o São Sebastião, ao lado da igreja na Avenida Dr. Carlos Botelho, além dos Studios I e II (no prédio onde hoje está o Cine São Carlos).

Foi dramático nos anos 1980, quando a um só tempo foram demolidos os prédios do cine São Carlos e do Cine Avenida. Por algum tempo a cidade teve apenas uma sala, a do Studio I, até a chegada do Shopping Center. Em seguida, resgatou-se o Cine São Carlos, estabelecendo o panorama atual. Doze décadas depois de Faure Nicolay, as pessoas fazem filas para ver os lançamentos na Rua Major José Inácio, desmentindo a previsão de Adolph Zucor, chefe da Paramount, que nos primórdios da Sétima Arte dissera: "O cinema falado nunca dará certo; é demasiado barulhento e impede que as pessoas durmam durante o filme".

São Carlos chegou a sediar um festival de cinema e viu um filho seu, Genésio Arruda, figurar no elenco do primeiro filme sonoro nacional, "Acabaram-se os otários". O livro "São Carlos no escurinho do Cinema", de Marco Antonio Brandão, rememora a saga dos cinemas são-carlenses.

Houve um tempo em que os filmes exibidos na cidade vinham com apenas uma cópia, passavam ao mesmo tempo no São José e no Cine São Carlos e eram transportados de um para outro em bondes que atrasavam e geravam confusão. Às vezes os projetistas não trocavam os rolos, que eram empilhados em ordem numérica e faziam os personagens mortos retornarem à cena. Ficou famoso um sujeito conhecido por Estepe, que era viciado em mastigar amendoins e jogar cascas nos outros durante a exibição dos filmes. De repente, do nada ele cismava de soltar bombinhas em pleno cinema. Acendiam as luzes, faziam-se batidas policiais,  mas o gaiato jamais foi  em cana.Houve até o registro de um apagão durante a exibição de "Gloriosa Vingança" e a plateia resolveu incorporar o nome do filme e partir para um quebra-quebra épico. Coisas de um passado que os antigos foram contando como verdadeiras lendas. Fato é que o cinema é um capítulo à parte no cotidiano da cidade, provando que a tela grande nunca deixou de fascinar a galera.

Esta seção tem enfoque na memória coletiva de São Carlos e disponibiliza espaço para relatos e fotos de fatos e locais da cidade em outros tempos. O material pode ser enviado para: memoriasaocarlense@gmail.com.

Foto: Arquivo PessoalFoto: Arquivo PessoalFoto: Arquivo PessoalFoto: Arquivo PessoalFoto: Arquivo PessoalFoto: Arquivo Pessoal

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