Rui Sintra - Crédito: arquivo pessoal Ah!!! O prazer de beber cerveja!… Isso não é só uma bebida. É um estilo de vida, uma terapia líquida, uma celebração efervescente da existência. É como um carinho na garganta depois de um dia longo, quente, confuso — tipo segunda-feira com cara de sexta que foi cancelada. Beber cerveja é uma experiência sensorial completa. Você começa com aquele som celestial - o psssht! - da latinha abrindo, ou da garrafa girando a tampinha, som esse que, se pudesse, seria o toque do meu despertador, porque quem acorda com cheiro de café é adulto funcional. Assim, quem acorda sonhando com a cervejinha do fim do expediente, esse sim já entendeu o propósito da vida. E a primeira golada? Um momento de pura poesia! É como se cada célula do seu corpo gritasse em uníssono: “é isso!”. O cérebro relaxa, o coração desacelera, o fígado começa a suar frio — mas ele aguenta, o guerreiro. Afinal, o fígado é o órgão mais injustiçado da anatomia: trabalha no silêncio, sem reclamar, e ainda leva a culpa de tudo no dia seguinte. Beber cerveja com amigos é como se fosse uma reunião de cúpula da ONU da zoeira: todo mundo fica mais engraçado, as piadas ruins viram ótimas, as danças estranhas viram coreografias internacionais, e as histórias… Bom, essas nunca terminam como começaram. E tudo isso com trilha sonora de risadas, brindes e aquele inevitável “só mais uma”. E tem também o clássico: beber cerveja sozinho, uma forma de meditação. Agora, claro, temos que falar dela - da esposa, essa figura sagrada que olha para a cerveja com a mesma expressão que usaria ao ler um boletim de ocorrência. Ela entra em cena sempre que a geladeira está mais cheia de latas do que de legumes. Com aquele olhar misto de julgamento e resignação, ela pergunta com calma cirúrgica — "mais uma?"; e você, corajoso guerreiro da cevada, responde com um sorriso cauteloso: — "é a última, amor... De hoje." A esposa é quem lembra das contas, do horário, da dieta, da vergonha alheia no último churrasco, mas também é ela quem, no fundo, entende. Afinal, ninguém casa com um bebedor de cerveja achando que vai acordar com um monge budista fitness. Cerveja é democrática - tem a Pilsen do boteco da esquina, que custa menos que uma coxinha gourmet, e tem as Ipas, as Stouts, as cervejas artesanais com nomes que parecem feitiços do Harry Potter (“double hops” “triple fireball” “barrel-aged sour”) e que custam o equivalente a um rim parcelado. Mas tudo bem!!! A gente bebe mesmo assim, porque cerveja é amor em estado líquido. Enfim, beber cerveja é um ato de resistência, uma forma legítima de protesto contra o mau humor, contra o calor, contra a chatice da vida adulta. É brindar à vida, aos amigos, ao churrasco, ao futebol (mesmo quando o nosso time perde — o que, aliás, só aumenta o consumo), e brindar, claro, a nós mesmos. E, se a esposa deixar, brindar até duas ou três vezes mais, porque, no fundo, toda cerveja é um “parabéns” por aguentar mais um dia sem xingar ninguém. E toda esposa é aquela juíza imparcial que permite o brinde... Contanto que você lave a louça depois da festança... Cheers!!!!!!!!!!!!!!!!!!





