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quinta, 11 de dezembro de 2025
Gripe aviaria

Mutação em vírus mata milhões de aves e pode causar nova pandemia

Infectologista de São Carlos afirma que não há casos no Brasil

11 Dez 2025 - 08h22Por Da redação
Gripe aviária: Diferentemente do SARS-CoV-2, no entanto, os vírus da gripe podem causar consequências graves, incluindo a morte, em indivíduos saudáveis, não apenas em grupos de risco - Gripe aviária: Diferentemente do SARS-CoV-2, no entanto, os vírus da gripe podem causar consequências graves, incluindo a morte, em indivíduos saudáveis, não apenas em grupos de risco -

Embora o risco ainda seja considerado baixo, uma mutação que permita a transmissão do vírus da gripe aviária (H5N1) entre humanos pode levar a uma pandemia pior do que a de Covid-19. A avaliação é de Marie-Anne Rameix-Welti, chefe do Centro de Infecções Respiratórias do Instituto Pasteur, na França.

O médico infectologista de São Carlos, Daniel Castorino, afirma que, no momento, não há riscos de uma pandemia. “Desde 2003, menos de 1.000 casos foram confirmados em humanos em todo o mundo. Desde essa época, não há casos confirmados em humanos no Brasil”, ressalta.

A enfermeira Lourdes Santana, da Vigilância Epidemiológica de Descalvado, confirma a informação. Ela revela, porém, que a Secretaria Estadual da Saúde está preocupada com o tema e que houve debate nesta terça-feira, 9 de dezembro, na Diretoria Regional de Saúde (DRS) em Araraquara, justamente sobre a gripe aviária.

Sem anticorpos – A população em geral tem anticorpos contra as linhagens H1 e H3, da gripe sazonal comum, mas não para a H5, da influenza aviária, de forma semelhante ao que ocorreu com o SARS-CoV-2, coronavírus causador da Covid-19.

Diferentemente do SARS-CoV-2, no entanto, os vírus da gripe podem causar consequências graves, incluindo a morte, em indivíduos saudáveis, não apenas em grupos de risco, como idosos e pacientes com comorbidades, segundo Rameix-Welti.

“O que tememos é que o vírus se adapte aos mamíferos, e particularmente aos humanos, tornando-se capaz de transmissão de pessoa para pessoa”, disse a pesquisadora à agência Reuters.

O H5N1 é considerado, atualmente, a maior ameaça pandêmica do mundo. “Uma pandemia de gripe aviária provavelmente seria bastante grave, potencialmente até mais grave do que a pandemia que vivenciamos”, afirmou.

No Brasil, o primeiro caso de detecção do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em um matrizeiro de aves comerciais foi confirmado em 15 de maio deste ano pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

A ocorrência levou 42 países a suspenderem temporariamente as importações de carne de frango do Brasil, ou apenas do Rio Grande do Sul ou do município de Montenegro (RS), onde foi confirmado o foco da doença. No dia 18 de junho, o país voltou a ser declarado livre da enfermidade em granjas comerciais.

633 milhões de aves mortas pela doença – Em 20 anos, 633 milhões de aves morreram ou foram abatidas por causa da gripe aviária. Desde que a linhagem viral H5Nx foi identificada, em 1996, na China, várias ondas de transmissão intercontinental do agente patogênico já ocorreram. Em duas décadas, entre 2005 e 2024, a IAAP levou à morte ou ao abate em massa 633 milhões de aves, de acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).

Conforme o último relatório da entidade, divulgado no fim de novembro, foram registrados 1.896 surtos em aves silvestres em 54 países entre setembro do ano passado e outubro deste ano. Em aves domésticas ou de criadouro, as ocorrências chegaram a 1.399 em 52 territórios.

Letal em humanos – Infecções de humanos por H5N1 resultaram em 48% de letalidade. Os primeiros casos em humanos foram diagnosticados em 1997, em Hong Kong, com 18 pessoas infectadas e seis mortes. Todos os genes do vírus eram de origem aviária — ou seja, o vírus foi transmitido diretamente de aves para as pessoas.

Novos casos surgiram em 2003, quando três pessoas de uma mesma família foram infectadas após visitarem a província de Fujian, na China, e duas morreram.

Segundo a OMSA, desde então foram relatados mais de 2,5 mil casos de transmissão de aves para humanos de vários subtipos da gripe aviária (principalmente H5N1, H7N9, H5N6 e H9N2).

Dos 976 casos humanos de infecção por H5N1 confirmados até maio deste ano, 470 — ou 48% — resultaram na morte do paciente.

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