sexta, 26 de abril de 2024
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Rizartrose

16 Mai 2018 - 04h43Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Rizartrose -

Rizartrose é o termo dado à artrose (ou osteoartrose) que atinge a articulação da base do polegar. Esta articulação, denominada de articulação trapézio-metacarpiana, é formada pelo osso trapézio e pela base do primeiro metacarpiano.

Trata-se de uma articulação em forma de sela, intrinsecamente instável, possibilitando assim uma grande amplitude de movimentos, nomeadamente a oponência, um movimento único característico do polegar. Devido a estes fatores, a articulação trapézio-metacarpiana apresenta uma elevada tendência para o desgaste precoce que pode evoluir para o desenvolvimento de artrose, razão pela qual é uma das articulações da mão mais freqüentemente atingidas por esta patologia.

A cartilagem, camada lisa de tecido fibroso que recobre as extremidades dos ossos, permite que estes deslizem facilmente entre si, possibilitando a mobilidade articular livre de atrito. Na osteoartrose, o uso excessivo e a diminuição de nutrição dos tecidos, própria do processo de envelhecimento, irão provocar um desgaste da cartilagem, que causa atritos e danos nas extremidades ósseas e na articulação em si, muitas vezes associadas a processos inflamatórios, numa articulação normal, as superfícies articulares em contacto são revestidas por uma cartilagem integra e lubrificada permitindo às duas superfícies deslizarem entre si sem qualquer atrito, amortecendo o choque e o traumatismo desencadeado pelos movimentos triviais do polegar, na osteoartrose, verifica-se o desgaste progressivo da cartilagem articular com exposição do osso subjacente, sendo fonte de dor, deformidade e limitação da mobilidade do polegar.

A articulação da base do polegar, perto do punho, é responsável por um movimento fundamental, que nos distingue de todos os outros mamíferos, que é a capacidade de oponência do polegar, o que nos permite rodar o polegar, agarrar e manusear objetos com grande destreza.

A rizartrose é bastante mais comum em mulheres que em homens, e geralmente ocorre após os 40 anos de idade. Fraturas ou outras lesões prévias da articulação poderão aumentar a probabilidade de desenvolver esta condição.

causa da rizartrose normalmente é desconhecida, mas sabe-se que esta articulação tem uma grande predisposição para desenvolver desgaste precoce isolado ou em associação com a osteoartrose em outras articulações.

Pensa-se que terá uma etiologia multifactorial para a qual podem intervir:

Fatores intrínsecos, como fatores genéticos e constitucionais, que determinam hiperlaxidez ou hipermoblidade ligamentar, mais freqüentemente encontrada em mulheres;

Causas extrínsecas, como padrões de sobreuso;

Causas pós-traumáticas como fraturas com atingimento da superfície articular, lesões ligamentares e instabilidade.

É uma patologia que afeta mais freqüentemente as mulheres, sobretudo com idade superior a quarenta anos. Nos casos em que os fatores intrínsecos são preponderantes no desenvolvimento da patologia, não é raro encontrarmos rizartrose bilateral.

Como qualquer processo de osteoartrose, os sintomas variam de acordo com a gravidade da doença.

Sinais e sintomas: Dor em atividades que envolvam preensão, tais como virar uma chave, ou segurar num prato, Inchaço e sensibilidade na base do polegar, Uma dor em moedeira após uso prolongado, Perda de força em atividades de preensão, Desenvolvimento de uma proeminência óssea sobre a articulação, Limitação do movimento.

O principal sintoma é a dor na base do polegar, que agrava com a execução de atividades mais vigorosas ou repetitivas, como atividades que envolvam agarrar, pinçar e movimentos de torção. Muitos doentes referem dificuldade em escrever ou realizar outras atividades finas como tocar instrumentos, usar tesouras ou o rato do computador, rodar uma chave, abrir uma garrafa ou a tampa de um frasco. No entanto, nesta fase, geralmente os doentes apresentam uma grande tolerância à dor e desenvolvem mecanismos de adaptação ao seu grau de incapacidade.

Em situações mais graves, a dor pode surgir em repouso, associada a fraqueza, limitação da mobilidade e deformidade da base do polegar. Esta deformidade traduz-se por um alargamento visível da base do polegar que, com o avançar da doença, pode evoluir para uma deformidade global de todo o raio, cujo estado final é um padrão de polegar em zigzag.

Diagnóstico: A história e o exame clínico são habitualmente suficientes para permitir o diagnóstico. A radiografia (raios-X) é importante para confirmar o diagnóstico, avaliar a gravidade e programar o tratamento.

Rizartrose tem cura? A rizartrose, como qualquer processo artrósico, evolui para o agravamento progressivo, pelo que, uma vez instalada, a solução definitiva é apenas o recurso ao tratamento cirúrgico. No entanto, em alguns casos, a doença evolui muito lentamente, os sintomas são escassos e os doentes desenvolvem formas de adaptação que lhes permite controlar a doença apenas com recurso ao tratamento conservador.

Tratamento

Quando o desgaste articular se encontra numa fase inicial, o tratamento conservador tem bons resultados nos casos de rizartrose. O tratamento geralmente inclui:

Gelo na articulação, de cinco a quinze minutos várias vezes por dia

Medicamentos anti-inflamatórios, como a aspirina ou ibuprofeno, para ajudar a reduzir a inflamação e inchaço

Tala de suporte para limitar o movimento do polegar, permitindo que esta recupere mais rapidamente das agressões causadas. A tala pode proteger apenas o polegar, mas também o punho. Esta pode ser usada durante a noite ou intermitentemente durante o dia.

Fisioterapia: inclui mobilizações acessórias da articulação (respeitando o limiar de dor), aplicação de TENS e terapia combinada. A imersão em parafina líquida também é amplamente utilizada, embora os seus benefícios não sejam consensuais.

Como qualquer osteoartrose, esta é uma doença progressiva, degenerativa, e que tende a piorar com o tempo. Quando os tratamentos anteriores não surtirem efeito uma injeção de solução de cortico-esteróides na articulação pode ser tentada. Isso geralmente proporciona alívio por vários meses. No entanto, essas injeções não podem ser repetidas indefinidamente.

Quando o tratamento conservador se revela ineficaz, a cirurgia é uma opção. Este tipo de cirurgia pode ser realizado em ambulatório, e vários tipos de processos podem ser escolhidos. Uma opção envolve a fusão dos ossos da articulação. Isto, apesar de diminuir a dor, causa uma limitação do movimento. Outra opção é retirar parte da articulação e substituí-la por um excerto ou, mais recentemente, por uma prótese. 

À cirurgia deve seguir-se um plano de fisioterapia com aconselhamento de exercícios terapêuticos com o objetivo de restabelecer a força e a mobilidade da articulação.

Com todas as informações passada nesta coluna, o que queremos é que nossos leitores tenham uma melhor qualidade de vida e lembre-se que a prevenção e o diagnóstico quanto mais rápido é o melhor remédio.

O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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