
No dia 30 de dezembro de 2024, há exatamente 20 anos, o jogador de basquete são-carlense Diego Mendes Modanez, que tinha apenas 20 anos, foi morto a tiros de pistola pelo então promotor de Justiça Thales Ferri Schoedl. O crime ocorreu em Bertioga, em dezembro de 2004.
Além de matar Modanez, o então promotor deixou ferido gravemente o estudante Felipe Siqueira de Souza. O crime ocorreu após uma discussão. As vítimas teriam tecido comentário sobre a namorada do então promotor, que reagiu a tiros.
O crime na Riviera
Os autos do Tribunal de Justiça relatam que por volta das 4h de 30 de dezembro de 2004, Thales Ferri Schoedl se irritou quando ouviu comentário a respeito dos atributos de sua namorada, feitos por um grupo de rapazes.
Na sequência, o então promotor de justiça acusou “em voz alta e asperamente” um dos rapazes de ter incomodado sua namorada. O réu, conforme os autos, sacou sua arma, uma Taurus calibre 380 e efetuou disparos “numerosas vezes”. Diego foi atingido quatro vezes e Felipe, duas.
No dia do crime, Schoedl era um novato promotor de justiça de São Paulo, então com 26 anos. Segundo a versão de Schoedl, os atletas teriam chamado de “gostosa” a sua namorada, de 19 anos e teriam o cercado.
Diego morava em São Carlos e era filho da comerciante Sônia Modanez e de Fábio Pira, ex-craque do time de basquete do Vasco da Gama (RJ) e da Seleção Brasileira.
Absolvição, expulsão e desfecho no STF
Schoedl foi absolvido, em 2008, por 23 votos a 0 pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), já que tinha foro privilegiado à época do crime por ser integrante do MP, decisão revertida 10 anos depois, em 2018, pelo ministro Dias Toffoli, do STF, que determinou a realização de um júri popular para Schoedl, visto que ele já não era mais promotor e que, portanto, não tinha vitaliciedade de tal prerrogativa por ter sido expulso do órgão. O julgamento do acusado ocorrerá no Fórum Criminal de Bertioga, município que foi palco do crime.
O assistente de acusação, o advogado criminalista Pedro Lazarini Neto, afirma que para o afastamento de Schoedl do Ministério Público foram realizadas cerca de 30 audiências. “Quando cometeu o assassinato de Diego, o promotor Schoedl tinha apenas um ano e dois meses como promotor. Estava em período. Quanto ao seu afastamento da instituição, ela nem se deu pelo homicídio que ele cometeu, mas sim pelo baixo rendimento, pois ele faltava muito do trabalho. Ele foi afastado pelo Conselho Nacional do Ministério Público, em Brasília”, explica Lazarini.
O ex-promotor chegou a ser absolvido em julgamento em julgamento realizado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. Na época, ele foi julgado por desembargadores em foro privilegiado. Os magistrados na época consideraram que Schoedl havia agido em legítima defesa.
Todavia, o Supremo Tribunal Federal determinou a anulação da sentença e retorno do processo à Justiça de Bertioga, em função de Schoedl ter sido exonerado do cargo do promotor. A Suprema Corte decidiu que os desembargadores eram incompetentes para julgar o caso.
Assassino é condenado
No dia 3 de junho deste ano, o ex-promotor Thales Ferri Schoedl foi condenado, pelo tribunal do júri, em Bertioga, a mais de nove anos de prisão em regime fechado, pelo assassinato de Diego Modanez, então com 20 anos e pela tentativa de homicídio contra Felipe Siqueira Cunha de Souza, no dia 30 de dezembro de 2004,. A sentença saiu por volta das 22h depois de 12 horas de sessão.
A decisão é histórica, pois é a primeira vez na história da Justiça brasileira que um ex-integrante do Ministério Público é condenado em júri popular. Geralmente, promotores são julgados dentro da própria instituição.
Pena extinta
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) extinguiu a pena imposta ao ex-promotor Thales Ferri Schoedl, acusado de assassinar a tiros o jogador de basquete Diego Mendes Modanez, de São Carlos, no litoral paulista. A decisão ocorreu devido ao vencimento do prazo legal para que o Estado aplicasse a sanção ao réu.
A mãe de Diego, Sônia Modanez recorreu da decisão e afirma que apesar de estar contrariada com a extinção da pena, está também “em paz”. “Ele (Thales Ferri Schoedl) perdeu o cargo de promotor e foi condenado pela Justiça. Estou em paz. Ele (Schoedl) é que vai continuar vivendo no inferno pelo bárbaro crime que cometeu”, destaca ela.