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segunda, 08 de dezembro de 2025
Agropecuária

Chuvas de outubro serão decisivas para São Carlos e região, garante especialista

Agrônomo da Embrapa Pecuária Sudeste aponta onda de calor atual, mas destaca que inverno mais frio este ano ajudou a agropecuária em geral

19 Set 2025 - 14h02Por Da redação
Lavoura/Plantão - Crédito: Agência Brasil Lavoura/Plantão - Crédito: Agência Brasil

A chegada de chuvas em boa quantidade em outubro deverá ser decisiva para o futuro da agropecuária de São Carlos e região. Caso a seca perdure no próximo mês, poderemos enfrentar uma nova alta no preço dos alimentos em geral, com risco de quebra de safra. O alerta é do engenheiro agrônomo José Ricardo Macedo Pezzopane, da Embrapa Pecuária Sudeste. Ele é graduado em Engenharia Agronômica pela UNESP, com mestrado em Agrometeorologia e doutorado em Física do Ambiente Agrícola, ambos pela ESALQ-USP.

“A alta nos preços dos alimentos pode ser mais evidente se a estiagem perdurar por mais tempo, principalmente se avançar para o início de outubro. Temos previsão de chuvas no final de setembro e início de outubro. Então, precisamos esperar e ver se estas chuvas vão se confirmar”, ressalta.

Ele destaca ainda que a volta das chuvas será fundamental para o crescimento das pastagens e para que lavouras perenes, como café e laranja, floresçam. “Isso será fundamental para evitar expectativa de quebra de safra para 2026. Essas projeções impactam muito o mercado. Ainda é cedo para falarmos de qualquer efeito. Temos que esperar outubro chegar para termos uma posição mais clara.”

O engenheiro agrônomo José Ricardo Pezzopane: O engenheiro agrônomo José Ricardo Pezzopane: “Ainda é cedo para falarmos de qualquer efeito e temos que esperar outubro chegar para termos uma posição mais evidente”.

Inverno mais frio

Pezzopane também vê pontos positivos no inverno de 2025. “Neste ano, apesar de estarmos numa onda de calor, tivemos um inverno com temperaturas mais baixas do que nos anos anteriores. Isso, de certa maneira, não agravou tanto o problema da seca. O efeito da estiagem é uma combinação da falta de chuva com as temperaturas elevadas, o que acelera a perda de água no solo. Esse impacto fica mais evidente quando temos um inverno mais quente. Como em 2025 tivemos um inverno mais ameno, o problema não foi tão agravado. O risco maior é se a estiagem perdurar até outubro; aí a situação pode se tornar mais grave. Mas, por enquanto, a característica de um inverno com temperaturas mais amenas amenizou um pouco os efeitos da seca”, explica o agrônomo.

Chuvas insignificantes

O especialista lembra que estamos sem chuvas significativas em termos de volume desde junho. “Tivemos alguns eventos de precipitação em julho e agosto, mas todos muito localizados e rápidos. Do ponto de vista agrícola, podemos dizer que estamos há três meses sem chuvas, já no final do período seco. Apesar disso, nesta semana a seca foi mais sentida, com a ocorrência de incêndios. Podemos afirmar que, neste ano, a estiagem não foi tão rigorosa quanto em anos anteriores, principalmente em comparação com o ano passado. O período seco afeta de forma geral, mas podemos dizer que, em 2025, o impacto foi menor. As lavouras, sobretudo as culturas perenes, devem produzir menos este ano em função ainda da seca de 2024.”

Segundo Pezzopane, no caso de café e laranja, a seca, se não for muito intensa, não causa grandes problemas. Ele lembra que as plantas estão numa fase de repouso, aguardando o início das chuvas para florescer e se desenvolver rumo à próxima safra. “Já a cana-de-açúcar e as lavouras de colheita tardia podem sofrer os efeitos da seca e, especialmente, o risco de incêndios. O incêndio não previsto prejudica muito o manejo da colheita. As usinas precisam deslocar equipes e frentes de trabalho, o que complica bastante. Se a seca for intensa, pode afetar também o período de maturação. Nos hortifrútis, a dependência da água para irrigação é total. Já começamos a ter problemas de abastecimento de água e, se ela faltar, a irrigação de hortas e cultivos mais intensivos pode ficar comprometida. Se houver disponibilidade, não é problema”, ressalta.

Silagem

Para a pecuária, tanto de corte quanto de leite, o fim do período seco reduz drasticamente a oferta de pastagens. “Os pastos hoje estão com poucos nutrientes para alimentar os animais. Os produtores precisam recorrer à suplementação alimentar. Isso exige planejamento: é fundamental garantir forragens e silagem ou, então, adquirir esses insumos, que costumam ter custo elevado. Sempre reforçamos que o período seco ocorre todos os anos e a disponibilidade de alimentos diminui muito, especialmente em agosto e setembro. Os pecuaristas têm que se precaver”, orienta.

Refrigeração para aves

Em relação ao frango de corte, Pezzopane aponta que a atual onda de calor exige ainda mais atenção. “Esses animais ficam confinados e precisam estar em ambiente com clima controlado. O resfriamento é essencial. Os produtores precisam estar atentos para evitar mortalidade em caso de falha no fornecimento de energia elétrica. A onda de calor também afeta bovinos, pois altera o metabolismo e os animais gastam energia para dissipar o calor, o que causa estresse térmico.”

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