Pai caminha com filha em praia - Crédito: PexelsA guarda dos filhos após o divórcio passou por uma transformação significativa em São Carlos ao longo da última década. Entre 2014 e 2024, o número de casos de guarda compartilhada cresceu cerca de 1.800%, saltando de apenas 10 registros em 2014 para 193 em 2024.
Os dados constam nas “Estatísticas do Registro Civil 2024”, divulgadas na semana passada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e revelam uma mudança importante na dinâmica familiar do município. A partir de 2022, a guarda compartilhada passou a superar os casos de guarda exclusiva materna. Naquele ano, foram registrados 234 casos de guarda compartilhada, contra 103 em que a guarda ficou exclusivamente com as mães. Em 2023, a tendência se manteve, com 201 casos de guarda compartilhada e 112 de guarda materna exclusiva.
Segundo a cientista política e social Aline Zambello, os números refletem transformações mais amplas nos papéis de gênero e na organização das famílias. “A queda na guarda exclusiva materna e o adiamento da maternidade apontam para uma renegociação, ainda que incompleta, dos papéis de gênero. Há uma maior distribuição das responsabilidades parentais e uma valorização da autonomia e da trajetória individual das mulheres antes da maternidade”, analisa.
Para a especialista, embora ainda existam desafios, os dados indicam um movimento gradual em direção a relações parentais mais equilibradas após o divórcio, com maior participação de ambos os responsáveis na criação dos filhos.





