domingo, 13 de outubro de 2024
“Faltou empatia”

Governo Airton Garcia deve uma resposta à família do senhor José

Testemunhas afirmam que ele buscou atendimento na UBS da Vila São José, mas não foi acolhido, morrendo em seguida, a poucos metros da unidade. Filho pretende ingressar na Justiça contra a Prefeitura

29 Mar 2023 - 10h18Por Marcos Escrivani
Momento em que vítima era atendida. José no detalhe - Crédito: arquivo SCAMomento em que vítima era atendida. José no detalhe - Crédito: arquivo SCA

Indignado, transtornado, abatido. Duda Mendonça, filho de José de Souza, 70 anos, concedeu entrevista exclusiva na manhã desta quarta-feira, 29, ao São Carlos Agora. O pai morreu de ataque cardíaco na manhã de sexta-feira, 24, em frente a um posto de combustíveis na Avenida Presidente Vargas, na Vila Costa do Sol.

Testemunhas afirmam que José, minutos antes, teria pedido ajuda médica na UBS da Vila São José, que fica a poucos metros de onde ele morreu, porém teria sido orientado a procurar atendimento em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ele saiu caminhando e caiu, morrendo em seguida.

Ao saber do fato, Duda disse que procurou ajuda junto a um advogado e pretende ingressar com ação na Justiça. Quer esclarecer os fatos. A atitude, segundo ele, não é procurar culpados, mas evitar que tragédias assim possam continuar acontecendo. Lamentou ainda que desde o fatídico dia, a Prefeitura Municipal não entrou em contato. “Apenas o vereador Elton Carvalho estendeu as mãos”, disse, emocionado.

UMA TRISTE HISTÓRIA

Ao falar do pai, Duda não esconde um “nó na garganta”. Morei 45 anos com ele, quando decidi seguir meu caminho. Porém, o filho lembra, com carinho, os detalhes da convivência com o seu “eterno parceiro”.

“Ele era cuidadoso em tudo. Tinha problemas cardíacos, mas tomava os medicamentos. Fazia até caminhada. Saía com uma sacola azul todos os dias com alimentos e levava para meu tio, que tem problemas de saúde. Ah, quando levantava, cuidava primeiro de tudo, dos seus passarinhos”.

Mas, naquela sexta, Duda lembra que seu pai deveria estar desnorteado. Pois, saiu com a sacola, mas não levou nem o celular e documentos. “Ai fiquei sabendo do que aconteceu através do meu tio”.

De acordo com Duda, o pai passou mal e foi até a UBS, porém não teria tido o primeiro acolhimento. “Ele saiu de lá, andou alguns metros e caiu. Frentistas chamaram o Corpo de Bombeiros, a motolância e o Samu. Mas não conseguiram reanimá-lo. Ele foi encaminhado a UPA Vila Prado e um vizinho comunicou meu tio e depois a mim. Fomos até lá e meu tio reconheceu o corpo do meu pai, que estava com a sacola azul”, lamentou.

Após o fato, Duda disse que ficou surpreso com a repercussão nas redes sociais e teria sido informado por testemunhas que o seu pai não foi atendido.

“É de doer o coração. Faltou empatia para o pessoal da UBS. Meu pai se tratava lá inclusive. Não teve um acolhimento. Não deram nem um copo de água. Não pediram para ele sentar e nem chamaram o Bombeiros que fica a um quarteirão. Isso me deixa indignado. Poderiam ter chamado uma ambulância para ele”, comentou.

NA JUSTIÇA

Mostrando chateação, Duda disse que desde a morte do seu pai, ninguém na Prefeitura Municipal o procurou. “Nem para saber como eu estava. Somente o vereador Elton Carvalho”, revelou.

Em busca de Justiça para que os fatos sejam esclarecidos, Duda informou que procurou ajuda junto a um advogado. “Quero apenas que tudo seja resolvido e que mais ninguém sofra o que estou sofrendo. Ver o pai morrer ajoelhado porque minutos antes não teve um acolhimento é muito desolador. Ele foi socorrido por populares, que são muito mais humanos. Isso não trará meu pai de volta, mas queria apenas que ele tivesse uma passagem digna, sem passar por isso. Posso dizer que meu coração está em pedaços. É muito triste. Agradeço ao São Carlos Agora por esta oportunidade”, finalizou.

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