segunda, 20 de maio de 2024
Em busca da liberdade

Bailarina são-carlense busca apoio para ter cadeira de rodas adaptada

Daiane Machado diz que achou na dança a maneira de superar os obstáculos e levar a vida com mais leveza

14 Nov 2023 - 08h38Por Marcos Escrivani
No palco a leveza de Daya: "me sinto livre. A dança me proporciona isso" - Crédito: DivulgaçãoNo palco a leveza de Daya: "me sinto livre. A dança me proporciona isso" - Crédito: Divulgação

“No palco, me sinto leve. A dança fez com que eu aprendesse a superar os obstáculos do dia a dia”. Com esta frase, a dona de casa aposentada Daiane Andres Machado, 35 anos, tenta mostrar o que a dança lhe proporciona. Casada com Vitor D. Alves, reside no Jardim Bicão. Ela faz uma campanha para buscar recursos para poder dar sequência ao seu sonho e não sentir dores enquanto está no palco.

Conhecida no meio artístico como Daya, nasceu com hidrocefalia (acúmulo de líquido excedente nos espaços normais dentro do cérebro (ventrículos) e/ou entre as camadas de tecido interna e média que recobrem o cérebro) e mielomeningocele (malformação congênita da coluna vertebral do feto que ocorre no início da gravidez).

“Desde criança necessito de uma cadeira de rodas. Não nego que na infância, tudo era difícil. Via as outras crianças brincarem e me sentia presa. Mas cresci e com a ajuda da família, passei a entender as minhas limitações e necessidades”, disse, com muita lucidez.

Em uma entrevista ao São Carlos Agora, Daya disse que, mesmo depois de adulta, sofre com a falta de acessibilidade. “São Carlos é precária neste sentido. Até mesmo nos espaços públicos. O Teatro Municipal (Alderico Vieira Perdidão) não tem acessos para cadeirantes que praticam algum tipo de arte”, disse. “Nos últimos anos, as empresas têm até melhorado neste quesito, mas quando eu trabalhava (assistente administrativo) sofria muito. Os banheiros das empresas por exemplo. Para um cadeirante era praticamente impossível utilizar”, comentou.

No mundo da dança...

Problemas e obstáculos à parte no dia a dia são-carlense, o assunto em pauta é a dança. Daya teve o primeiro contato há 10 anos e em 2013, com 25 anos, começou os ensaios e as coreografias no Espaço Yala Bina, na Redenção. “Hoje eu pratico o ballet clássico, dança do ventre e jazz”, diz, orgulhosa. “Já fiz (e faço) apresentações em teatro e participações em competições representando a minha cidade natal”, disse, ao se referir a São Carlos.

Forma de liberdade

A São Carlos não proporciona a Daya, ao pé da letra o “direito de ir e vir”, devido à falta de acessibilidade, na dança, a bailarina cadeirante encontrou a sua “forma de liberdade”.

“É um momento raro de paz de espírito. Pareço que flutuo no palco, me sinto livre. Eu amo dançar. É descrever, mas aprendi a superar os obstáculos do dia a dia praticando a dança”, afirmou.

Ajuda da sociedade

Com o sonho de continuar a dançar e aprimorar suas técnicas, Daya necessita, entretanto, de uma cadeira de rodas adaptada, própria para a dança. “Ela proporciona mais leveza no palco. É como se o equipamento esteve conectado ao meu corpo e isso faz com que eu faça menos esforço e não sinta muitas dores na coluna”, explicou.

Entretanto, justamente por ser adaptada, a cadeira de rodas em questão é cara e custa aproximadamente R$ 10 mil. Com limitações financeiras, Daya, com ajuda dos familiares e amigos, idealizou uma vakinha virtual e totaliza cerca de R$ 2,3 mil.

Ela faz uma campanha e o São Carlos Agora passou a apoiá-la, tendo em vista a nobre iniciativa. Quem puder (e quiser) ajudar nesta causa, basta entrar em contato com Daya pelo fone (WhatsApp) 16 99609-1719. “Peço a ajuda de todos. Não possui recursos financeiros e por isso peço esse apoio. Sou grata a todos e a Deus por esta oportunidade e pelo apoio do São Carlos Agora”, finalizou a bailarina cadeirante.

Leia Também

Últimas Notícias