O guitarrista Lancellotti: As pessoas se identificam pelo som, e tem um elemento que muitas vezes passa batido, mas que é essencial: o riff" - Crédito: divulgaçãoComemorado pela primeira vez durante o Live Aid, o Dia Internacional do Rock, criado em 1985, completou 40 anos neste domingo, 13 de julho. O Live Aid foi um festival realizado com o objetivo de arrecadar fundos a fim de acabar com a fome na Etiópia. Os shows foram realizados no Wembley Stadium, em Londres (com uma plateia de aproximadamente 82.000 pessoas), e no John F. Kennedy Stadium, na Filadélfia (aproximadamente 99.000 pessoas). Alguns artistas apresentaram-se também em Sydney, Moscou e no Japão.
O ritmo rock é um termo abrangente que define um gênero musical de música popular que se desenvolveu durante e após a década de 1950.
Suas raízes se encontram no rock and roll e no rockabilly, que emergiram e se definiram nos Estados Unidos no final dos anos quarenta e início dos cinquenta, e que, por sua vez, evoluíram do blues, da música country e do rhythm and blues.
Outras influências musicais sobre o rock ainda incluem o folk, o jazz e a música clássica. Todas essas influências foram combinadas em uma estrutura musical simples baseada no blues, que era "rápida, dançável e pegajosa".
MÚSICA QUE TRANSCENDE GERAÇÕES – Tecladista, pianista, cantor e maestro, Wagner Mucillo, da Banda Doce Veneno, abre seu coração e mostra seu amor ao bom e velho rock and roll, que está completando 70 anos desde que foi “inventado” pela dupla Chuck Berry e Little Richard. “O Dia do Rock é celebrado no dia 13 de julho e homenageia o gênero musical rock and roll e suas diversas vertentes. O Dia Mundial do Rock, como é conhecido no Brasil, foi sugerido pelo músico Phil Collins em 1985, em um evento beneficente que marcou a história da música com a participação de grandes nomes do rock. O objetivo desse show era arrecadar fundos para o combate à fome na Etiópia. O rock and roll tornou-se um fenômeno cultural que moldou comportamentos, atitudes e visões de mundo. É uma música que transcende gerações. A paixão pelo rock acontece, sobretudo, na sua capacidade de unir pessoas em torno da música.”
A Banda Doce Veneno, quase cinquentenária, tem o DNA no rock and roll desde 1976, e a primeira música que a banda tocou num palco foi “Oye Como Va”, do guitarrista Santana: puro rock and roll.
LINGUAGEM PARA INTERPRETAR O MUNDO – Para a cantora e violonista Amanda Vergara, o rock vai muito além da música. “De forma direta: o rock definitivamente não é só uma vertente ou estilo musical. É a linguagem pela qual entendo o mundo. Foi pelo rock que fiz amigos, encontrei minha identidade e consegui driblar o bullying. Crescendo, vivia uma fase de descobertas musicais, claro, mas foi ele que me deu abrigo, força e VOZ”, destaca ela.
Ela narra que cresceu com o rock. “Com ele, trilho caminhos que deixariam a Amanda de 10 anos desacreditada (imagina se ela soubesse que toquei com a nossa diva, Pitty?). Conheci artistas incríveis, levei a gente pra espaços majoritariamente masculinos e, lá, encontrei referências que inspiraram a também ocupar nosso lugar, viver os palcos, os holofotes e construir a Vergara”, comenta.
“Olhando para suas raízes, o rock é forte e periférico, abrigando um universo de ideologias — que falam de amor, política, religião e uma infinidade de temas. Todas as músicas e artistas que fizeram parte da sua história trouxeram à tona realidades culturais de suas épocas, reflexões da comunidade em que estavam inseridos. Hoje, quando consumo outros estilos, ele sempre está lá: numa progressão harmônica, num riff com distorção, num drive bem colocado. Sinto ele se perpetuando e acho o máximo! (Quem não conhece o crossover do Edu Falaschi com a banda Calcinha Preta? [risos])”, indaga a artista.
Ser roqueira, para Amanda Vergara, é viver essa energia de todas as formas: descobrindo novas bandas, revisitando clássicos e percebendo aquela nota ou respiração diferente que nunca tinha ouvido, tentando entender a mensagem por trás de cada composição. “Uma coisa é certa: o rock não é – nem será – só uma música. Rock é posicionamento, é expressão. E é exatamente por isso que ele vai continuar exercendo um papel importante na sociedade e tendo um lugar tão especial no meu coração”, conclui.
LANCELOTTI E O RIFF – O cantor e guitarrista Rodrigo Lancelotti é outro são-carlense roqueiro de carteirinha. O rock and roll lhe possibilitou conhecer 60 países, do México à China. “Aqui no Brasil a gente comemora com orgulho o Dia Mundial do Rock. Coincidentemente, tenho dois grandes amigos que também nasceram nesse dia. Os dois são baixistas e vocais: o Joy, do Carrão de Gás, e o Maurício, da banda Noise. Talvez nem se conheçam, mas são amigos de épocas diferentes, com quem já tive o prazer de tocar. Cada um com sua representatividade: o Joy, com uma pegada mais hard rock, já passou pelo RPM, banda de nome nacional. E o Maurício com o Noise, que tem um peso internacional. Muito antes da internet, eles já trocavam CDs, fitas, fanzines — era um movimento underground de verdade, e continuam na ativa até hoje. Não posso deixar de mencionar essa galera porque, independente do estilo, do som, do que se canta ou se toca, a veia pulsante é a mesma: paixão”.
Ele também encara o rock como um estilo de se viver e de ver o mundo. “E por falar em paixão, sim — muita gente vive o estilo de vida do rock, mas nem todo mundo que gosta de rock tem esse lifestyle. E tudo bem. Tem bandas que transcendem isso, como AC/DC e Metallica. As pessoas se identificam pelo som, e tem um elemento que muitas vezes passa batido, mas que é essencial: o riff.”
Segundo Lancelotti, o rock é riff. “É o riff da guitarra que marca. O Metallica, por exemplo, é um apanhado de Black Sabbath, Motörhead e Iron Maiden — e eles mesmos reconhecem isso. O riff é o DNA do rock. Um dos riffs mais antigos e reconhecidos é o de “(I Can’t Get No) Satisfaction”. E um dos mais recentes é “Seven Nation Army”, do White Stripes, que até virou canto de torcida. E não dá pra deixar de fora riffs como o de “Iron Man” ou o solo de “War Pigs”.
“Você me entende, né? Isso é rock: reconhecimento imediato. A primeira nota já te joga dentro do universo da música. Esse é o poder do riff. É isso que conecta as gerações.” E, falando em riff, hoje mesmo eu acordei com uma melodia na cabeça — podia ser rock, podia ser outra coisa, mas peguei a guitarra e joguei lá. Porque não para. Essa paixão vem desde moleque, dos 13 anos, e continua até hoje. Tá dentro da gente. A nossa amizade, essa conexão que temos com a música, com o som… isso é parte da nossa história. O rock’n’roll não é minha religião, mas, como diz o Oswaldo: ‘Deus salva… e o rock alivia’. E vou te falar: o rock cura muita ressaca”, reflete ele.
UMA PEGA INTRÍNSECA – Para o baterista e empresário da Banda Quinta Avenida, César Kass, o rock and roll foi um ritmo que marcou toda a história da Quinta Avenida. “Aquela pegada intrínseca. Comemorar o rock nos deixa muito orgulhosos. Desde Chuck Berry, Little Richard e Elvis Presley, passando pelas décadas de 1970 e 1980, com Beatles e Stones, além de Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. Décadas mágicas. Falando em década mágica, o rock brazuca nas décadas de 1980 e 1990 fechou a tampa. Já pensou, cara? Nós tivemos o privilégio de passar nossos dias ao som do Ultraje, Capital, Paralamas, Titãs, Legião Urbana, Charlie Brown Jr., Chico Science, Nação Zumbi e tantos outros, não é, cara? Realmente, para nós foi uma experiência. Por tudo que representa, o rock dispensa comentários. Tem uma legião de seguidores e é, também, uma religião para muitos. E viva o rock and roll”, ressalta o músico.
NIVER NO DIA DO ROCK E CONTO DE FADAS – O cantor e baixista Dioy Pallone completou 46 anos neste domingo, 13 de julho. Embora tenha nascido em 1979 e tivesse apenas 6 anos quando a banda de rock RPM explodiu em sucesso em 1985, em 2018 Dioy foi convidado para entrar no grupo justamente no lugar de Paulo Ricardo, o mais famoso integrante da banda. Ele ficou no RPM até 2024, vivendo uma espécie de “conto de fadas da vida real”.
“Nessa idade que estou e já falando desse tema há muito tempo, já não faz mais sentido explicar ou justificar a importância do rock and roll em minha jornada. Estamos entrelaçados e misturados: vida, arte, música, atitude, enfim. A coincidência da data só brinda algo que, direta ou indiretamente, trilha e influencia boa parte de meus passos. Sempre brinco: não me considero um músico. Sou um roqueiro que usa a música como forma de expressar algo que sinto profundamente e naturalmente, desde criancinha. Me sinto abençoado e sortudo. E isso é tudo!”, destaca ele.




