sábado, 04 de maio de 2024
Empregos

Exame de suficiência para contadores reprova mais do que a advocacia

Prova aplicada pelo Conselho Federal de Contabilidade, obrigatória para o exercício da profissão, tem baixa taxa de aprovação. Resultado levanta preocupação sobre a qualidade dos cursos oferecidos

24 Abr 2024 - 20h00Por Trevisan Escola de Negócios
Exame de suficiência para contadores reprova mais do que a advocacia - Crédito: Drazen Zigic/Freepik Crédito: Drazen Zigic/Freepik

Assim como os futuros advogados, os recém-egressos da faculdade de Ciências Contábeis precisam passar por uma prova final para exercerem regularmente a profissão de contador. O chamado Exame de Suficiência é realizado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e serve para comprovar o conhecimento mínimo necessário para exercer a atividade.

A prova é realizada duas vezes ao ano e a próximo está marcada para 30 de junho. Na última edição, no segundo semestre de 2023, dos 37.735 candidatos que realizaram a prova, apenas 6.547 foram aprovados (17,34%). Foi o menor índice de aprovação da história desde que a avaliação começou a ser feita, em 2018. Mas, já na primeira edição da prova, apenas 30,16% foram admitidos. Esse índice se manteve acima das 30% nos cinco primeiros exames aplicados, chegando a 38,19% no início de 2020. Desde então, a queda é contínua.

Sem a aprovação no Exame de Suficiência os estudantes de Ciências Contábeis não conseguem obter o registro profissional (emitido pelos conselhos regionais em cada Estado).

“O alto índice de reprovação nas últimas avaliações deve-se à baixa qualidade do ensino da contabilidade no Brasil. Muitas instituições não trabalham para preparar o aluno para o exame”, afirma a professora Suzana Slonzon, coordenadora do curso de Ciências Contábeis da Trevisan Escola de Negócios, que possui uma taxa de aprovação três vezes superior à média nacional, considerando as últimas cinco edições. 

De acordo com a professora, muitas empresas e escritórios de contabilidade até contratam contadores que ainda não tenham o registro. Mas a prática é ilegal e a legislação prevê multas, a proibição de exercer a profissão por até dois anos e, em casos muito graves, até a cassação do registro em definitivo.

“A exigência do registro mantém o nível técnico da profissão. Ser aprovado no Exame de Suficiência é um bônus para profissionais que querem se diferenciar como um profissional altamente capacitado”, explica.

Mas sempre é válido lembrar que mesmo diante de sua complexidade e importância, não é apenas a avaliação aplicada pelo CFC que garante que recém-formados serão bons profissionais. Nos dias de hoje, além de educação e formação, certamente vai se destacar nas empresas aquele contador que saiba reunir em sua carreira conhecimento técnico, habilidades analíticas e de comunicação, foco na resolução de problemas, adaptabilidade e aprendizado contínuo.

“Outro aspecto importante para ser um bom profissional de contabilidade é a capacidade acompanhar os avanços tecnológicos. A inteligência artificial, por exemplo, não vai substituir o trabalho do contador. Mas hoje já temos no mercado ferramentas de IA que podem ser aplicadas no cálculo de tributos, identificação de pontos de auditoria, classificação fiscal de documentos, entre outros exemplos. Aquele que já usa isso seu favor já está vários passos à frente de outros profissionais da área”, conclui.

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