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sábado, 06 de dezembro de 2025
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UFSCar realiza pesquisa sobre democratização da educação no Brasil e na Hungria

Estudo de mestrado compara os processos de transição democrática e o papel da educação em contextos distintos

31 Out 2025 - 21h04Por Assessoria de Imprensa
Qualificação da dissertação de mestrado na área de Educação (Foto: Arquivo pessoal) - Qualificação da dissertação de mestrado na área de Educação (Foto: Arquivo pessoal) -

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) busca compreender como a educação contribuiu para os processos de democratização no Brasil e na Hungria nas décadas de 1970 e 1980. O estudo é conduzido pelo mestrando Murilo Martins Salomé, no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), sob orientação da professora Marisa Bittar, do Departamento de Educação, e coorientação do professor Lajos Somogyvári, da Universidade da Pannonia (Hungria).

A investigação parte de uma pergunta central: é mais provável o surgimento de movimentos democráticos em países de grande extensão territorial, como o Brasil, ou em países menores e mais centralizados, como a Hungria?

Intercâmbio acadêmico internacional

O tema surgiu a partir de um intercâmbio de pesquisadores do Brasil, Hungria e Canadá. Desde 2019, a professora Marisa Bittar coordena, ao lado de Somogyvári e da canadense Thérèse Hamel, o grupo internacional Observatory for the History of Education, ligado à comunidade global de historiadores da educação (ISCHE). “Além de mapear a disciplina em âmbito internacional, passamos a desenvolver estudos comparativos entre Brasil e Hungria”, explica Bittar.

Murilo Salomé, graduado em Relações Internacionais pela Unesp, acrescenta à pesquisa seu interesse pela História Comparada, trazendo uma perspectiva interdisciplinar ao estudo.

Semelhanças e diferenças nos processos democráticos

A professora Bittar destaca que, apesar de contextos distintos, ambos os países viveram períodos de luta pela democracia: “Na Hungria, a mobilização ocorreu dentro do regime do ‘socialismo real’ sob influência soviética; no Brasil, contra a ditadura militar”.

Nos dois casos, a educação foi um instrumento de resistência e transformação social. No Brasil, movimentos estudantis e de professores tiveram protagonismo na redemocratização, especialmente nas eleições de 1982, quando dez governos estaduais de oposição foram eleitos. Já na Hungria, a ausência de regionalismos e a centralização do poder deram destaque à atuação das famílias, que reivindicavam autonomia nas escolas como forma de contestação política.

Qualificação e próximos passos

A qualificação do estudo foi realizada em 24 de outubro, com banca composta por Lajos Somogyvári (Universidade da Pannonia), Luís Henrique de Freitas Calabresi (Instituto Federal de Piracicaba), Thérèse Hamel (Université Laval/Canadá) e Marisa Bittar (UFSCar).

Segundo Bittar, a pesquisa foi considerada inédita por abordar de forma comparada os dois países e provocar reflexões sobre o papel da educação nos processos democráticos e nas permanências de autoritarismo. A defesa da dissertação, intitulada “The democratic transition process of Brazil and Hungary and their impacts on education in the late 1970s and the 1980s”, está prevista para até fevereiro de 2026.

Perspectivas de internacionalização

O estudo também fortalece os laços entre as instituições envolvidas. Segundo Bittar, há possibilidade de intercâmbio institucional entre a UFSCar e a Universidade da Pannonia. “Lajos já esteve no Brasil; Murilo ainda não esteve na Hungria, mas é um estudioso do país há anos”, comenta a docente.

A pesquisa reafirma o compromisso da UFSCar com a internacionalização e o pensamento crítico sobre democracia e educação, ampliando o diálogo entre diferentes realidades e sistemas educacionais.

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