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sábado, 06 de dezembro de 2025
Cidade

Inteligência artificial ajudará São Carlos a monitorar o esgoto e prever surtos de doenças

19 Out 2025 - 10h54Por Da redação
A Fapesp passa a apoiar, ao todo, 83 Centros de Ciência para o Desenvolvimento | (Crédito da imagem: Reprodução/CCD) - A Fapesp passa a apoiar, ao todo, 83 Centros de Ciência para o Desenvolvimento | (Crédito da imagem: Reprodução/CCD) -

A pandemia de Covid-19 mostrou o valor de se monitorar o que está no esgoto das cidades. Durante aquele período, a análise de resíduos urbanos se tornou uma ferramenta essencial para detectar a evolução da carga viral. Agora, um grupo de pesquisadores de São Carlos, incluindo o diretor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), professor André Carlos Ponce de Leon Ferreira de Carvalho, quer levar essa ideia adiante, transformando o esgoto em uma fonte contínua de informações sobre a saúde, meio ambiente e qualidade de vida da população.

É com esse propósito que São Carlos sediará um novo Centro de Ciência para o Desenvolvimento (CCD) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), voltado à Saúde Hidrossanitária e Qualidade de Vida (SHQV). O novo Centro tem parceria com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), e será coordenado pelo professor Emanuel Carrilho, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC). Com um investimento de quase R$ 10 milhões, a previsão é que o projeto se estenda pelos próximos 5 anos.  

De acordo com o professor André de Carvalho, as ferramentas de inteligência artificial (IA) serão utilizadas para cruzar informações químicas, biológicas e socioeconômicas, revelando padrões que podem ajudar a prever e prevenir doenças, mapear poluição e orientar políticas públicas. “Estamos falando de um modelo que pode transformar o modo como as cidades monitoram a saúde pública e o meio ambiente. A IA será a ponte entre os dados coletados e as ações que podem melhorar a vida das pessoas”, afirma.

Do esgoto aos algoritmos - O CCD-SHQV vai coletar amostras de esgoto semanalmente em pontos estratégicos de São Carlos e serão georreferenciadas, ou seja, associadas a cada bairro de origem. Cada coleta permitirá identificar a presença de microrganismos, vírus, bactérias, parasitas, hormônios, pesticidas, metais pesados e resíduos de medicamentos. Quando esses dados são cruzados com indicadores de saúde, educação e renda, formarão um retrato inédito da cidade.

“Com essas informações, poderemos antecipar o surgimento de doenças (pandemias), localizar fontes de contaminação industrial e até reconhecer padrões de consumo de substâncias em diferentes áreas da cidade”, explica o professor Carrilho, do IQSC. Segundo o docente, o objetivo é que, ao final de 5 anos, o projeto possa ser replicado em outras cidades, ajudando gestores a tomar decisões mais eficientes e baseadas em dados reais.

Um esforço colaborativo - Além dos professores do IQSC e do ICMC, o CCD-SHQV contará com a colaboração  da professora  Fernanda Aníbal, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), especialista em parasitologia e infectologia; e da pesquisadora Débora Milori, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), responsável pela análise de metais e contaminantes inorgânicos.

O novo Centro também prevê a participação ativa de estudantes de graduação e de pós-graduação, oferecendo bolsas de pesquisa e capacitação em ciência de dados, química ambiental e biologia molecular. “Será uma oportunidade ímpar de formação e de desenvolvimento de métodos analíticos aplicados a um problema real, com impacto direto na sociedade”, conclui o professor Carrilho.

 

O programa da Fapesp - Além do novo Centro sediado em São Carlos, outros 33 projetos foram aprovados no 4º edital do programa Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCD) da Fapesp. A chamada, que prevê um investimento total de R$ 256 milhões, estimula parcerias entre universidades, órgãos públicos, empresas e organizações sociais para gerar resultados científicos aplicados a desafios estratégicos do Estado de São Paulo. Com essa nova rodada, a Fapesp passa a apoiar 83 centros de pesquisa voltados à solução de problemas concretos da sociedade paulista.

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