sexta, 26 de abril de 2024
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Artigo Tati Zanon: Por favor, cure-se!

21 Set 2017 - 07h10Por (*) Tati Zanon
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Durante os últimos três dias dessa semana, as redes sociais estiveram em polvorosa. A razão? A decisão do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, que concedeu uma liminar que, na prática, torna legal "pseudoterapias de reversão sexual", popularmente conhecidas como "cura gay".

Ao ler uma matéria do El país sobre o assunto, na qual foram exploradas também as reações à decisão de Carvalho, algumas análises me vieram à mente. A primeira não é inédita, e quem acompanha meus artigos há algum tempo já está cansado de ler: o discurso de ódio, inclusive daqueles que são contra a decisão. Recuso-me a reproduzir o que li por aí, pois o linguajar das mensagens é para mim tão absurdo quanto o conteúdo que elas tentam passar. Veio daí, então, minha primeira reflexão: é possível discutir algo por aqui- no "aqui" incluso o mundo físico e o virtual? Por que é tão difícil para nós manter a racionalidade e, principalmente, as boas maneiras, quando nos deparamos com pessoas que não pensam da mesma maneira que nós?

E foram justamente essas questões que me levaram à segunda reflexão que, sem querer, tem ligação total com as perguntas levantadas pela primeira: por que é tão difícil para nós respeitar aqueles que não agem da mesma maneira que nós agimos? Vejam bem, queridos, leitores:respeitar não quer dizer compreender nem aceitar.

Tenho algumas opiniões e posicionamentos a respeito do homossexualismo, e não cabe expô-los nesse artigo- e, mesmo que coubesse, eu não os colocaria, pois sei que alguns não teriam a mente aberta o suficiente para entendê-los.

Mas o que questiono a esse respeito é o seguinte: de que maneira a escolha sexual de uma pessoa muda sua vida ou influencia seu cotidiano? Acredito que nada. As cenas de carinho e beijos entre homoafetivos te incomodam? Vire o rosto ou saia de perto! São os "valores religiosos" ou pregações de políticos infelizes que o impedem de respeitar as escolhas sexuais de terceiros? Pense em si próprio e em algumas escolhas que fez em sua vida e na enorme quantidade de críticas, muitas vezes infundadas, que recebeu de outros. Mais do que isso: lembre-se de quantas opiniões absurdas teve de pessoas que não tinham conhecimento de uma causa e do posicionamento defendido ou praticado por você e, muito menos, das razões pelas quais você abraçou certas causas ou defendeu certos posicionamentos. É muito triste ser incompreendido e julgado de maneira superficial e vazia, não é mesmo? Pois bem...

Não gostaria de limitar minha reflexão ao homossexualismo, mas, novamente, gostaria de expandi-la para o seguinte ponto: seríamos muito mais saudáveis e felizes se gastássemos nossas energias tomando conta somente de nossas próprias vidas.

Lembro-me de uma mensagem que li há muito tempo no Facebook, e que achei muito bacana para refletirmos sobre nós mesmos: "Se você pudesse comer as suas próprias palavras, a sua alma seria nutrida ou seria envenenada?". Fico indignada que, em pleno ano 2017, ainda tenhamos que gastar tanto tempo em discutir fatos que, sequer, dizem-nos respeito. Defendamos o amor! Defendamos a solidariedade! Defendamos a paz! Defendamos a honestidade! Quer se engajar em uma cura? Engaje-se na cura de sua própria alma, reavaliando diariamente seus conceitos e pré-conceitos. Pois não se esqueçam que, cedo ou tarde, acabaremos "comendo" nossas palavras. E, quanto mais cedo entendermos que cada um é cada um, mais cedo teremos uma dieta rica para nossa alma.

E você, querido leitor, o que pensa sobre tudo isso? Não se esqueça de deixar seu comentário aqui ou em minha página no Facebook.

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(*) A autora é jornalista e pesquisadora em Gestão do Conhecimento e Sistemas de Informação.

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