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Artigo Edgard Andreazi: Castelos de Cartas

25 Abr 2016 - 14h08Por (*) Edgard Andreazi
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Antes de ser um problema de engenharia, qualidade técnica, responsabilidade profissional, força da natureza, até mesmo conceitos de corrupção, temos que entender que tragédias como estas são os resultados da ganância do ser humano.

Não há nenhuma dúvida de que quando se apresenta muita vantagem em qualquer ato, sempre haverá alguém fragilizado e vitimado por esta vantagem. O Problema maior é que em se tratando de questões públicas, as vítimas nem mesmo estão ou estavam envolvidas diretamente no processo. É o que podemos chamar de vítimas da sociedade.

Mas a questão fica aberta: Quem são os algozes destas vítimas da sociedade?

Os culpados são muitos, e são tantos que cada um tem suas razões para justificar a transferência da responsabilidade para outros. No entanto, a arma do crime é sempre a mesma. A ganância.

Essa não tem preço, os fins justificam os meios. O importante e aparecer na foto.

Mas já está na hora de notar que a irresponsabilidade dos atos a qualquer preço, além de estar saindo muito mais caro, tem comprometido vidas. Inocentes vítimas da sociedade.

Hoje estamos falando dajá famosa ciclovia de São Conrado, mas recentemente tivemos outro caso de desabamento de obra pública, o viaduto em Belo Horizonte.

Obras públicas superfaturadas para impressionar estrangeiros em anos de realização de eventos mundiais que também são geridos com base na corrupção.

Queda de enormes partes das construções da arena Corinthians e do Allianz Parque, igualmente fizeram vítimas fatais.

Não estamos precisando de castelos de cartas.

No auge do regime militar, década de 70, lembro, dos mais velhos comentarem que por ocasião da visita de autoridade internacional, se não me falha a memória a rainha da Inglaterra, a cidade de São Paulo ou Rio de Janeiro se prepararam para receber tal celebridade, instalando tapumes e pintando grosseiramente fachadas de imóveis, onde passaria a comitiva inglesa, diz-se inclusive que daí surgiu a expressão "para inglês ver".

Essa história nunca me saiu da cabeça, são daquelas pérolas que fazem parte das nossas lembranças. Mas imaginei também que só na lembrança ficariam.

Tanto afinamento em discursos políticos, declarações de capacidade técnica e conhecimento, afirmações de austeridade em nome da mãe, dos pais, em nome dos filhos, em nome de Deus e a bandalheira só aumenta.

Para que servem os juramentos públicos que fazemos em nossas formaturas e posses?

Estender a mão sobre a Bíblia e/ou a Constituição deveria ser um ato de maior nobreza.

Este país não merece ser tão desrespeitado. O que vemos nos noticiários diários é de conhecimento em todos os lugares do mundo. Por que se surpreender então quando estrangeiros manifestam uma visão de igual desrespeito? Quando em visita a muitos países desenvolvidos somos tratados como "índios" da América do sul. Na Europa, Italianos, Portugueses e Espanhóis, olham brasileiros com certo receio, de que estamos nos aproximando exclusivamente para discutirmos hereditariedade, e consequentemente eventuais direitos de herança. Muitos estrangeiros vislumbram o Brasil como um paraíso tropical onde reina livre a prostituição. A propaganda é a alma do negócio.

Episódios como estas tragédias que ocorrem cotidianamente no Brasil são os Outdoors da nossa imagem.

Políticos corruptos associados a empreiteiras que financiam os crimes públicos das mais variadas formas, defendidos por um sistema inescrupuloso já viciado nos modos e costumes é a cara do Brasil lá fora.

Igualmente a responsabilidade técnica destas obras públicas, desviam-se as atenções de assuntos com as mais despropositais desculpas. Afirmam que nossa crise econômica financeira e na realidade uma crise política. Eu acredito que não seria risco afirmar que a nossa única crise é moral.

As informações acima são de total responsabilidade do autor. Foto: Divulgação

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