sexta, 26 de abril de 2024
Artigo Rui Sintra

Acendamos velas pelos venezuelanos

16 Jan 2019 - 06h50Por (*) Rui Sintra
Acendamos velas pelos venezuelanos -

Fascistas e ditadores: apesar de em épocas distintas, eles se confundem e se misturam no emaranhado da história contemporânea, onde o apogeu e queda dos primeiros deu lugar à ascensão dos seguintes, que bradam e gesticulam em nome da defesa de ideologias pseudo democráticas feitas por medida, ou de revoluções que só são possíveis graças a um fértil, mas doentio e perigoso imaginário. O caso da Venezuela ultrapassa, em muito, tudo aquilo que eventualmente se poderia imaginar que acontecesse no mundo neste primeiro quarto de século, até pelos exemplos passados, onde milhões morreram e outros tantos ficaram à mercê dos caprichos de poderes totalitários usurpadores de poder. A Venezuela brindou e continua a brindar o mundo com seu governo “revolucionário” ditatorial que entrega a própria população à fome e miséria, exercitando e comandando a violência militar, miliciana e policial contra quem ousa levantar a voz do protesto, promovendo, com isso, o êxodo de mais de um milhão de pessoas.

Embora no passado recente muros tenham sido derrubados e no presente muros se queiram construir, o certo é que esse folclore atual, controlado por equilíbrios de forças coloridas, nada tem a ver com a situação da Venezuela, cujo atual governo granjeou da comunidade internacional um violento asco. Empossado recentemente, pela segunda vez, presidente da Venezuela, apesar de todo o protesto internacional e sem ter seu mandato legitimado nem pelo próprio parlamento venezuelano, à festa de Nicolás Maduro apenas compareceram cinco chefes de Estado, entre eles, o presidente Daniel Ortega, da Nicarágua e Evo Morales, da Bolívia: dos poucos “amigos”, internacionais, Maduro contou também com a presença de Gleisi Hoffmann, “presidenta” do Partido dos Trabalhadores (PT), que, do meu ponto de vista, foi contraproducente não só para sua imagem como para a do próprio partido, que já anteriormente e agora – cada vez mais - sobrevive falando apenas para a própria militância, ou seja, para dentro de casa, para sua plateia. Ao comparecer na posse (?) de Maduro, Gleisi e seu partido sinalizaram de forma inequívoca que estão de acordo e subscrevem as políticas e os métodos adotados por um ditador que vê o mundo virar as costas para si, algo que permite dar razão de sobra a uma sociedade brasileira que decidiu mudar de rumo. Apesar de eventualmente ainda existir algum cepticismo em relação a algumas linhas programáticas do atual governo brasileiro, empossado recentemente, o certo é que, com a atitude de Gleisi Hoffmann (como outras já praticadas), cada vez mais a sociedade brasileira se identifica com a escolha que a maioria dela fez através das urnas. Quanto á nossa vizinha Venezuela, resta acendermos velas por seu povo.

(*) O autor é Jornalista profissional / Membro da GNS Press Association (Alemanha) / Correspondente internacional freelancer.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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