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Complexo de inferioridade: O que é e como se livrar dele

26 Mar 2018 - 04h53Por (*) Bianca Gianlorenço
Complexo de inferioridade: O que é e como se livrar dele - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

Entender o que se passa com nossos sentimentos é o segredo para encontrar o bem-estar interior. Muitas vezes, temos a sensação de que não somos competentes o suficiente para algo, ou ainda, para alguém. E mais do que isso, situações rotineiras acabam nos levando a beira do abismo. Entender que, sentir-se inferior é um complexo, pode te ajudar a reverter a situação e ser mais feliz.

Se situações do trabalho te fazem sentir menos que alguém, se um mulher bonita te deixa tão mal a ponto de desistir de sair, se todos parecem ser melhores que você, significa que você pode ter o complexo de inferioridade. É normal nos sentirmos assim vez ou outra, mas quando a situação leva a loucuras, é hora de procurar ajuda.

A denominação “complexo de inferioridade” foi criada por Alfred Adler (1870-1937), médico psiquiatra, para designar sentimentos de insuficiência e até incapacidade de resolver os problemas, o que faz com que a pessoa se sinta um fracasso em todos, ou em alguns aspectos de sua vida. É o que hoje chamamos de baixa autoestima, que é quando não se tem consciência de seu valor pessoal. A baixa autoestima pode comprometer todos os relacionamentos, seja pessoal, profissional, afetivo, familiar, social. Esse complexo pode ter origem na infância, especialmente em três situações:

1. Rejeição: A criança não encontra na família o apoio necessário para seu desenvolvimento emocional. Muitas vezes, uma gravidez indesejada por exemplo, pode resultar na falta de amor, na falta de compreensão, na falta de carinho – fatores essenciais para a criança desenvolver a confiança. Ou seja, se ela não sente confiança em suas habilidades e não se sente digna de receber amor e afeto dos outros, quando adulta, a tendência é que ela venha a se tornar uma pessoa mais fria, dura, ou extremamente carente e dependente da aprovação e reconhecimento de outras pessoas. Quanto mais necessidade de ser aprovado e reconhecido pelo outro, mais se desenvolve a necessidade de agradar. Isso faz com que as pessoas deixem de ser elas mesmas, tornando-se o que os outros gostariam que ela fosse, ou o que pensa que gostariam, reforçando cada vez mais o sentimento de inferioridade, pois não satisfazem a si mesmas.

2. Mimo: O contrário da falta de afeto também pode resultar em complexo. Isso porque uma criança excessivamente mimada e/ou superprotegida pode desenvolver um sentimento de insegurança, por não sentir confiança em suas próprias habilidades, uma vez que os outros sempre fizeram tudo por ela.

3. Inferioridade Orgânica: Refere-se a inferioridade por conta do aspecto físico, seja ele uma doença ou enfermidade, ou ainda um excesso de peso, por exemplo. A criança que sofre com esse tipo de ‘preconceito’ tende a se isolar, até mesmo por conta do bullying. E isso acontece justamente como fuga da interação com outras crianças por um sentimento de inferioridade ou incapacidade de competir com sucesso com elas.

Obviamente, cada item deve ser tratado de uma forma específica, porém é necessário que exista um incentivo a superação de suas dificuldades.

Esse complexo não é algo raro, pelo contrário, me deparo diariamente com essa questão no atendimento clínico. As pessoas chegam com um grau de ansiedade elevadíssimo, por não confiarem nas suas escolhas, por temerem as suas consequências. Penso que a tendência desse complexo é piorar, hoje em dia as pessoas não toleram as frustrações e quando elas ocorrem, o que é inevitável em alguns momentos, as pessoas não conseguem resolver de forma saudável.

Como se Livrar do Complexo de Inferioridade?

Agora que somos adultos e temos como avaliar tal situação, cabe a nós mesmos revertê-la. A melhor forma é procurar ajuda especializada, como um psicólogo por exemplo. No entanto, atitudes simples podem ajudar no seu equilíbrio emocional:

Faça psicoterapia. A psicoterapia deve ser o primeiro passo para tudo.

Ela identificará as causas desse complexo permitindo que você mude o seu modo de se relacionar com você mesmo!

Evite comparações. A principal característica do complexo de inferioridade é ficar se comparando com outros, ou comparar o seu relacionamento com os de outros. A verdade é que essa comparação nunca é positiva e não vai te fazer se sentir melhor, pois as pessoas são diferentes, possuem necessidades, desejos e históricos de vidas diferentes. Então, quando esse sentimento de comparação chegar, exercite seu cérebro para tomar o controle e mude o caminho de seus pensamentos. A primeira etapa é justamente ensinar a mente a mudar o caminho do pensar.

Compreenda seu histórico de vida e a origem de seu sentimento de inferioridade. Por qual motivo se sente inferior? Não desista, compreenda suas dificuldades e procure enfrentar cada uma delas. Para isso, faça uso de outras ferramentas para olhar a situação. Como você está acostumado a ter esses pensamentos de inferioridade, seu cérebro já anda nessa direção. Então, identificando este percurso, procure agora analisá-lo por outros ângulos. Descubra dentro de você o porquê das coisas, vasculhe sua infância e entenda que só você tem o poder de fazer diferente.

Enfrente o medo. É importante lidar e enfrentar o medo que as pessoas ou situações provocam e compreender que a percepção de si mesmo está baseada na consequência de

fatos que já passaram.

Identifique suas necessidades emocionais. O que você espera receber dos outros pode ser aquilo que não recebeu quando criança de seus pais.

Aprenda com os erros.  Não fique se punindo por ter errado, nem se acomode nas situações. Saia de sua zona de conforto e mude o que deseja!

Valorize sempre suas conquistas. Pare de supervalorizar o que o outro tem ou faz e desvalorizar as próprias conquistas.

(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica. Sugestões: biagian@hotmail.com. Facebook: Bianca Gianlorenço.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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