
A Prefeitura de São Carlos, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, realizou na tarde desta quarta-feira (22) uma roda de conversa sobre o luto materno e parental, no auditório do Paço Municipal. O encontro reuniu profissionais da saúde, representantes do poder público, especialistas e famílias enlutadas, com o objetivo de promover a conscientização sobre a perda gestacional, fetal e neonatal e fortalecer políticas públicas de acolhimento e humanização.
Durante o evento, Ana Blanco Bianco, mãe enlutada há oito meses, emocionou os presentes ao relatar sua experiência. “O silêncio que nos cerca é cruel. Precisamos ser vistos, ouvidos e respeitados. A dor não desaparece, ela apenas muda de lugar. E quando somos acolhidas, conseguimos respirar um pouco melhor”, declarou.
A representante da Maternidade de São Carlos, Bruna Parreira, destacou a importância da escuta ativa nas instituições de saúde. “O acolhimento começa no olhar, na forma como recebemos essas mães. Não é só sobre protocolos, é sobre humanidade”, afirmou.
O debate também abordou a Lei Federal nº 15.139/2025, que institui a Política Nacional de Humanização do Luto Materno e Parental, e o projeto de lei municipal de autoria da vereadora Raquel Auxiliadora, que busca adaptar a política à realidade local. “Queremos garantir que nenhuma família enfrente essa dor sozinha, e que o acolhimento seja uma política de Estado. É um compromisso com a dignidade, com a saúde mental e com a vida”, disse a parlamentar.
A advogada Indyara Soares Habitzreuter reforçou a importância da regulamentação municipal da política: “A lei federal é um avanço, mas ela precisa ser aplicada na realidade de cada cidade, com protocolos, redes de apoio e campanhas de conscientização”.
Representando a Unimed São Carlos, o médico Ricardo Innecco de Castro ressaltou o papel da rede privada: “O luto não é uma questão exclusiva do SUS. Na rede privada também precisamos rever práticas, oferecer suporte psicológico e garantir que essas famílias não fiquem desamparadas”.
A articuladora da Saúde Materna, Camila de Oliveira Elias, afirmou que o município já trabalha na capacitação dos profissionais. “Estamos desenvolvendo materiais e treinamentos para que cada servidor da rede saiba agir diante de uma perda. O acolhimento precisa ser padronizado, mas também sensível”.
Encerrando o evento, o secretário municipal de Saúde, Leandro Pilha, reafirmou o compromisso da gestão com a pauta. “A aprovação da lei é um marco, mas o verdadeiro trabalho começa agora. Vamos integrar essa política ao SUS e garantir que nenhuma mãe passe por esse momento sem apoio”.
Ao final, Ana Blanco Bianco deixou uma mensagem que resumiu o espírito do encontro:
“Que nenhuma mãe precise gritar para ser ouvida. Que o luto seja reconhecido, respeitado e acolhido. Porque o amor que sentimos por nossos filhos não termina com a perda — ele continua, e merece espaço.”





