Contrariando qualquer previsão, São Carlos registrou um salto de 120% nas exportações para os Estados Unidos no mês de agosto, em comparação com o mesmo período de 2024. As vendas se ampliaram justamente no mês em que o presidente norte-americano promoveu - Crédito: divulgaçãoContrariando qualquer previsão, São Carlos registrou um salto de 120% nas exportações para os Estados Unidos no mês de agosto, em comparação com o mesmo período de 2024. As vendas se ampliaram justamente no mês em que o presidente norte-americano promoveu um “tarifaço” de 50% sobre centenas de produtos brasileiros.
As informações oficiais constam do Informativo Econômico da ACISC, divulgado nesta quarta-feira (10). Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior, em agosto de 2025 a cidade exportou US$ 16,4 milhões para os EUA. Em agosto de 2024, o valor havia sido de US$ 7,4 milhões. No acumulado de janeiro a agosto de 2025, as vendas para o país norte-americano alcançaram US$ 138,7 milhões, representando um aumento de 89% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Apesar de a quantidade total exportada em quilogramas ter diminuído (26,9 milhões de kg em 2025 contra 30,2 milhões de kg em 2024), o valor financeiro cresceu, indicando preços médios mais altos e maior valor agregado nos produtos exportados. “O desempenho positivo mostra que a cidade consegue se posicionar estrategicamente em mercados internacionais, mesmo diante de desafios globais”, afirmou Ivone Zanquim, presidente da ACISC.
O Núcleo Econômico da ACISC, coordenado pelo economista Elton Casagrande, destacou que, apesar do aumento para os Estados Unidos, o cenário nacional apresenta resultados mistos. Dados recentes indicam queda nas exportações da Agropecuária (-25,4%) e da Indústria Extrativa (-14%), enquanto a Indústria de Transformação apresentou crescimento de 4,8%. Produtos como milho, café e soja registraram retração, mas houve aumento nas vendas de arroz, hortaliças, carne bovina e veículos automotores, entre outros.
“Elaboramos análises detalhadas para que nossos associados e o público em geral possam entender não apenas os números, mas também as tendências e oportunidades que surgem no comércio exterior”, explicou Casagrande. “São Carlos demonstra resiliência, especialmente na diversificação de mercados e produtos”, destacou.
Para o economista e professor Sérgio Perussi, o resultado do comércio com os EUA apontado pelo informativo é muito positivo, mas pode ainda representar vendas de contratos firmados antes do tarifaço. “Assim, somente os próximos meses poderão refletir se esse aumento mensal e anual representa uma ampliação qualitativa e quantitativa, em termos financeiros, das exportações das empresas são-carlenses ou se trata apenas de uma sazonalidade que não se sustentará no cômputo anual”, observou.
Tecumseh e Engemasa atingidas – Pelo menos duas importantes empresas de São Carlos, que empregam grande número de trabalhadores, foram diretamente impactadas pelo tarifaço. A Engemasa, que atua na área de aços especiais com alta tecnologia para a indústria pesada, demitiu 50 funcionários, 10% dos 500 que mantinha em seus quadros. As demissões ocorreram em julho, como medida preventiva, devido à falta de novas encomendas de empresas norte-americanas após o anúncio do tarifaço pelo presidente Donald Trump.
A Tecumseh do Brasil, uma das maiores produtoras de compressores de refrigeração do mundo, e que tem sede nacional em São Carlos, concedeu férias coletivas de 10 dias desde o dia 3 de setembro para parte de seus trabalhadores. Os funcionários devem voltar ao trabalho na próxima semana. O motivo seria o tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, que teria causado retração nos negócios da empresa.
“A Tecumseh do Brasil e o sindicato dos trabalhadores das indústrias metalúrgicas de São Carlos e Ibaté vêm informar que, devido à retração de suas vendas associadas ao mercado externo, ou seja, para os Estados Unidos da América, e com o intuito de manutenção dos empregos, algumas de suas linhas de produção estão em férias coletivas. Seguimos atentos às negociações em andamento, promovidas pela indústria por meio da CNI, bem como pelo governo federal”, diz a nota oficial divulgada no fim desta tarde pelo diretor de relações institucionais da companhia, Homero Busnello.





