sábado, 20 de abril de 2024
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Opinião: os fatores diretos da violência e da criminalidade

04 Ago 2014 - 10h51
Cap PM Marcelo dos Santos Sançana – Comandante da PM de Porto Ferreira - Cap PM Marcelo dos Santos Sançana – Comandante da PM de Porto Ferreira -

A violência e a criminalidade possuem dois fatores diretos: as drogas e a impunidade. Os demais fatores, tais como a desestruturação familiar, a má educação, o materialismo exagerado, o desemprego, as más companhias, a curiosidade inconseqüente levam inicialmente às drogas (por isso estes são somente fatores indiretos), e a droga sim o fator direto e que leva ao crime. Inclusive, as companhias (“os amigos”) e a curiosidade inconseqüente são os dois principais fatores que levam às drogas (fatores esses constatados pela grande maioria das clínicas de recuperação, independentemente da classe social), e, é bom que se diga, que os principais fatores, como visto, são as companhias e a curiosidade e não são o desemprego, a pobreza e a desestruturação familiar, ao contrário do que muita gente pensa. Por esta razão é que temos visto, atualmente, pessoas de classe média e classe alta ligadas ao crime, e, ao mesmo tempo, vemos milhões de pessoas com baixa renda (mas que não são usuárias) trabalhando dignamente e sem cometer delitos.
                    
A pobreza é até um fator que pode levar à desestruturação familiar, mas não leva diretamente à criminalidade se não levar antes às drogas. As drogas sim é que levam à criminalidade, visto que uma pessoa pobre só se tornará criminosa caso se torne antes uma viciada e não tenha renda para sustentar esse vício.
                  
Já sobre a impunidade tem-se que o combate a esta não depende só da atuação das Polícias, do Ministério Público e do Poder Judiciário, mas também de uma legislação que conceda menos benefícios e um sistema carcerário mais estruturado e que possa receber a quantidade das pessoas presas, seja processualmente ou em caráter definitivo. Cumpre dizer que a melhor prevenção para futuros delitos é retirar de circulação e recuperar um indivíduo viciado em drogas, porquanto se este, após ser libertado, não tiver dinheiro para sustentar o próprio vício, toda vez que deixar o sistema prisional, enorme será a sua chance de novamente ser tragado pelo mundo do crime.
                        
O crime organizado, hoje, é praticamente formado por viciados em drogas que cometeram inicialmente outros crimes para manter o próprio vício, evoluindo posteriormente para crimes mais graves.  Ninguém nasce bandido, mas sim vira bandido depois de ter se viciado antes nas drogas e, por conseqüência, não conseguir, por si só (ou através de seus pais), sustentar esse vício. Dessa forma, a droga é o outro fator direto da criminalidade. Porque hoje em dia até integrantes das classes média e alta têm furtado, roubado ou traficado? Porque algumas pessoas que são de origem, em tese, de uma família estruturada entram no crime? Porque algumas moças, mesmo provenientes de famílias abastadas, se sujeitam a “vender o próprio corpo”? A resposta está no seguinte: sendo um drogado e não sustentando esse vício, o caminho será o tráfico, o roubo, o furto e outros delitos; e se for mulher viciada, também sem renda para se manter no vício, a escolha poderá ser, ao invés do crime, a prostituição, “vendendo o próprio corpo” para traficantes-usuários em troca de meia dúzia de papelotes de pó, pedras de crack ou cápsulas de êxtase.

Então o problema não está no menor ou no maior, o problema está em quem é usuário ou não de droga e não consegue sustentar esse vício. É evidente que o menor aparece mais, pois para ele a impunidade é maior, porquanto para um menor ficar na Febem (normalmente só 6 meses) por furto, por exemplo, a polícia tem que surpreendê-lo várias vezes praticando atos infracionais (furto é delito sem violência ou grave ameaça à pessoa), e quando ele retorna, ainda viciado e sem recurso, reiniciará as suas atividades ilícitas.

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