sexta, 26 de julho de 2024
Região

Após dois suicídios na mesma semana, shopping da região instala rede de segurança e tapumes para evitar quedas

06 Mar 2020 - 10h03Por Redação São Carlos Agora
Após dois suicídios na mesma semana, shopping da região instala rede de segurança e tapumes para evitar quedas - Crédito: reprodução Crédito: reprodução
Depois de dois suicídios nos últimos dias, o Shopping Santa Úrsula iniciou, na noite desta quarta-feira (4), a instalação de redes de segurança nos vãos livres do centro comercial. A medida visa impedir novas ocorrências do tipo.
 
Os trabalhos aconteceram durante toda a noite e parte da manhã desta quinta-feira. O centro comercial confirmou ainda que reabriu nessa quinta-feira com os vãos superiores já fechados.
 
O Santa Úrsula informou ainda que “reforça seu pesar e consternação com os  dois casos de falecimento ocorridos nessa semana em suas dependências” e esclarece que “cumpre as normas e legislações vigentes para oferecer segurança a todos os seus frequentadores. Também ressalta que prestou apoio aos familiares e colabora com as autoridades competentes”.
 
“O ShoppingSantaUrsula tem como pilar fundamental a promoção do bem-estar social através de comércio, serviços, lazer e cultura. O shopping se solidariza com a comunidade e com o poder público na busca de apoio a ações e campanhas a favor da vida”.
 
Psicologia
 
Durante toda esta quinta-feira, pipocaram informações sobre outros casos de autoimolação na cidade. Nenhuma ocorrência foi registrada, mas muitas pessoas acabaram caindo nas fakenews.
 
De acordo com a psicóloga Leidiane Maretinez, especializada em atendimento de jovens e crianças, as redes sociais impõem uma pressão muito grande nos jovens. “Essa situação tem muito a ver com quadros de depressão, que tem se tornado um mal crônico. No caso dos jovens, acredito que estamos vivendo a repressão das mídias sociais”, avalia.
 
Ainda segundo a especialista, a falta de relações sociais autênticas e a desvalorização de alguns papeis sociais relevantes contribuem para agravar a situação. “Falta de religião, afeto dos pais, bullying, transtornos alimentares e crises de identidade também estão entre os fatores”, conta.
 
Divulgar é crime
 
Tapumes instalados para impedir acesso aos vãos livres – Foto> Redes Sociais
Segundo o advogado Daniel Pacheco, doutor em direito penal pela Universidade de São Paulo e professor da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP, quem divulga imagens de suicídios ou corpos pode responder criminalmente por vilipêndio de cadáver, artigo que prevê pena de até três anos de prisão, além de multa.
 
“Além disso, no campo ético e moral, a divulgação dessas imagens causam intensa dor e prejuízo aos familiares. Isso fere o respeito aos mortos e pode levar o cidadão a ser condenado na Justiça”, avalia Pacheco. Ele ressaltou, inclusive, que existe a previsão da criação de um novo crime para quem divulga os vídeos no Congresso Federal. “Nesse caso, seria um crime específico”, ressaltou.
 
Pacheco ressalta ainda que é possível, também, que quem agir dessa forma seja processado civilmente pela família por eventuais danos morais. “É uma outra esfera de punição, mas também possível”, disse.
 
Leidiane acrescenta, entretanto, que a divulgação das imagens pode ter um resultado ainda pior: o estímulo a que outras pessoas tenham o mesmo ato.
 
“Muitas vezes as pessoas estão com problemas e acabam vendo uma oportunidade de reconhecimento numa ação extrema. É uma reação humana e, involuntariamente, pode incentivar atos similares. Por isso, é um comportamento que não deve ser reproduzido. Temos que falar sobre o assunto de forma saudável”, informa.
 
Pacheco acredita, inclusive, que, em alguns casos específicos, divulgar os crimes podem ser delito de participação em suicídio. “Se houver a intenção de que, com os vídeos, outras pessoas se suicidem, esse pode ser o caso. Não parece, entretanto, o caso nas ocorrências do Shopping Santa Úrsula”, contou. (Thathi.com)

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