Em 20 de outubro de 1938, um ano depois de sua morte, o nome de Elias Salles foi atribuído oficialmente ao largo da antiga capela da Santa Cruz - Crédito: divulgação
Há exatamente 88 anos, no dia 20 de outubro de 1937, o prefeito de São Carlos, Elias Augusto de Camargo Salles, conhecido como Nhozinho Salles, foi assassinado aos 54 anos. Salles exercia o cargo pela terceira vez. O homicídio ocorreu em um confronto armado entre Nhozinho Salles e o comerciante Vicente Celli, que também morreu no tiroteio. O duplo homicídio aconteceu em uma padaria em frente ao antigo Fórum — atual Edifício Euclides da Cunha, hoje sede da Câmara Municipal.
Nhozinho Salles era filho e herdeiro político do Coronel José Augusto de Oliveira Salles. Quando foi assassinado, o prefeito são-carlense também era Capitão da Guarda Nacional e chefe do PRP (Partido Republicano Paulista). Ele foi prefeito de São Carlos nos mandatos de 1917/1920, 1922/1923 e 1936/1937. Suas gestões foram marcadas pela grande popularidade que o político possuía na cidade.
Dívida de pães
A historiadora da Fundação Pró-Memória, Leila Massarão, explica que, ao contrário do que possa parecer, a desavença e a tragédia que tiraram a vida de Nhozinho Salles nada tiveram a ver com política.
“Foi uma disputa pessoal entre os dois, o padeiro e o prefeito. A causa oficial do processo alega uma dívida da Prefeitura, tendo Vicente Celli como fornecedor de pães. Ambos se encontraram em frente ao Fórum Criminal, e Celli teria cobrado o prefeito. Eles se desentenderam e acabaram se matando”, relata Leila.
Ainda segundo a historiadora, ao se ler o processo, aparecem menções a histórias de adultério, mas que logo são suprimidas nos autos.
Prefeito popular
Durante seu mandato, Salles esteve à frente do atendimento às vítimas da epidemia de gripe espanhola entre 1918 e 1920. Era presença constante na Santa Casa e nas casas dos doentes, auxiliando as pessoas no que fosse possível.
Em suas gestões, realizou a compra do Palacete Conde do Pinhal para abrigar as repartições municipais e a Câmara, além de criar o brasão do município.
Em 20 de outubro de 1938, um ano após sua morte, o nome de Elias Salles foi oficialmente atribuído ao largo da antiga capela da Santa Cruz.
Outros assassinatos
Além das oito vidas perdidas durante a Guerra Civil de 1932, o inconformismo entre os são-carlenses causou pelo menos mais duas mortes no rastro da rendição paulista na Revolução Constitucionalista.
Em São Carlos, a hostilização a getulistas terminou em mortes após a rendição de outubro de 1932. O município, no contexto da Revolução de 1930, estava sob intervenção de José Maria de Souza (PSB).
Segundo a Fundação Pró-Memória de São Carlos, uma das contendas envolveu o engenheiro getulista Emigdio Germano Rodrigues Filho, da Cia. Paulista, que, insultado por dois opositores ao governo federal, reagiu atirando. Um farmacêutico de 28 anos reagiu aos disparos e feriu-o mortalmente.
Em outro episódio, no carnaval de 1933, o desfile do grupo Flor de Maio, pela Avenida São Carlos, foi hostilizado pelo público antigetulista, devido ao fato de alguns integrantes da agremiação serem apoiadores do interventor local. Houve luta e intenso tumulto, com invasão da cadeia pública e soltura de presos. Em reação, o prefeito e seus aliados reagiram a tiros. Um dos disparos atingiu um adolescente de 16 anos, que morreu na hora.





