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sábado, 06 de dezembro de 2025
São Carlos 168 ANOS

Amigos do rei, posseiros e aventureiros criaram uma cidade

História de São Carlos tem início na primeira metade do Século XIX, com a demarcação de três sesmarias

02 Nov 2025 - 15h43Por Marco Rogério Duarte
Amigos do rei, posseiros e aventureiros criaram uma cidade - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

A região começou a ser povoada no final do século XVIII, com a abertura de uma trilha que levava às minas de ouro de Cuiabá e Goiás, o então chamado “Picadão de Cuiabá”. Saindo de Piracicaba, passando por Rio Claro, subindo as escarpas das encostas do planalto e atravessando os campos, matas e cerrados de Araraquara, levas de povoadores se estabeleceram na região.

A história de São Carlos tem início na primeira metade do século XIX, com a demarcação de três sesmarias: a Sesmaria do Pinhal, ao sul; a do Monjolinho, ao centro; e a do Quilombo, ao norte.

Enquanto bandeirantes e outros aventureiros procuravam ouro, dizimando a população indígena que ainda resistia, nobres e amigos da Coroa Portuguesa buscavam se apossar da generosa quantidade de terras que recebiam de presente.

As sesmarias eram terrenos abandonados pertencentes a Portugal e concedidos para ocupação — primeiro no território português e, depois, na colônia, o Brasil — onde o sistema perdurou de 1530 até 1822. Esse regime, utilizado desde o século XII nas terras comunais, consistia em grandes glebas de terra entregues aos amigos do rei, ou seja, portugueses ricos que podiam investir na produção agrícola.

O nome “sesmaria” deriva de sesmar, que significa dividir. Por esse sistema, as terras cultivadas nas comunidades eram repartidas conforme o número de habitantes e, depois, sorteadas. O objetivo era garantir o cultivo das áreas, chamadas de “sesmo” por corresponderem à sexta parte do valor de cada terreno.

Cada sesmaria tinha cerca de 6,5 mil metros quadrados. A mesma medida adotada em Portugal foi posteriormente aplicada no Brasil.

No Brasil, o sistema de sesmarias foi utilizado como forma de garantir a posse do território, já dividido em capitanias hereditárias. As capitanias asseguravam a posse e não representavam custos para a Coroa; contudo, os territórios sofriam com invasões.

Entre os principais problemas enfrentados pela Coroa na regulamentação das sesmarias estavam a obrigatoriedade do cultivo e o estabelecimento de limites territoriais, muitas vezes desrespeitados pelos posseiros.

Os posseiros, a quem os sesmeiros arrendavam as terras, passaram a cultivá-las e a exigir o reconhecimento de seus direitos sobre os territórios. A Coroa fez inúmeras tentativas de regulamentar o problema e, somente em 1822, o sistema de sesmarias foi abolido, beneficiando os posseiros.

ECONOMIA NASCEU COM A PECUÁRIA

A primeira atividade econômica da região, então denominada “Campos de Araraquara”, foi a criação de gado bovino em fazendas. O primeiro cultivo de cana-de-açúcar data de 1825 e, a partir daí, surgiram fazendas mistas, com produção de cana e criação de gado. A lavoura canavieira se consolidaria após 1840, tanto em importância quanto em industrialização.

O grande mercado consumidor e distribuidor dos produtos da região era, à época, Piracicaba. Quando da fundação da cidade de São Carlos, em 1857, havia na região apenas algumas fazendas movidas à mão de obra escrava, dedicadas à criação de bovinos e suínos, além de um incipiente cultivo de cana-de-açúcar.

SURGEM AS PRIMEIRAS LAVOURAS DE CAFÉ

Os primeiros pés de café da região foram plantados em 1831; entretanto, a produção cafeeira só ganharia relevo a partir da abertura da ferrovia, em 1884, concomitantemente à incorporação da mão de obra imigrante no trabalho rural.

Na data de sua fundação, 4 de novembro de 1857, a povoação era composta por algumas pequenas casas ao redor da capela, e seus moradores eram, em sua maioria, herdeiros da família Arruda Botelho, primeiros proprietários das terras da Sesmaria do Pinhal.

São Carlos foi elevada à categoria de vila em 1865, quando a Câmara Municipal foi empossada. Em 1874, a vila contava com 6.897 habitantes e se destacava na região pelo rápido crescimento e importância regional. Em 1880, foi elevada à categoria de cidade e, em 1886, com uma população de 16.104 habitantes, já possuía ampla infraestrutura urbana.

Entre 1831 e 1857 formaram-se as fazendas de café pioneiras, marcando o início da primeira atividade econômica de maior expressão em São Carlos. A lavoura cafeeira chegou à Fazenda Pinhal em 1840 e se espalhou por todas as terras férteis do município, tornando-se o principal produto de exportação.

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