Livros do Sebo Outros Contos: mais de 100 livros usados são vendidos diariamente no local - Crédito: divulgaçãoEm 29 de outubro, comemora-se o Dia Nacional do Livro. A escolha da data se deu em homenagem ao dia em que também foi fundada a Biblioteca Nacional do Brasil, localizada no Rio de Janeiro, quando a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para a colônia, em 1810.
O professor, historiador e escritor Ney Vilela não acredita na extinção do livro físico, pelo menos a curto e médio prazo. Ele explica que, antes do livro existir, todo o conhecimento era armazenado no cérebro das pessoas. Por isso, segundo ele, os velhos eram verdadeiras bibliotecas vivas e, quando morriam, boa parte ou quase todo o conhecimento desaparecia. “Por isso, a alfabetização e o livro se tornaram muito importantes, pois o livro acaba eternizando o conhecimento. No começo, os livros eram feitos a partir de argila ou de papiro. Com a invenção do papel e o surgimento dos tipos móveis, esse conhecimento passou a se acumular em bibliotecas, e a humanidade, a partir de cada uma dessas descobertas, deu saltos de conhecimento impressionantes”, comenta.
Segundo Vilela, nos dias atuais há vários sucedâneos do livro que são, obviamente, bem-vindos. “Mas acontece uma coisa: a capacidade do ser humano em reter conhecimentos, mantendo a atenção focada, é limitada. Assim, uma grande quantidade de informações entregues ao mesmo tempo, seja sob a forma de vídeos, seja sob a forma de outros tipos de informação eletrônica, acaba saturando o receptor, que não consegue mais captar e guardar as informações. E, com o passar do tempo, esse lapso de atenção concentrada acaba se reduzindo por conta da comodidade. Hoje em dia é muito difícil que alguém consiga receber informação por mais de um minuto e meio”, destaca.
No que tange aos livros eletrônicos, segundo Vilela, existe outro pequeno problema. “As telas não têm imagem fixa. São pontos brilhantes que se repetem nos mesmos lugares antes que nosso olho consiga perceber esse acontecimento. Se o olho não percebe, o cérebro, de certa maneira, percebe sim. E a leitura pelos meios eletrônicos acaba cansando, provocando sono em velocidade muito grande. Em conclusão, creio que o livro continuará pertinente, importante e fundamental. E a gente torce para que os meios eletrônicos ganhem, a cada dia que passa, mais qualidade e que sejam tolerantes em relação à capacidade de absorção humana.”
100 LIVROS POR DIA – A empreendedora Marilu Calandrin é proprietária do sebo Outros Contos, localizado na região central de São Carlos. Ela afirma que reúne, em seu espaço, cerca de 30 mil livros. Os preços variam entre R$ 3,00 e R$ 5.000,00. Destaca que vende de tudo no sebo: livros religiosos, históricos, de sociologia, biografias e, principalmente, romances e clássicos. “Tenho vendido muitos livros da Editora DarkSide e da escritora Carla Madeira”, comenta.
A média de venda chega a 100 títulos por dia, segundo Marilu. “O livro ainda é um produto caro. Então, o sebo sempre acaba sendo uma boa opção para quem não dispensa a leitura, mas quer economizar.” Entre os livros raros que ela reúne estão uma coleção de quatro exemplares de La Fontaine, que reúne teatro e romance, escritos no século XVIII, aproximadamente na época em que São Carlos foi fundada. Ela também mantém uma coleção do Visconde de Taunay, escrita há quase 100 anos, e outras publicações do século XIX.
HISTÓRIA DO LIVRO – Os livros eram bem diferentes do que são hoje. Para quem está acostumado com obras de boa aparência, revisão ortográfica e capa bem diagramada, vale lembrar que, na Antiguidade, os livros eram feitos de outro modo.
Os primeiros registros gráficos foram feitos em papiro, uma espécie de lâmina retirada do caule de uma planta de mesmo nome, que possibilitava a escrita. Tempos depois, os rolos de papiro foram substituídos pelo pergaminho, feito de pele animal, mais resistente e que podia ser costurado.
O papel surgiu na Idade Média, e os livros, ainda escritos à mão, começaram a substituir os pergaminhos. Em meados de 1455, o alemão Johannes Gutenberg causou uma mudança revolucionária na história da escrita ao criar uma técnica de prensa com uma impressora que reproduzia letras e símbolos em relevo esculpidos em metal. O processo se espalhou rapidamente pela Europa e, logo, pelo mundo.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES – A primeira impressão de um livro por Gutenberg foi a Bíblia. Inicialmente, ele começou a produzir páginas com 40 linhas, mas o custo era alto. Resolveu então utilizar 42 linhas em duas colunas por página. O exemplar foi escrito em latim e teve 1.282 páginas.
No Brasil, o primeiro livro impresso foi Marília de Dirceu, do autor Tomás Antônio Gonzaga, em 1810. Com a chegada da imprensa ao país, as máquinas eram utilizadas para imprimir jornais com notícias de interesse do governo português, que financiava as impressões. Isso fazia com que muitos autores brasileiros optassem por imprimir suas obras em países europeus.
EVOLUÇÃO DO LIVRO – No século XX, começaram a surgir bibliotecas organizadas e a preservação e coleção de livros. Já no século seguinte, as bibliotecas passaram a ser construídas para a frequência de leitores, com o anseio de preservar o livro e ampliar o acesso a ele.
Com o avanço da tecnologia, outro formato de livro ganhou espaço: os digitais. Esses “livros do futuro” não só possibilitam novas publicações em meios eletrônicos, como também reproduzem as mais antigas da história.
Ainda há muitos apaixonados pela forma física do livro, que gostam de marcar páginas, fazer anotações, sentir o cheiro do papel e colecionar títulos. No entanto, a praticidade do meio digital conquistou muitos adeptos, e hoje leitores optam por consumir livros em versões digitais pelo celular, computador, tablets e leitores específicos.
COMO CRIAR O HÁBITO DA LEITURA – Enquanto algumas pessoas são apaixonadas por livros e não passam um dia sem ler, outras têm dificuldade em manter a atenção, embora sintam o desejo de criar esse hábito.
Há quem queira ler mais, mas não consiga manter o ritmo por falta de tempo ou cansaço. Para quem deseja começar, existem várias formas de inserir a leitura na rotina, respeitando os gostos pessoais de cada um.
VEJA ALGUMAS DICAS PARA ADQUIRIR O HÁBITO DA LEITURA:
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Evite cobranças: Lembre-se de que a leitura deve ser um ato de prazer, não uma obrigação. Cada pessoa tem seu ritmo. Para desenvolver o hábito, é fundamental ter prazer no que se lê.
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Entregue-se à leitura: Escolha um local tranquilo, sem interferências, para dedicar-se à leitura. Fazer duas coisas ao mesmo tempo pode reduzir o envolvimento com o livro.
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Estabeleça um tempo diário: Defina um objetivo, como ler por 15 a 20 minutos diários, ou um número fixo de páginas ou capítulos.
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Troque o livro: Se uma leitura não estiver agradável, mude o título ou o gênero. O importante é não desistir.
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Carregue um livro com você: Aproveite momentos de espera, como em filas ou transportes, para ler. Isso ajuda a cultivar o hábito.
IMPORTÂNCIA DA LEITURA – A prática da leitura é extremamente importante para a saúde mental. Além de relaxar, ela estimula a memória e a imaginação, permitindo que o leitor viaje e conheça novos mundos.
A leitura também amplia o vocabulário, melhora a interpretação de textos e contribui para a comunicação no dia a dia. Para estudantes, é essencial na preparação para vestibulares e o Enem, auxiliando na redação e na compreensão textual.
O hábito deve ser incentivado desde a infância. Os pais podem iniciar lendo histórias para os filhos — há muitos livros infantis com conteúdo lúdico e educativo. Com a alfabetização, contos e gibis ajudam a consolidar o costume.
Quanto antes o hábito for adquirido, mais fácil será mantê-lo. Ler desde cedo estimula a imaginação, a criatividade e o raciocínio.
Em 18 de abril comemora-se também o Dia Nacional do Livro Infantil, em homenagem a Monteiro Lobato, escritor que se dedicou à literatura infantil no Brasil.





