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Qualidade de vida: Pé Diabético (Diabetes Mellitus)

07 Fev 2018 - 05h30Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Diabético é uma complicação do Diabetes Mellitus e ocorre quando uma área machucada ou infeccionada nos pés desenvolve uma úlcera (ferida). Seu aparecimento pode ocorrer quando a circulação sanguínea é deficiente e os níveis de glicemia são mal controlados. Qualquer ferimento nos pés deve ser tratado rapidamente para evitar complicações que possam levar à amputação do membro afetado.

O diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no sangue.

O diabetes acontece porque o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo, ou porque este hormônio não é capaz de agir de maneira adequada (resistência à insulina). A insulina promove a redução da glicemia ao permitir que o açúcar que está presente no sangue possa penetrar dentro das células, para ser utilizado como fonte de energia. Portanto, se houver falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir corretamente, haverá aumento de glicose no sangue e, conseqüentemente, o diabetes.

SINTOMAS

Em qualquer momento que um paciente diabético, na maioria das vezes mal controlada, percebe uma anormalidade no seu pé, seja de sensação, temperatura, cor, deformidade dos ossos do pé ou tecidos dessa região, presença de inflamação ou infecção, micose, dormência, rachaduras no calcanhar, formigamento, arroxeamento nas pontas dos pés, formigamento, e dor, estamos diante da possibilidade de um pé diabético.

Os sintomas mais freqüentes são formigamentos e sensação de queimação (que tipicamente melhoram com o exercício). A diminuição da sensibilidade pode apresentar-se como lesões traumáticas e indolores, às vezes o diabético se machuca e não percebe e essa lesão pode aumentar e infeccionar, ou a partir de relatos, como perder o sapato sem notar.

Sabemos que alguns diabéticos têm uma tendência maior de desenvolver problemas nos pés. Mas alguns fatores vão implicar em maior risco: níveis elevados de glicose e hemoglobina glicada, sinalizando ruim controle da doença, predispõem a mais complicações.

A falta de cuidados com os pés também ocasiona problemas. É importante que o diabético tenha muita atenção ao cortar as unhas dos pés, mantenha-os aquecidos e protegidos sempre, além de escolher sapatos confortáveis.

Devem-se inspecionar os pés todos os dias. Infelizmente, muitas pessoas só percebem que estão doentes quando há o aparecimento de feridas. O uso de sabonetes de glicerina também é indicado para os cuidados com a pele, bem como o banho em água morna. É preciso manter a pele hidratada através de cremes e não se devem usar secadores, por exemplo, sob o risco de queimadura, até mesmo sem perceber.

As unhas devem receber atenção especial. Depois do banho é preciso secar corretamente ao redor delas. Elas devem ser cortadas a cada quatro semanas e, uma vez por semana, serem lixadas. O corte deve ser feito com cortador apropriado e os materiais devem ser limpos e esterilizados. Importante também é não cortar calos, nem usar lixas ou calicidas para removê-los: o ideal é procurar um médico.

O indicado é que as cutículas não sejam tiradas, nem os cantos das unhas cortados. Ao se ir a pedicure é preciso escolher um profissional treinado, avisar que se é diabético e deixar claro como as unhas devem ser feitas. No caso de a unha estar amarelada ou esfarelada é recomendado procurar um podólogo, já que esses são sintomas de micose.

Fazer movimentos circulares com os pés a cada 15 minutos ajuda a manter uma boa circulação sanguínea nos membros inferiores, melhorando a oxigenação dessa área do corpo. Mesmo que isso não previna a neuropatia diabética, diminuem as chances de isquemia e trombose, dois problemas que são comumente associados ao pé diabéticos.

A temperatura da água durante o banho, principalmente em banheiras, não deve passar dos 35°C, já que temperaturas mais altas podem causar leves queimaduras que, no caso de pessoas com diabetes, podem favorecer o aparecimento de úlceras nos pés. Não é preciso andar com um termômetro, mas é preciso medir a temperatura com outra parte do corpo, como o cotovelo ou as mãos. A água muito fria também não é indicada, já que diminui ainda mais a circulação, podendo causar desconforto nas extremidades do corpo de quem tem diabetes.

Outro passo importante para evitar problemas envolvendo machucados nos pés é escolher calçados adequados. "Usar calçados que deixem o pé sem respirar nunca é bom, mas é ainda mais perigoso para as pessoas com diabetes.

Sapatos que causem um desbalanceamento nos pés também não são indicados, já que a concentração de muito peso em poucos lugares dos pés de forma constante pode causar úlceras de pressão.

Andar sempre de sandálias e chinelos, mesmo que causa arejamento nos pés, não é indicado, já que esse tipo de calçado não protege os dedos de impactos e machucados. Frederico conta que, em geral, a primeira parte afetada são os dedos. Por isso, calçados que protegem essa área são mais indicados e é fundamental observar constantemente se os dedos estão com machucados.

Pacientes com diabetes devem evitar ao máximo andar totalmente descalços, mesmo quando estão em casa. Ter sempre um calçado por perto, principalmente ao lado da cama e na porta do banheiro, protege os pés de arranhões, topadas e outras lesões que poderiam levar à formação de uma úlcera.

O famoso escalda pés não é indicado para pessoas que tem pé diabético. Esse hábito deixa a pele bastante frágil e quebradiça, facilitando as infecções causadas por fungos, como frieiras e micoses, que podem virar lesões mais sérias. Não secar bem os pés, principalmente entre os dedos, também é um mau hábito que aumenta as chances da proliferação de fungos.

Mesmo que as úlceras possam se manifestar também na sola e nas laterais dos pés, os dedos são a parte que mais corre risco e, por isso, os cuidados ao cortar as unhas é fundamental.

Segundo a especialista, o principal cuidado é não cortar os cantos das unhas de maneira arredondada. Esse hábito muito comum aumenta as chances de que a unha encrave, problema que pode progredir para uma úlcera. Também é importante lixar as unhas com cuidado, para que elas não arranhem os dedos quando começarem a crescer.

Além disso, em muitos casos, é aconselhado que o paciente não corte as próprias unhas, deixando essa tarefa para um enfermeiro ou podólogo especializado em pés diabéticos.

Os tratamentos para pé diabético têm o objetivo de tratar a circulação, aliviar compressão e proteger as feridas, além de tratar as infecções. Algumas das áreas de maior risco de feridas são os dedos, os sulcos entre eles e as regiões mediais e distais.

Contudo, a melhor forma de tratar o pé diabético é preveni-lo.

A Fisioterapia tem um papel muito importante na prevenção e no tratamento do pé diabético, entre vários recursos a ser usado quando se está com alguma ferida aberta é o laser que auxilia na circulação e na cicatrização da lesão formada, outros recursos da fisioterapia é o trabalho de fortalecimento da musculatura, na propriocepção e na sensibilização.

O fisioterapeuta como membro integrante da equipe multidisciplinar atua intensivamente melhorando a qualidade de vida do paciente diabético. À medida que ocorre a familiarização com os procedimentos fisioterapêuticos, o paciente vai compreendendo a importância deste profissional dentro do tratamento do pé diabético e do diabetes mellitus como um todo.

(*) O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia, atua em São Carlos. Dúvidas e Sugestões: paulinhok10@hotmail.com / Facebook Paulinho Rogério Gianlorenço.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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