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sábado, 13 de dezembro de 2025
Cultura

Músicos são-carlenses celebram 70 anos do rock e 40 anos do Dia do Rock

Ritmo é, para muitos, muito mais que uma música, mas uma espécie de "atitude", "estilo de vida", "religião" ou até mesmo "uma forma especial de ver e interpretar o mundo".

14 Jul 2025 - 16h05Por Marco Rogério
O guitarrista Lancellotti: As pessoas se identificam pelo som, e tem um elemento que muitas vezes passa batido, mas que é essencial: o riff" - Crédito: divulgaçãoO guitarrista Lancellotti: As pessoas se identificam pelo som, e tem um elemento que muitas vezes passa batido, mas que é essencial: o riff" - Crédito: divulgação

Comemorado pela primeira vez durante o Live Aid, o Dia Internacional do Rock, criado em 1985, completou 40 anos neste domingo, 13 de julho. O Live Aid foi um festival realizado com o objetivo de arrecadar fundos a fim de acabar com a fome na Etiópia. Os shows foram realizados no Wembley Stadium, em Londres (com uma plateia de aproximadamente 82.000 pessoas), e no John F. Kennedy Stadium, na Filadélfia (aproximadamente 99.000 pessoas). Alguns artistas apresentaram-se também em Sydney, Moscou e no Japão.
O ritmo rock é um termo abrangente que define um gênero musical de música popular que se desenvolveu durante e após a década de 1950.
Suas raízes se encontram no rock and roll e no rockabilly, que emergiram e se definiram nos Estados Unidos no final dos anos quarenta e início dos cinquenta, e que, por sua vez, evoluíram do blues, da música country e do rhythm and blues.
Outras influências musicais sobre o rock ainda incluem o folk, o jazz e a música clássica. Todas essas influências foram combinadas em uma estrutura musical simples baseada no blues, que era "rápida, dançável e pegajosa".

MÚSICA QUE TRANSCENDE GERAÇÕES – Tecladista, pianista, cantor e maestro, Wagner Mucillo, da Banda Doce Veneno, abre seu coração e mostra seu amor ao bom e velho rock and roll, que está completando 70 anos desde que foi “inventado” pela dupla Chuck Berry e Little Richard. “O Dia do Rock é celebrado no dia 13 de julho e homenageia o gênero musical rock and roll e suas diversas vertentes. O Dia Mundial do Rock, como é conhecido no Brasil, foi sugerido pelo músico Phil Collins em 1985, em um evento beneficente que marcou a história da música com a participação de grandes nomes do rock. O objetivo desse show era arrecadar fundos para o combate à fome na Etiópia. O rock and roll tornou-se um fenômeno cultural que moldou comportamentos, atitudes e visões de mundo. É uma música que transcende gerações. A paixão pelo rock acontece, sobretudo, na sua capacidade de unir pessoas em torno da música.”

A Banda Doce Veneno, quase cinquentenária, tem o DNA no rock and roll desde 1976, e a primeira música que a banda tocou num palco foi “Oye Como Va”, do guitarrista Santana: puro rock and roll.

LINGUAGEM PARA INTERPRETAR O MUNDO – Para a cantora e violonista Amanda Vergara, o rock vai muito além da música. “De forma direta: o rock definitivamente não é só uma vertente ou estilo musical. É a linguagem pela qual entendo o mundo. Foi pelo rock que fiz amigos, encontrei minha identidade e consegui driblar o bullying. Crescendo, vivia uma fase de descobertas musicais, claro, mas foi ele que me deu abrigo, força e VOZ”, destaca ela.
Ela narra que cresceu com o rock. “Com ele, trilho caminhos que deixariam a Amanda de 10 anos desacreditada (imagina se ela soubesse que toquei com a nossa diva, Pitty?). Conheci artistas incríveis, levei a gente pra espaços majoritariamente masculinos e, lá, encontrei referências que inspiraram a também ocupar nosso lugar, viver os palcos, os holofotes e construir a Vergara”, comenta.
“Olhando para suas raízes, o rock é forte e periférico, abrigando um universo de ideologias — que falam de amor, política, religião e uma infinidade de temas. Todas as músicas e artistas que fizeram parte da sua história trouxeram à tona realidades culturais de suas épocas, reflexões da comunidade em que estavam inseridos. Hoje, quando consumo outros estilos, ele sempre está lá: numa progressão harmônica, num riff com distorção, num drive bem colocado. Sinto ele se perpetuando e acho o máximo! (Quem não conhece o crossover do Edu Falaschi com a banda Calcinha Preta? [risos])”, indaga a artista.
Ser roqueira, para Amanda Vergara, é viver essa energia de todas as formas: descobrindo novas bandas, revisitando clássicos e percebendo aquela nota ou respiração diferente que nunca tinha ouvido, tentando entender a mensagem por trás de cada composição. “Uma coisa é certa: o rock não é – nem será – só uma música. Rock é posicionamento, é expressão. E é exatamente por isso que ele vai continuar exercendo um papel importante na sociedade e tendo um lugar tão especial no meu coração”, conclui.

 

LANCELOTTI E O RIFF – O cantor e guitarrista Rodrigo Lancelotti é outro são-carlense roqueiro de carteirinha. O rock and roll lhe possibilitou conhecer 60 países, do México à China. “Aqui no Brasil a gente comemora com orgulho o Dia Mundial do Rock. Coincidentemente, tenho dois grandes amigos que também nasceram nesse dia. Os dois são baixistas e vocais: o Joy, do Carrão de Gás, e o Maurício, da banda Noise. Talvez nem se conheçam, mas são amigos de épocas diferentes, com quem já tive o prazer de tocar. Cada um com sua representatividade: o Joy, com uma pegada mais hard rock, já passou pelo RPM, banda de nome nacional. E o Maurício com o Noise, que tem um peso internacional. Muito antes da internet, eles já trocavam CDs, fitas, fanzines — era um movimento underground de verdade, e continuam na ativa até hoje. Não posso deixar de mencionar essa galera porque, independente do estilo, do som, do que se canta ou se toca, a veia pulsante é a mesma: paixão”.
Ele também encara o rock como um estilo de se viver e de ver o mundo. “E por falar em paixão, sim — muita gente vive o estilo de vida do rock, mas nem todo mundo que gosta de rock tem esse lifestyle. E tudo bem. Tem bandas que transcendem isso, como AC/DC e Metallica. As pessoas se identificam pelo som, e tem um elemento que muitas vezes passa batido, mas que é essencial: o riff.”
Segundo Lancelotti, o rock é riff. “É o riff da guitarra que marca. O Metallica, por exemplo, é um apanhado de Black Sabbath, Motörhead e Iron Maiden — e eles mesmos reconhecem isso. O riff é o DNA do rock. Um dos riffs mais antigos e reconhecidos é o de “(I Can’t Get No) Satisfaction”. E um dos mais recentes é “Seven Nation Army”, do White Stripes, que até virou canto de torcida. E não dá pra deixar de fora riffs como o de “Iron Man” ou o solo de “War Pigs”.
“Você me entende, né? Isso é rock: reconhecimento imediato. A primeira nota já te joga dentro do universo da música. Esse é o poder do riff. É isso que conecta as gerações.” E, falando em riff, hoje mesmo eu acordei com uma melodia na cabeça — podia ser rock, podia ser outra coisa, mas peguei a guitarra e joguei lá. Porque não para. Essa paixão vem desde moleque, dos 13 anos, e continua até hoje. Tá dentro da gente. A nossa amizade, essa conexão que temos com a música, com o som… isso é parte da nossa história. O rock’n’roll não é minha religião, mas, como diz o Oswaldo: ‘Deus salva… e o rock alivia’. E vou te falar: o rock cura muita ressaca”, reflete ele.

UMA PEGA INTRÍNSECA – Para o baterista e empresário da Banda Quinta Avenida, César Kass, o rock and roll foi um ritmo que marcou toda a história da Quinta Avenida. “Aquela pegada intrínseca. Comemorar o rock nos deixa muito orgulhosos. Desde Chuck Berry, Little Richard e Elvis Presley, passando pelas décadas de 1970 e 1980, com Beatles e Stones, além de Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. Décadas mágicas. Falando em década mágica, o rock brazuca nas décadas de 1980 e 1990 fechou a tampa. Já pensou, cara? Nós tivemos o privilégio de passar nossos dias ao som do Ultraje, Capital, Paralamas, Titãs, Legião Urbana, Charlie Brown Jr., Chico Science, Nação Zumbi e tantos outros, não é, cara? Realmente, para nós foi uma experiência. Por tudo que representa, o rock dispensa comentários. Tem uma legião de seguidores e é, também, uma religião para muitos. E viva o rock and roll”, ressalta o músico.

NIVER NO DIA DO ROCK E CONTO DE FADAS – O cantor e baixista Dioy Pallone completou 46 anos neste domingo, 13 de julho. Embora tenha nascido em 1979 e tivesse apenas 6 anos quando a banda de rock RPM explodiu em sucesso em 1985, em 2018 Dioy foi convidado para entrar no grupo justamente no lugar de Paulo Ricardo, o mais famoso integrante da banda. Ele ficou no RPM até 2024, vivendo uma espécie de “conto de fadas da vida real”.
“Nessa idade que estou e já falando desse tema há muito tempo, já não faz mais sentido explicar ou justificar a importância do rock and roll em minha jornada. Estamos entrelaçados e misturados: vida, arte, música, atitude, enfim. A coincidência da data só brinda algo que, direta ou indiretamente, trilha e influencia boa parte de meus passos. Sempre brinco: não me considero um músico. Sou um roqueiro que usa a música como forma de expressar algo que sinto profundamente e naturalmente, desde criancinha. Me sinto abençoado e sortudo. E isso é tudo!”, destaca ele.

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