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Em entrevista, mãe de adolescente são-carlense faz alerta sobre o jogo 'Baleia Azul'

20 Abr 2017 - 14h01
Foto Divulgação/Facebook - Foto Divulgação/Facebook -

A princípio, nada de anormal, até ter conhecimento que seu filho foi uma das vítimas do jogo virtual "Baleia Azul" que viralizou nas redes sociais e faz com que jovens cumpram etapas, entre elas de auto-mutilação e que pode chegar até o suicídio.

A mãe de um adolescente que reside em São Carlos e estuda em uma escola particular, concedeu entrevista ao São Carlos Agora.

Emocionada e abalada com o momento que a família passou, respondeu a algumas perguntas formuladas pela reportagem. Mostrando muita coerência e educação, a mãe, bem como o filho tiveram os nomes preservados, pois o intuito da matéria é no sentido de alertar às famílias são-carlenses sobre tal jogo que coloca em risco a vida de jovens e consequentemente pode abalar a estrutura de uma família.

Inicialmente, a mãe relatou que não notava nada de anormal em seu filho que tinha uma vida saudável, além de ser um aluno exemplar. Ela acredita que acabou sendo induzido por um programa de computador.

Afirmou ainda que houve muito diálogo e conscientização e que o problema foi superado. Mas fez alertas para os pais no sentido de se atentar quanto ao dia a dia dos filhos.

A ENTREVISTA

SÃO CARLOS AGORA - Como era o comportamento do seu filho? Ele ficava muito tempo na net?

MÃE - O PC faz parte da vida dele, assim como de todos adolescentes da sua idade. Lá ele pratica joguinhos online, com pessoas "virtuais" do País todo. Acompanha também muitos seriados, Youtube. Enfim, nada anormal até aí. O que ele começou a mudar como hábitos ultimamente, foi acompanhar esta "onda" de assistir filmes de terror. Eu particularmente tenho pavor, não assisto jamais. Mas recordo que isto era comum entre os jovens da minha geração. Naquela época, os filmes famosos eram a série do "Sexta Feira 13", "Massacre da Serra Elétrica", entre outros. Assim como as gerações, seguintes, também compactuaram desta fase da adolescência, por ai, veio Chuck, o boneco assassino, e muitos outros.

SCA - Você não percebia nada de diferente?

MÃE - Até então, portanto, o comportamento dele não me levava a nenhum "alerta".

SCA - Nos estudos, era um garoto aplicado?

MÃE - Meu filho tem ótimas notas no colégio, é um garoto muito culto para a idade dele, um garoto maduro. Conversa com propriedade sobre os assuntos. Nunca mostrou quadro de depressão, de apatia. Gosta muito de atividades físicas.

SCA - Como foi que descobriu que ele era um adepto ao jogo Baleia Azul?

MÃE - O susto, o pânico, a dor, o desespero, com o ocorrido, me fez pesquisar, ler tudo a respeito, sobre o que leva um jovem a se mutilar. Através de conversa com a psicóloga da Prefeitura, e também com a diretora do colégio soube que estas ocorrências de mutilação nos adolescentes, tem sido diária na nossa cidade, isto é assustador. Mas não obtive a resposta, do que leva um jovem a praticar uma atitude assim. Continuei pesquisando, e cheguei a algo ainda mais assustador. Você já ouviu falar em IA? Em chatbot? Vou tentar te explicar, com um exemplo, quando você entra na internet, para pesquisar o preço, de um tennis, o que acontece depois? Todos os sites que você abrir depois, todas as páginas, vão te oferecer diversos modelos, preços, ofertas de tênis. Chega a ser uma "pressão psicológica" o que passamos. Você começa a ser INDUZIDO a comprar aquele objeto, seja ele qual for. Num momento de "distração", você acaba comprando o tal tênis, mesmo que depois, pense: não devia ter feito isso. Esta parcela vai pesar no meu cartão de crédito. A culpa não foi sua. Foi INDUZIDO. Já o Chatbot, é um programa de computador que tenta simular um ser humano na conversação com as pessoas. A criação de um chatbot para as finalidades propostas pelo Baleia Azul seria algo tão simples, quanto implementar um assistente robótico para apoiar a venda de um tênis. Existe, portanto, uma considerável possibilidade de haver "chatbots", induzindo os jovens usuários de games, a praticarem mutilações, e até mesmo chegar ao suicídio. Este tipo de "hacker" são pessoas com perturbação mental, pessoas com propensão mórbida.

SCA - Hoje, após tudo se tornado as claras, qual o comportamento dele?

MÃE - Meu filho levou um susto, pela repercussão, era para ser algo fechado, recluso. Ele, um garoto discreto, se viu exposto. Tenho certeza que ele não voltará a praticar tal ato.

SCA - Qual procedimento tomou?

MÃE - Não tomei atitude nenhuma radical, após o lamentável acontecimento, pois sempre me coloco no lugar do outro.

SCA - A sua tendência é ficar mais próximo a ele?

MÃE - Meu filho não merece castigo, e sim merece conversa, discernimento para entender o quão grave foi o ocorrido.

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