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Polícia Militar divulga boletim alusivo aos 80 anos da Revolução Constitucionalista de 1932

06 Jul 2012 - 14h56

Em conformidade com o artigo 284 da Constituição Estadual, comemora-se anualmente, no período de 03 a 09 de julho, a Revolução Constitucionalista de 1932.

Neste ano estamos comemorando o 80º (octogésimo) aniversário da eclosão do Movimento Constitucionalista de 1932. Episódio que deve ser reverenciado por se tratar do mais amplo movimento de opinião da história do País e do mais importante movimento cívico militar de toda a história bandeirante. As origens do movimento remontam a outubro de 1930, quando uma revolução liderada por Getúlio Vargas instalou o governo provisório, a Constituição foi suspensa e implantou-se uma ditadura repressora e brutal.

São Paulo foi ocupado por forças federais e passou a ser governado por interventores militares oriundos de outras Unidades Federativas. Assim, a 28 de abril de 1931, um grupo de jovens Oficiais da Força Pública tentou, sem sucesso, modificar os acontecimentos. Foram presos e encarcerados em condições degradantes, mas o exemplo frutificou.

Foi a partir de 25 de janeiro de 32, quando da realização de um grande comício na Praça da Sé, que a opinião pública passou a exigir, nas ruas, à volta do Brasil à ordem democrática. Manifestações ainda maiores aconteceram nos meses subsequentes e a 23 de maio, uma grande passeata contra a ditadura entrou em conflito armado na praça da República, esquina da rua Barão de Itapetininga, na Capital do Estado. Quatro jovens foram metralhados e mortos por adeptos da ditadura: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Um quinto - Alvarenga - morreria semanas após, e seu nome não seria incorporado à sigla que a História consagrou. Das iniciais de seus nomes formou-se a sigla: MMDC, que deu nome à entidade que passou a preparar, secretamente, a luta armada contra a ditadura.

Nos instantes turbulentos de 23 de maio, o Embaixador Pedro de Toledo (Interventor e, mais tarde, Governador do Estado por aclamação do Povo Paulista) buscou o Tenente Coronel Júlio Marcondes

Salgado, conduzindo-o, na madrugada de 24, a assumir o Comando Geral da Força. Promovido a Coronel, Marcondes Salgado seria um dos grandes sustentáculos do movimento.

No dia nove de julho de 1932 irrompeu em São Paulo o Movimento Constitucionalista, que recebeu esse nome por se tratar de um movimento cívico-militar que buscava fazer cessar as humilhações impostas a São Paulo e a devolver a democracia e a ordem constitucional ao Brasil. Nessa luta brutal, que durou quase três meses, São Paulo e Mato Grosso, isolados de seus contatos, viram-se frente a frente com um oponente muito mais poderoso militarmente, pois a ditadura mobilizou todo o país em uma espécie de cruzada patriótica.

Isolado de seus contatos em território nacional e no exterior, São Paulo promoveu a mais formidável mobilização de voluntários da história do Brasil: Em poucas semanas, mais de 100.000 (cem mil) voluntários correram aos postos de alistamento. Cerca de 22.000 civis pegaram em armas como voluntários para defender São Paulo.

A espinha dorsal dessa força foi composta, basicamente, por 9.000 homens da Força Pública (hoje: Polícia Militar do Estado de São Paulo) e por 3.000 militares das unidades do Exército Brasileiro sediadas em São Paulo. Os militares profissionais treinavam os voluntários e os quartéis da Força Pública foram rapidamente convertidos em centros de instrução militar. Mesmo policiais militares inativos - caso do ex-Comandante Geral Pedro Dias de Campos - apresentaram-se para a luta. A indústria paulista foi rapidamente adaptada e passou a produzir capacetes, veículos, lanchas blindadas, armas, canhões, munição, para-quedas e tudo aquilo que era necessário. Três trens blindados foram construídos e, guarnecidos por efetivos do Corpo de Bombeiros e espalharam o terror e a morte entre os adversários adeptos a Getúlio Vargas e a falta de armamento e munições estimulou a criatividade dos engenheiros paulistas, que transferiram artilharia de costa para vagões ferroviários, minaram o porto de Santos e desenvolveram a matraca, uma caixa de ressonância com manivela, que produzia um som similar ao de uma arma automática.

Durante dias, avanços de forças ditatoriais superiores numericamente foram detidas, recorrendo-se a essa estratégia, que era quase um brinquedo. As mulheres costuravam fardas, atuavam como enfermeiras e cozinheiras, teciam blusas de lã, enviavam cartas de estímulo aos soldados e, comprovadamente, foram também lutar nas trincheiras. A mobilização do povo paulista chegou ao extremo da "Campanha do Ouro", quando grande quantidade de ouro e joias foram doadas para auxiliar as vítimas da revolução e para comprar armamento no Exterior. Quem não tinha outras joias, trocava sua aliança de casamento por um simples anel de ferro, aonde vinha inscrito: "DEI OURO PARA O BEM DE SÃO PAULO".

O tributo de sangue pago pela Força Pública foi significativo: Um terço dos mortos paulistas, ao final do conflito, eram oriundos das fileiras da Polícia Militar. Dentre eles, destacamos o Coronel Júlio Marcondes Salgado e o Capitão José Marcelino da Fonseca. Como as forças da ditadura eram muito mais poderosas, São Paulo, exaurido militarmente, viu-se obrigado, a 02 de outubro de 32, a render-se e foi nomeado um interventor para São Paulo.

Apesar da rendição, os objetivos foram alcançados, pois em 1934, uma nova Constituição democrática foi sancionada e a democracia foi restaurada. Assim, como a causa que São Paulo defendeu foi vitoriosa, os paulistas foram os vencedores morais da revolução. Na verdade, houve um vencedor único, que foi o BRASIL.

Desde então, todos os anos, no dia 09 de julho, no Estado de São Paulo, ocorrem os tradicionais desfiles cívico-militares, em que se festejam a luta de São Paulo por um Brasil unido, forte e livre. E os Veteranos que lutaram em 1932 também participam do desfile, quando recebem os aplausos e o carinho de seu povo agradecido. O Comandante Geral da Polícia Militar tem o honroso cargo de Presidente do Conselho Supremo da Sociedade Veteranos de 32 - M.M.D.C., entidade que congrega os Veteranos e se incumbe de preservar a memória e os ideais de 09 de Julho. A Força Policial Bandeirante tem orgulho de ombrear-se às mais tradicionais instituições do Estado de São Paulo, todas legítimas herdeiras das tradições constitucionalistas, razão pela qual, no que lhe compete, a Polícia Militar sustenta e cultua seus vultos e zela pela perpetuação dos ideais de 32.

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