Rumo reivindicou a supressão de 49 árvores e Prefeitura autorizou 23, mas mesmo assim a população da região está inconformada com a decisão - Crédito: divulgaçãoUm grupo de moradores da região está insatisfeito com a construção de uma passarela pela empresa Rumo Logística e o corte de várias árvores localizadas às margens da ferrovia, nos bairros Jardim Paulista e Jardim Gibertoni.
De acordo com os cidadãos, a obra está sendo projetada para uma área próxima a uma passagem de pedestres já existente, na esquina da Rua Pietro Manzini com a Avenida Paulista, o que implica a remoção de árvores de grande porte.
Os moradores afirmam que existem alternativas viáveis. “Há alternativas que não implicam o corte dessas árvores. O quarteirão adjacente possui uma quantidade significativamente menor de vegetação, composta por espécies não nativas, diferentemente dos ipês (espécies nativas de longa durabilidade e alto valor ecológico). Realocar a passarela para essa área representaria uma minimização substancial do impacto ambiental”.
Segundo eles, a vegetação exerce uma função de isolamento acústico, pois as árvores formam uma barreira natural essencial contra o ruído dos trens, contribuindo diretamente para o bem-estar e a qualidade de vida da população local.
Eles também apontam a importância da fauna e do papel das árvores como filtro de ar e proteção à saúde, já que a vegetação age como um filtro natural, retendo partículas de poeira e poluição provenientes da ferrovia. Sua remoção pode agravar problemas de saúde respiratória na comunidade.
A regulação térmica e a eficiência energética são outros argumentos citados. “A sombra densa proporcionada pelo dossel dessas árvores auxilia no resfriamento microclimático da região. A perda dessa cobertura levará ao aumento do calor, elevando a necessidade e o custo com refrigeração artificial nas residências”.
“As árvores em questão são saudáveis e recebem manutenção anual pela Prefeitura, o que atesta seu bom estado fitossanitário e o investimento público em sua preservação. É crucial avaliar o impacto sobre a fauna. A remoção deste habitat afetará diversas espécies que dependem dessas árvores para abrigo e alimentação, podendo causar um desequilíbrio no ecossistema local”, dizem ainda os moradores.
Eles cobram uma posição do governo municipal e não se conformam com a retirada das árvores. “Acreditamos que a preservação dessas árvores é fundamental para a saúde pública e a qualidade ambiental desta região, constituindo um patrimônio natural irrecuperável a curto prazo. Por isso, como moradora da região e diretamente afetada por esta decisão, solicito a ajuda do São Carlos Agora para manifestar a insatisfação e cobrar soluções alternativas dos responsáveis”.
A POSIÇÃO DA PREFEITURA
A Prefeitura Municipal de São Carlos, por meio da Secretaria de Clima e Meio Ambiente, informa que tem pleno conhecimento da demanda apresentada pelo munícipe — registrada também pela Ouvidoria — e destaca que permitiu apenas a retirada de menos de 50% das árvores solicitadas pela Rumo.
A empresa solicitou a supressão de 49 exemplares arbóreos para a continuidade das obras. Após criteriosa análise técnica, os especialistas da Secretaria autorizaram a remoção de 23 árvores, por entenderem que esses exemplares, de fato, são incompatíveis com o andamento das intervenções previstas.
A Secretaria ressalta que todo o processo foi conduzido em conformidade com a legislação vigente e devidamente autorizado pelos organismos ambientais e de fiscalização competentes. O processo está disponível a qualquer interessado. Reafirma ainda seu compromisso com a proteção ambiental, conciliando a preservação da arborização urbana com a necessidade de execução de obras de infraestrutura essenciais para o município.
A POSTURA DA CONCESSIONÁRIA RUMO
Por sua vez, a concessionária do ramal ferroviário, Rumo Logística, informa que o projeto da nova passarela foi desenvolvido para manter a travessia no mesmo ponto e garantir a continuidade operacional durante as obras.
“As normas de acessibilidade exigem rampas mais extensas, o que, somado às condições topográficas e ao espaço disponível, demanda maior área de implantação. Para ampliar a segurança dos usuários, será construído calçamento para pedestres, o que implica na supressão controlada de algumas árvores, em conformidade com todos os critérios ambientais aplicáveis”, destaca a assessoria da Rumo.





