Celebrado na segunda quinta-feira do mês de março, neste ano no dia 9, o Dia Mundial do Rim é uma data para ressaltar a importância dos cuidados necessários e obter um diagnóstico precoce para doenças relacionadas aos rins.
Em casos graves, a doença renal crônica pode evoluir para estágios que necessitam de tratamentos como transplante renal ou diálise.
Anualmente, a Sociedade Brasileira de Nefrologia coordena no Brasil a Campanha do Dia Mundial do Rim, que tem como objetivos disseminar informações sobre as doenças renais, com foco na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado.
A Santa Casa de São Carlos teve uma média mensal de 2,8 mil atendimentos ambulatoriais de pacientes renais em 2022. O responsável técnico pelo Serviço de Nefrologia da Santa Casa, Doutor Douglas Pinotti, ressaltou a importância de realizar exames periódicos.
“Muitas doenças renais não têm sintomas. Nós chamamos de assintomáticas ou oligossintomáticas, então você não sabe o funcionamento dos seus rins até o dia de fazer um exame. O fato de urinar sem problema não significa que estejam funcionando bem", disse Douglas Pinotti.
Ainda segundo o nefrologista, as doenças que mais provocam problemas nos rins são aquelas mais comuns no nosso cotidiano, a hipertensão e a diabetes, que causam a falência renal e levam os pacientes para hemodiálise.
“Para prevenção, a gente indica fazer exames regulares, uma vez ao ano para ver a saúde dos rins. Também manter uma boa alimentação, atividade física, manter o peso corporal, evitar automedicação e uso abusivo de anti-inflamatório, isso tudo ajuda a manter uma boa saúde renal”, completou o nefrologista.
TRATAMENTO
A hemodiálise é um tratamento realizado quando os rins param de funcionar ou funcionam abaixo do razoável. O benefício é manter o doente renal vivo, uma vez que os rins já não cumprem as suas funções básicas: limpar e filtrar o sangue.
O procedimento ocorre por uma máquina, que libera o corpo de resíduos prejudiciais à saúde, como o excesso de sal e de líquidos, também controla a pressão arterial e ajuda o corpo a manter o equilíbrio de substâncias como sódio, ureia e creatina.
A sessão de hemodiálise, em média, dura quatro horas e deve ser feita três vezes por semana, a depender do caso do paciente. E essa é a rotina da empresária Rosângela Ester Botelho, de 60 anos, há três anos e meio.
Ela descobriu que estava com hipertensão após comer uma carambola e passar mal. Após realizar alguns exames, foi constatado a doença e o problema nos rins. “Não tem previsão de voltar, provavelmente vou para o transplante, estou na fila já, estamos tentando um doador vivo, tem um que está vivo querendo doar, só que estou com um pouco de medo”, disse Rosângela.
A empresária contou que, quando a pressão sobe, é necessário controlar com remédio para não agravar a situação da doença. O tratamento de hemodiálise também impôs algumas restrições no dia a dia que impossibilitam algumas atividades, como trabalhar e dirigir.
”O dia que faço hemodiálise não posso dirigir e também ocorrem muitos desmaios. A gente sai daqui com a pressão baixa. No dia que faço, durmo o resto do dia todo. Não posso fazer nada, fico bem limitada”, completou a empresária.
ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO
A Santa Casa conta com uma equipe de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem para o acompanhamento dos pacientes da Nefrologia. Além disso, há disponível assistente social e psicóloga.
A assistente social realiza avaliação para saber quais pacientes têm demanda para o serviço social e os auxilia. Já a psicóloga faz o acompanhamento psicológico dos pacientes durante o período do tratamento.
De acordo com a coordenadora do Centro Integrado de Humanização, Juliana Tedesco, o acompanhamento dos pacientes é importante, pois eles ficam muito tempo no hospital e criam um vínculo com a equipe.
“Eles expressam a dor física, dor emocional, muitas vezes tristeza, depressão, externam isso para a equipe. Criam um vínculo com a equipe médica e a psicóloga é a profissional mais capacitada para lidar com esse vínculo dos pacientes”, disse Juliana Tedesco.
Para auxiliar essas pessoas em tratamento, a coordenadora contou que existem algumas atividades para desenvolver a humanização e tentar amenizar a dor emocional deles.
“Temos as atividades em que a psicóloga, juntamente com a assistente social e o restante da equipe, desenvolvem. Temos os filmes educativos que são passados, algumas comemorações dos aniversariantes, os bingos. Então essa questão da humanização é muito marcante, muito importante na nefrologia”, completou.
PLANO DE EXPANSÃO DA HEMODIÁLISE
Em 2022, mais de 34 mil pacientes realizaram o tratamento de hemodiálise via SUS no estado de São Paulo, segundo a secretaria estadual de Saúde.
Em São Carlos, o Serviço de Nefrologia funcionou de forma terceirizada durante 30 anos. Em maio de 2019, a Santa Casa assumiu o atendimento e aumentou o número de vagas de 198 para 225, atualmente. Além desse procedimento, o hospital também oferece o tratamento de diálise peritoneal para 8 pacientes.
Atualmente 24 pacientes da região realizam o tratamento em outras cidades, devido a capacidade atual do hospital ter atingido o limite. De acordo com o responsável técnico da equipe da enfermagem da Nefrologia, Elio Vieira da Silva Junior, a Santa Casa busca recursos, junto ao governo do Estado e à iniciativa privada, para ampliação do serviço de nefrologia, a partir da construção de um novo prédio.
“A intenção é aumentar para 300 vagas, melhorar a acessibilidade com uma estrutura nova, moderna, que permite mais segurança na assistência do paciente e conforto. Futuramente, ao executar esse projeto, começar a pensar em ser um centro transportador, iniciando pelo sistema renal”, afirmou Elio Vieira da Silva Júnior.