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sexta, 05 de dezembro de 2025
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Economista e produtor comemoram safra recorde de grãos em 2025/26

A expectativa é de um volume total de 353,8 milhões de toneladas; empresário do setor da cana acredita em uma safra não com queda, mas equilíbrio nos preços dos alimentos

21 Set 2025 - 10h09Por Da redação
: Cana de açúcar: ela gera etanol e açúcar e tem a maior área plantada da Região Central  - Crédito: divulgação: Cana de açúcar: ela gera etanol e açúcar e tem a maior área plantada da Região Central - Crédito: divulgação

O recorde histórico da produção de grãos obtido em 2024/2025 deverá ser superado na próxima safra. É o que indica a 13ª edição da pesquisa “Perspectivas para a Agropecuária 2025/2026”, divulgada nesta quinta-feira (18) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com a publicação, sendo confirmadas as expectativas, o volume total a ser colhido na safra 2025/2026 será de 353,8 milhões de toneladas. O resultado é 1% maior do que os 350,2 milhões de toneladas colhidos na temporada 2024/25 – volume recorde para o setor até então.

“A boa perspectiva de colheita para a safra 25/26 é sempre bem-vinda e reflete uma estimativa de 1% superior à de 24/25, que já foi uma boa safra. Entretanto, há de se considerar a questão do aumento de área plantada e produtividade, sendo que a produtividade deverá diminuir 2% na média geral”, afirma o economista Sérgio Perussi.

No caso da soja e do algodão, os números são positivos e, a depender das exportações, poderão ajudar de forma significativa o balanço de pagamentos. Já para o milho, arroz e feijão, a projeção indica leve diminuição — com o arroz reduzindo a área plantada devido à oferta nacional e internacional abundante, e o feijão com produção estimada suficiente para suprir o mercado interno.

Como a soja, o algodão e o milho são commodities, essa produção levemente superior na média pouco deverá impactar os preços no mercado interno, a não ser que condições adversas, além das atuais, surjam no horizonte.

Perussi destaca também que mais área plantada pode significar, em uma primeira análise, maior ocupação do solo, com possíveis efeitos negativos no meio ambiente. “O melhor para o país seria o aumento da produtividade, com tecnologias ambientais sustentáveis. Colher mais usando menos espaço de terra. Mas essa questão depende de análises que os dados não apresentam”.

NÚMEROS CONSERVADORES

De acordo com as perspectivas divulgadas esta semana, o resultado será influenciado pelo aumento na área cultivada, que deve passar de 81,74 milhões de hectares na última safra para 84,24 milhões de hectares no ciclo agrícola 2025/26.
A produtividade média nacional das lavouras está projetada em 4.199 quilos por hectare na temporada 2025/26, redução de 2% em comparação com 2024/25, detalha o levantamento.

SOJA E ALGODÃO

Com relação ao principal produto cultivado no Brasil, a Conab projeta, para a soja, aumento de 3,6% na produção, chegando a 177,67 milhões de toneladas na próxima safra. Na última colheita, foram 171,47 milhões de toneladas da oleaginosa.
O resultado, se confirmado, representará novamente recorde de produção, influenciado pelo aumento da demanda global pelo produto.

A boa rentabilidade e a possibilidade de venda antecipada da produção de algodão têm favorecido essa cultura. A expectativa para a safra 2025/2026 é de crescimento de 3,5% na área semeada. A produção deverá subir 0,7%, alcançando o recorde de 4,09 milhões de toneladas.

MILHO

No caso do milho, há expectativa de redução de 1% da colheita em comparação com a safra 2024/25, mesmo com aumento de área cultivada na primeira e na segunda safra.
Segundo a Conab, esse movimento se deve à expectativa de aumento no consumo interno, “impulsionado principalmente pela demanda do grão para produção de etanol, bem como pela perspectiva de maior procura externa, diante de um possível redirecionamento das compras asiáticas do milho norte-americano para o milho sul-americano, em resposta ao aumento de tarifas impostas por importantes países importadores na Ásia”.

Apesar da maior área semeada, a produção estimada de milho, somando as três safras, é de 138,3 milhões de toneladas. “A queda de produtividade decorre do patamar excepcional registrado na safra 2024/25, beneficiada por condições climáticas amplamente favoráveis”, justifica a companhia.

ARROZ E FEIJÃO

A safra de arroz projetada para o próximo período indica tendência de retração da área cultivada nos principais estados produtores, passando de 1,76 milhão de hectares em 2024/25 para 1,66 milhão de hectares em 2025/26.
O resultado decorre da ampliação da produção nacional e internacional registrada em 2024/25, que gerou excedente de oferta e desvalorização do grão. Também é esperada uma redução de 4,8% na produtividade média nacional, reflexo do patamar excepcional registrado na última safra.

No caso do feijão, é estimada uma produção próxima a 3,1 milhões de toneladas na safra 2025/26, o que, segundo a Conab, assegura o consumo previsto no país.

EQUILÍBRIO NOS PREÇOS

Eduardo Romão, presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Região de Jaú (Associcana) e da Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (ORPLANA), acredita que a próxima safra trará equilíbrio nos preços dos alimentos em geral.

“Das 350 milhões de toneladas de grãos, 180 milhões de soja e quase 140 milhões de milho já somam 320 milhões de toneladas. A soja tem demanda externa: uma parte é usada como proteína, mas a maior parte é exportada. Então, pouco reflete no dia a dia dos brasileiros e do consumidor final”, comenta.

Segundo ele, o milho é mais sensível e tem participação importante na ração animal, mas hoje também representa 25% da produção de etanol brasileiro. “Quando o preço cai, quem produz etanol de milho compra mais e estoca. O milho pode ser processado o ano inteiro, ficando menos exposto à variação de preço. Além disso, os países asiáticos, com a sobretaxa americana, devem reduzir a compra de milho dos EUA e recorrer ao nosso produto. Exportamos geralmente 40 milhões de toneladas. Assim, o milho não deve impactar tanto, acredito que vai andar de lado. Não acredito em queda forte de preço, mas será ofertado, e isso é muito importante”.

Romão ressalta que o arroz teve redução de área plantada: “No ano passado produziu-se um pouco mais. Era 1,77 milhão de hectares e caiu para 1,66 milhão. Houve excedente, o preço caiu e todos perderam. Agora houve ajuste de área, com produtividade menor. Já o feijão é muito específico. É um alimento típico do brasileiro e precisa ser produzido na quantidade que consumimos. A previsão é de cerca de três milhões de toneladas, um pouco abaixo do ano passado”.

Sobre o algodão, o especialista afirma que é essencialmente destinado à exportação. “Temos 4 milhões de hectares, uma bela área plantada, sempre crescendo. O setor tem rastreabilidade e relevância internacional. Enfim, temos que comemorar. Não acredito em queda significativa de preços, mas em estabilidade. Hoje não há preços exacerbados, e isso ajuda a ativar a economia nacional. A presença da agricultura brasileira tem capilaridade muito grande. Já é uma boa notícia”, conclui.

A ORPLANA, presidida por Romão, é composta por 33 associações de cinco estados diferentes, representando mais de 16 mil produtores de cana (80% dos produtores independentes do país), localizados em 500 municípios canavieiros, que fornecem cerca de 70 milhões de toneladas de matéria-prima. (Com informações da Agência Brasil)

Foto: Eduardo Romão: “A excelente safra vai ativar a economia de todo o país, pois a presença de nossa agricultura tem uma capilaridade muito grande, o que já é uma boa notícia”
Foto: Divulgação

Foto: O economista Sérgio Perussi: “A boa perspectiva de colheita para a safra 25/26 é sempre bem-vinda e reflete uma estimativa de 1% superior à de 24/25, que já foi uma boa safra”

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