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sábado, 06 de dezembro de 2025
Artigos científicos com Kleber Chicrala

Terapia inovadora para tratamento de feridas: vacuoterapia com laser

30 Nov 2025 - 07h57Por Kleber Chicrala
Terapia inovadora para tratamento de feridas: vacuoterapia com laser - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

As feridas na perna decorrem em 75% dos casos devido à insuficiência venosa crônica, 20 % devido à insuficiência arterial, enquanto 5% ocorre devido às queimaduras, anemia falciforme, entre outros. Ainda, a diabetes e as feridas estão intimamente ligadas devido à neuropatia diabética (danos nos nervos que reduzem a sensibilidade) e à má circulação sanguínea, que dificultam a cicatrização e aumentam o risco de infecções, principalmente nos pés.

Existem diversos fatores que contribuem para que o paciente não realize o tratamento de maneira adequada, isto é, medo, desconforto, problemas de pele (como as dermatites), restrições financeiras e recomendações inadequadas transmitidas pelos profissionais de saúde são as principais razões, além da dificuldade que os pacientes apresentam para assimilar e aplicar os ensinamentos curativos e preventivos da equipe de saúde. Estes fatores aumentam o risco de não cicatrizar a ferida ou favorecem o retorno da ferida.

Em relação aos tratamentos, a dificuldade em usar medicamentos tópicos, ocorre devido à péssima aparência adquirida pela ferida, que se torna úmida e dificulta o vestuário, causando certo constrangimento ao paciente em aparecer nos locais públicos, principalmente quando ocorre a demora no processo de cicatrização, ou seja, as lesões estão abertas. Nestas feridas haverá entrada de microorganismos e outros corpos estranhos, muitas vezes de linhagens mais resistentes, responsáveis pela contínua infecção e dificuldade de cicatrização.

Para acelerar o processo de cicatrização de feridas pesquisadores vêm utilizando uma terapia inovadora para tratamento de ferida, que consiste na combinação de vacuoterapia com laser

A vacuoterapia utiliza a ventosa e mecanismo a vácuo para sucção, promovendo a mobilização da pele e dos tecidos adjacentes, como as estruturas vasculares e linfáticas, o que resulta no aumento do fluxo sanguíneo e no aumento do aporte de oxigênio celular para que ocorra a cicatrização. Também, filtra os fluidos e resíduos celulares, diminuindo a inflamação, além de promover drenagem linfática, com eliminação das toxinas. Esta alteração metabólica, faz com que ação da luz seja mais eficiente para acelerar o processo de cicatrização.

O tratamento através da luz é chamado de fotobiomodulação e têm vários efeitos terapêuticos, como a regulação da inflamação, o aumento da vascularização e da síntese de colágeno que acelera o processo de cicatrização, além de promover a ação analgésica. Quando a fotobiomodulação é aplicada com substâncias fotossensíveis (por exemplo: o azul de metileno) adquire o nome de Terapia Fotodinâmica (TFD), que é amplamente utilizada no tratamento do câncer de pele e para inativação de microorganismos (vírus, fungos, bactérias). Neste contexto, a TFD é fundamental para descontaminação de feridas, auxiliando no processo de cicatrização.

A Profa. Fernanda Rossi Paolillo da Universidade do Estado de Minas Gerais

(UEMG), coordena vários projetos financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG - APQ-04648-24; PIB-00018-24; APQ- 01982-23; APQ-03204-22) e, atualmente, promove atendimentos clínicos com este tratamento inovador para cicatrização de feridas, beneficiando a população de Minas Gerais.

Segundo a aluna do curso de Enfermagem da UEMG, Emily Vasconcelos Gonçalves, “o paciente do sexo masculino com 51 anos de idade, insuficiência venosa periférica, linfedema, hipertensão arterial e obesidade apresentava uma ferida que não cicatrizava a 3 meses, realizou 1 sessão de vacuoterapia com laser e na semana seguinte (após 7 dias), surpreendeu a equipe, sua ferida estava cicatrizada e a perna não estava inchada”.

Segundo a Profa. Amanda Conrado Silva Barbosa, docente do curso de Enfermagem da UEMG, “a técnica é promissora e, em 2025, será criado um ambulatório de diabetes na UEMG de Passos/MG, onde a população será beneficiada com este tratamento”.

O projeto também conta com o apoio do Prof. Vanderlei Salvador Bagnato do

Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC/USP) e da Enfermeira Elissandra Moreira Zanchin, Pós-Graduanda em Estomaterapia, Proprietária da Clínica Cicatrizze e Consultora da MM Optics.

Segundo Elissandra Zanchin, “o paciente do sexo masculino com 64 anos, diabético e hipertenso e com indicação de amputação do pé devido à infecção em mal perfurante plantar, existente há 4 anos e meio, também surpreendeu a todos, pois houve a cicatrização após 2 sessões de terapia fotodinâmica com azul de metileno durante a aplicação da vacuterapia com laser”.

Profa. Fernanda Paolillo da UEMG ressalta que para beneficiar a saúde da população, trouxe para Minas Gerais estes modernos tratamentos desenvolvidos no Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF) do IFSC-USP na época do seu Pós-Doutorado financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), sob supervisão do Prof. Vanderlei Salvador Bagnato.

Fontes: Profa. Fernanda Rossi Paolillo; Profa. Amanda Conrado Silva Barbosa e; a discente

Emily Vasconcelos Gonçalves da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) - Unidade de Passos; Elissandra Moreira Zanchin da Clínica Cicatrizze e Consultora da MMO; Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato - Coordenador do CEPOF - INCT - IFSC - USP, e Ms. Kleber Jorge Savio Chicrala - Jornalismo Científico e Difusão Científica - CEPOF - INCT - IFSC - USP

kleberchi

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